Análise: MOBILE SUIT GUNDAM SEED BATTLE DESTINY REMASTERED nos coloca no meio dos conflitos entre os robôs gigantes de ZAFT e da Aliança

O jogo de ação baseado em Gundam SEED está de volta, para PC e Switch.

MOBILE SUIT GUNDAM SEED BATTLE DESTINY REMASTERED
é o mais novo jogo da tradicional franquia de ficção científica com robôs gigantes Gundam a chegar ao Ocidente. Originalmente lançado apenas no Japão no PS Vita, Battle Destiny agora está disponível também em inglês. Mas como é a experiência do jogo?

Coordinators vs. Naturals

Battle Destiny é um jogo de ação no qual controlamos os mobile suits (robôs) da linha Gundam SEED, um AU (universo alternativo) iniciado com uma série de TV em 2002. A obra cobre tanto eventos do anime original quanto de sua sequência, SEED Destiny, além de trazer um pouco dos elementos de seus spin-offs, como SEED Astray.

Para quem não conhece, SEED é uma das várias linhas narrativas da franquia Gundam, trazendo uma sociedade em que humanos geneticamente modificados chamados “Coordinators” coexistem com os “Naturals” (que não tiveram esse procedimento). As disputas políticas e os questionamentos éticos envolvendo essa condição impulsionam a criação de grupos radicais e um conflito de grandes proporções entre as colônias espaciais e a Aliança da Terra.

Kira Yamato, um jovem Coordinator, acaba sendo forçado a participar da guerra após ter visto um segredo militar de alta confidencialidade da Aliança da Terra. Conforme a história avança, vemos vários conflitos e Kira assume uma posição central na busca pela paz, junto com Lacus Clyne, filha do presidente supremo da PLANT (a nação que reúne o comando de várias colônias espaciais). Dois anos após o término dos conflitos, uma nova guerra é estabelecida levando os personagens novamente ao campo de batalha, assim como novos indivíduos.

Em um resumo bem rápido, esse é o pano de fundo de SEED e é a base do que acontece no jogo. No fim das contas, porém, não há um esforço para apresentar os detalhes para os jogadores, e até mesmo quem viu a série pode ficar um pouco confuso com os detalhes, pois Battle Destiny apresenta apenas pequenas falas e descrições de uma página corrida para poucos eventos históricos muito significativos.

Mesmo em termos de obras de anime que fazem apresentações corridas da história, o jogo ainda se compara negativamente. Como resultado, esta é uma péssima forma de adentrar o universo para quem não conhece bem a obra original, então é necessário conter as expectativas: o foco aqui é inteiramente no combate.

Entre facções

Começamos o jogo criando o nosso próprio personagem e seu companheiro. Ambos serão opções jogáveis que teremos sempre à nossa disposição, enquanto os outros aliados podem variar com o progresso. Além de dar um nome para o personagem, podemos escolher entre uma lista de rostos que, curiosamente, afetam as competências do personagem em seus vários atributos e passivas iniciais (embora esse valor possa ser alterado).

Nosso personagem pode ser um Coordinator ou um Natural e, dependendo da opção, pode aliar-se à ZAFT (que não conta com guerreiros Naturals) ou à Aliança. Essa escolha mudará a quais fases teremos acesso e há alguns pontos da história em que é possível mudar de lado para a facção Archangel, seguindo a ordem de eventos do anime.

A ideia poderia até ser uma boa forma de dar ao jogador pontos de vista diferentes do conflito, mas, como mencionei anteriormente, a trama é um ponto praticamente descartado do jogo. Para piorar a situação, mesmo com as mudanças, a sensação geral é a de que todas as fases são “mais do mesmo”, sendo bastante repetitivas, não oferecendo grandes variações nos objetivos e tendo um design de ambientes que acaba sendo amplo, vazio e mal aproveitado.

A guerra nunca muda

Seed Battle Destiny Remastered é um jogo de ação baseado em fases. Conforme concluímos a missão disponível, liberamos outras opções de forma linear e cronológica. É possível jogar as áreas já abertas quando quisermos, o que é especialmente útil para quem quiser melhorar sua performance e ganhar pontos para dar um upgrade nas suas máquinas.

Dentro da batalha, temos uma arena relativamente grande em que é possível se movimentar de um lado para o outro em busca dos inimigos. Podemos usar ataques corpo a corpo e de longa distância, correr e pular com apoio de propulsores, mirar em um inimigo específico e gastar pontos acumulados com os ataques para usar golpes mais poderosos. Também dá para direcionar o nosso parceiro para que use uma ação específica.

Mudar de arma no jogo pode ser um tanto demorado e travado, o que afeta tanto intercalar o uso de armas secundárias de longa distância quanto sair de um combo físico. Não há um “cancelamento da animação”, deixando o processo de ataque com uma sensação mais rígida do que o que é comum em um jogo dinâmico de ação. 

Outro fator que pode atrapalhar é a câmera, que não acompanha adequadamente alguns inimigos com o target-lock ligado, devido às movimentações verticais pelo cenário. As áreas, de uma forma geral, são grandes e acabam sendo bastante vazias, já que há poucos pontos de interesse.

Nas áreas em que há uma tentativa de adicionar elementos como prédios e outros obstáculos para contornar esse problema, a IA dos inimigos se mostra bastante ineficaz, ficando presa batendo nas paredes. O problema também se agrava em áreas que envolvem a defesa de um determinado aliado (geralmente uma das naves relevantes da história), já que o ponto de spawn em caso de morte pode ser muito afastado de onde elas estão com o movimento e pode não dar tempo de retornar a tempo se o inimigo estiver concentrando seus ataques na unidade que devemos proteger.

Com isso, as fases alternam entre longas áreas abertas e outras com obstáculos pouco interessantes, o que deixa tudo repetitivo e monótono com o tempo. Isso se torna ainda pior quando levamos em consideração a pouca variação de objetivos, que geralmente envolvem apenas eliminar todos ou certos inimigos, com algumas missões que também exigem proteger um aliado ou pontos de interesse. Há ainda uma opção de missões “versus” contra a CPU em que podemos definir pilotos e mobile suits já liberadas, mas é apenas uma pequena mudança de ares e os problemas persistem.

Em busca de melhorias

Inicialmente, temos apenas um mobile suit e as nossas vitórias liberam outros pilotos e uma ótima variedade de máquinas com variações de poder e equipamento. Um detalhe interessante é que alguns ataques à distância possuem um sistema de correção de trajetória para atingir o inimigo em uma posição um pouco posterior de acordo com a sua locomoção atual, ajudando a lidar com as mudanças de coordenadas. Dominar o uso desse sistema pode ajudar muito no combate, mas nem todas as opções de longa distância são assim.

De forma geral, cada mobile suit tem uma estrutura fixa de habilidades e o que o jogador pode fazer é gastar pontos obtidos em batalha para melhorar a força delas até um certo limite. Existe tanto TP que é específico de um mobile suit quanto GP que é global e pode ser usado para melhorar até mesmo aquelas máquinas ainda não utilizadas. É possível alocar os pontos de acordo com atributos específicos, como agilidade ou velocidade de manobrar, quantidade de munição, além de aumentar o dano dos golpes ou HP da máquina.

Como só podemos melhorar atributos, a escolha de máquina implica também na definição das armas e recursos práticos que teremos em combate. Porém, há restrições de escolha de mobile suits em certos pontos do jogo, tanto por questões “narrativas” de adequação a facções e períodos, quanto pelas fases se passarem no espaço ou em terra. A limitação, porém, pode levar a momentos de ainda mais desgaste com o combate.

De forma geral, apesar de tudo isso, o combate ainda pode ser divertido, especialmente quando finalmente temos acesso a algumas das máquinas mais relevantes da série, como o Freedom Gundam. Mas os vários defeitos que mencionei pesam contra a experiência e a deixam abaixo de outros títulos similares do gênero.

Uma experiência modesta

MOBILE SUIT GUNDAM SEED BATTLE DESTINY REMASTERED traz uma experiência aceitável de ação, e nada além disso. Há vários problemas de polimento e uma campanha esvaziada de narrativa em prol de um combate infelizmente mais travado do que deveria. Ainda é possível se divertir com o jogo, especialmente para quem conhece a saga e só quer desligar o cérebro com umas batalhas de robô gigante, mas há opções melhores no mercado para quem busca boas experiências de ação.

Prós

  • Há uma boa variedade de máquinas e pilotos da série;
  • O sistema de correção de trajetória de alguns ataques à distância é bastante útil;
  • Poder criar nosso próprio personagem e escolher entre as facções conversa bem com o universo de Gundam SEED.

Contras

  • Fases repetitivas com level design subaproveitado e sem grandes variações em objetivos;
  • Embora adapte alguns eventos da série, a narrativa é quase totalmente descartada e apresentada de forma superficial;
  • Nas áreas com obstáculos, alguns inimigos ficam batendo nas paredes sem saber como contorná-las;
  • Em algumas fases, o ponto de spawn do jogador pode ficar muito distante da área da nave, dificultando a sua defesa;
  • Os combos e a troca de armas envolvem transições lentas sem cancelamento de animação;
  • A câmera pode ser um problema em algumas situações e não acompanha bem os movimentos verticais de alguns inimigos.

MOBILE SUIT GUNDAM SEED BATTLE DESTINY REMASTERED — PC/Switch — Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: PC

Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bandai Namco

OpenCritic
Siga o Blast nas Redes Sociais
Ivanir Ignacchitti
é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).