Em Lost in Random: The Eternal Die, tanto a habilidade quanto a sorte devem ser dominadas para vencer. Este roguelike de ação e spin-off de Lost in Random traz novos ares ao gênero com a adição de pitadas de aleatoriedade, trazendo um pouco de imprevisibilidade às partidas. Uma atmosfera sombria e muitas opções de customização completam o pacote em uma ótima experiência, por mais que com o tempo suas ideias se revelem menos ousadas do que parecem.
Presa em um mundo perigosamente imprevisível
The Eternal Die se passa no mesmo universo de Lost in Random e mostra um episódio independente estrelado pela Rainha Aleksandra, a antagonista do primeiro jogo. Aqui, a monarca e sua dado-companheira Fortuna são atacadas pelo maligno Maldado, que as prende em um estranho mundo. Para escapar, a dupla precisará encarar inúmeros perigos e derrotar a personificação do dado negro.A jornada é bem direta: no controle de Aleksandra, precisamos derrotar inimigos enquanto exploramos diferentes salas. Além de atacar com uma arma e uma técnica especial, a rainha pode lançar Fortuna, cujo poder é afetado pelo número da face do topo. A sorte também influencia eventos pelo caminho, como altares de tesouro ou desafios cujo sucesso depende do número revelado por Fortuna.
Durante a jornada, Aleksandra pode ser equipada com relíquias que oferecem efeitos variados, como aumento de ataque ou resistência a certos elementos. Esses itens são posicionados em um tabuleiro com espaços limitados, exigindo decisões estratégicas sobre o que manter ou substituir. Cada relíquia possui cores específicas que, ao serem alinhadas em sequência, ativam bônus adicionais, o que incentiva um planejamento cuidadoso da disposição.
Entre as partidas, visitamos o Santuário, que funciona como base para Aleksandra. Lá, a rainha pode desbloquear recursos valiosos, como novas armas e habilidades persistentes. Há um bom nível de customização com diferentes versões dos armamentos, múltiplas seleções de técnicas passivas e inúmeras roupas para equipar. Com isso, as chances de sobrevivência e as opções de estilo de jogo aumentam aos poucos.
Um dos destaques é a ambientação de fantasia sombria com elementos claramente inspirados nos trabalhos de Tim Burton.O visual carrega um ar de estranheza, com criaturas deformadas, paleta sombria e arquitetura gótica que evocam um desconforto estilizado. Uma dublagem competente dá vida aos personagens, por mais que a história possa ser um pouco confusa para quem não jogou o Lost in Random original.
Perdendo-se no frenesi do combate
Dentro de um gênero saturado por roguelikes de ação, The Eternal Die não traz grandes surpresas, mas sua execução é competente e divertida. Os combates são frenéticos, exigindo destreza e movimento constante para serem vencidos, especialmente quando diferentes tipos de inimigos atacam simultaneamente. Isso, em conjunto com armadilhas espalhadas pela as arenas, tornam os embates bem envolventes.O universo do jogo tem como tema central o acaso e a sorte, e esses elementos também fazem parte das mecânicas principais. O dado Fortuna pode ser lançado nos inimigos e o número tirado determina o poder do ataque. Pelo caminho, podemos adquirir efeitos diversos, como aumentar a taxa de crítico ao tirar números pares, criar uma tempestade de gelo ao tirar 4 ou envenenar oponentes que se encontram no arco do lançamento. É necessário usar o dado com cuidado, pois precisamos recuperá-lo para poder lançá-lo novamente.
A personalização de habilidades permite diferentes estilos de jogo. Em uma tentativa, priorizei efeitos de acerto crítico ao usar feitiços; em outra, explorei os poderes do dado para criar efeitos em área. Essa liberdade dá variedade às partidas, ainda que as combinações mais profundas sejam limitadas. Mesmo assim, há espaço para experimentar e adaptar estratégias conforme o andamento da campanha.
As armas são outro aspecto fundamental que transforma o estilo de jogo. Há opções como espadas, arcos e martelos, cada uma com ataques únicos e variações próprias.
Além disso, essas armas podem ter características especiais, como lâminas que invocam tufões ou lanças que empurram inimigos para armadilhas. Essa diversidade contribui para experimentar abordagens diferentes a cada tentativa. Há também aspectos de customização com variantes de habilidades passivas e roupas cosméticas.
Dominar essas nuances é essencial para sobreviver no mundo de The Eternal Die. Os inimigos são bem agressivos e há diversos tipos de monstros, cada qual exigindo estratégias diferentes para serem derrotados. Os chefes são o ápice com padrões complicados de ataques e até momentos que lembram bullet hell com a tela tomada por projéteis. A janela de invencibilidade é apertada, então erros podem ser fatais — mas a graça está justamente em conseguir evitar os perigos e sair vitorioso.
Menos imprevisível do que parece
Apesar da temática apoiada em aleatoriedade e acaso, Lost in Random: The Eternal Die acaba sendo um roguelike muito previsível. O seu maior problema é a variedade limitada de conteúdo: inimigos e salas se repetem com frequência, e as diferenças entre as áreas são bem reduzidas. Com isso, as partidas se tornam repetitivas com rapidez, apesar de tentativas de remediar esse problema, como níveis de desafio adicionais que modificam alguns aspectos.A jogabilidade em si funciona, mas falta impacto na seleção de poderes para a protagonista. A maioria das habilidades passivas somente alteram atributos e faltam opções para a montagem de sinergias. Além disso, o sistema de posicionar relíquias é mais simples do que parece e chega um momento em que não há mais necessidade de alterar o tabuleiro, reduzindo a repercussão das nossas escolhas. Ao menos a seleção de armas é capaz de alterar significativamente o ritmo com suas diferenças mais profundas.
Por fim, o elemento sorte é pouco relevante, se reduzindo a ativar certos efeitos ocasionalmente. É clara a intenção de trazer imprevisibilidade e uma camada estratégica, mas na prática simplesmente lançamos o dado o tempo todo e torcemos para algo bom acontecer; se nenhum efeito adicional for ativado, a situação pouco muda.
A soma das partes resulta em um roguelike divertido, mas limitado. A campanha em si é agradável, em especial os combates frenéticos. Porém, a longo prazo, não há muito o que ver e faltam opções para tornar o jogo mais desafiador ou diferente. Aqueles que procuram algo mais complexo podem se decepcionar, no entanto, a experiência é envolvente enquanto dura.
Um dado ora fortuito, ora azarado
Lost in Random: The Eternal Die apresenta uma fórmula sólida que combina ação intensa e elementos de sorte em um universo sombrio e estilizado. A ambientação marcante, a variedade de armas e a possibilidade de personalização oferecem bons momentos ao longo da campanha. O combate se destaca por ser ágil e desafiador, e mesmo que a mecânica do dado não seja tão influente quanto promete, há espaço para experimentar diferentes abordagens nas batalhas.No entanto, a proposta acaba limitada pela repetição de cenários e inimigos, e por um sistema de progressão menos profundo do que aparenta. A imprevisibilidade sugerida pela temática raramente afeta o andamento das partidas de forma significativa, o que reduz o impacto das decisões do jogador. Ainda assim, enquanto dura, The Eternal Die entrega uma jornada envolvente que agrada por sua estética e ritmo, mesmo sem ousar tanto quanto poderia.
Prós
- Combate ágil e divertido com boa variedade de armas;
- Visual estilizado e atmosfera sombria bem construída;
- Personalização com habilidades, equipamentos e roupas;
- Mecânica do dado traz um toque estratégico interessante.
Contras
- Repetição de inimigos e salas ao longo das partidas traz sensação de mais do mesmo;
- Sistema de relíquias pouco impactante com o tempo;
- Os elementos de sorte influenciam pouco a jogabilidade.
Lost in Random: The Eternal Die — PC/PS5/XSX/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Beatriz Castro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Thunderful
Análise produzida com cópia digital cedida pela Thunderful