Um Filme Minecraft chega para mostrar o poder da amizade no estilo Sessão da Tarde

Um dos games mais vendidos de todos os tempos, agora com a árdua missão de entreter jogadores e unir pais e filhos em uma sessão divertida


Nem sempre arrecadação e sucesso financeiro significam qualidade de produção. O jogo Minecraft faturou bilhões e está entre os mais vendidos da história. Agora, Um Filme Minecraft faturou mais de 900 milhões de dólares pelo mundo, mas a pergunta principal é: o filme é bom? Vale a pena assistir? Ou é mais um desperdício de tempo como Super Mario de 1993?

Roteiro descompromissado

O jogo Minecraft não tem uma história definida, por isso o principal desafio dos roteiristas foi justamente encaixar algo que faça sentido, pelo menos para os jogadores e fãs. Em sua premissa, ele leva os personagens Steve ( Jack Black), Garret (Jason Momoa), Natalie (Emma Myers) e Henry (Sebastian Eugene) a cruzarem suas histórias pessoais, o que acaba os levando a entrar no mundo de Minecraft.

Steve é o primeiro a entrar naquele mundo, movido por uma vontade inexplicável de minerar desde criança, sonho não realizado, e acabou por se tornar um adulto preso em uma rotina que julga chata e sem sentido. Ele claramente representa o jogador e sua criatividade. O rapaz consegue entrar nas minas, que acabam dando acesso a um artefato que o coloca dentro de Minecraft. Já Garret é um jogador famoso dos anos 80, que venceu campeonatos, mas caiu no esquecimento, evidenciando na história aqueles que já se sentiram importantes e relevantes alguma vez na vida, porém acabaram presos no próprio sucesso do passado, não conseguindo prosperar. 

Emma e Sebastian ficam no núcleo adolescente do filme. São estudantes em uma cidade nova e têm suas vidas sugadas para dentro do mundo de blocos ao ter acesso ao mesmo artefato que antes pertenceu ao Steve.

Dentro do mundo de Minecraft

O filme possui um tom infantil, lembrando um pouco as produções da Disney e também Zathura e até Jumanji. Mesmo não sendo um musical, tem cantoria em certas partes, o que pode desagradar algumas pessoas. Nem todos os jogadores do game são crianças, por isso o filme se justifica ao público jogador em geral ao representar bem fielmente o mundo de Minecraft e suas criaturas.

Está tudo lá: as referências, os blocos, os inimigos e personagens, mas não seria um filme e não conseguiria juntar tudo de maneira agradável sem a atuação empolgante de Jack Black, com seu carisma habitual e habilidade de conduzir personagens eufóricos e cheios de exageros. Ele brilha e se mantém constante nessa linha de atuação; por outro lado, Jason Momoa parece que teve de se esforçar mais para dar ao público as situações de risadas que o filme busca.


Aparentemente, Momoa tenta se desvincular da imagem estigmatizada de seus personagens em Game of Thrones e Aquaman, desde que apareceu em Velozes e Furiosos 10 e Terra dos Sonhos. Ele aparenta querer trilhar algo além dos personagens "brucutus" típicos de filmes de ação, buscando uma linha de personagens mais cômicos do que violentos, assim como fez Vin Diesel (operação babá), The Rock (o fada do dente) e Arnold Schwarzenegger (um tira no jardim de infância), porém, nesse caso, Momoa não conseguiu executar com perfeição. 

É notável o esforço em tela que Momoa faz para tentar seguir o destaque de Jack Black. Natalie e Sebastian entregam uma atuação mediana, nada além do que o próprio filme exige de seus personagens, nada que seja de grande destaque, porém, ao mesmo tempo, não prejudica o andamento e diversão do filme.

Alegria dos fãs

Jogadores se sentirão novamente dentro daquele mundo, principalmente pela aparição dos Creepers, Skeletons, Zumbis e Aldeões, tudo bem representado, assim como momentos que levaram o público à euforia nos cinemas pelo mundo afora, como Jockey de galinha (Chicken Jockey), onde algumas sessões tiveram até que ser interrompidas devido ao excesso de empolgação do público.

É um filme que cumpre o que promete. Entrega seus objetivos: diversão sem compromisso para todos, fanservice para os jogadores, e alegria para as crianças e pais que assistem juntos. Muito longe do brilho de produções como Sonic, Super Mario (2023), Detetive Pikachu, porém uma produção muito bem feita, qualidade nas imagens em cgi, fidelidade no design dos personagens e cenários, história simples, porém facilmente encaixável no mundo de Minecraft.

Considerações finais

Um Filme Minecraft conseguiu ficar entre as maiores bilheterias de filmes baseados em jogos, e não foi à toa não. Mesmo não possuindo um roteiro complexo com reviravoltas mirabolantes ou sequências de ação sem dublês, ele faz o dever de casa. Jack Black sendo Jack Black e Jason Momoa se esforçando para arrancar algumas risadas em meio às piadas, às vezes infantis, às vezes específicas do jogo, mas muitas situações hilárias, dando aos fãs os elementos necessários para se sentirem representados, oferecendo uma fantasia livre e leve.

Eu, pessoalmente, recomendo assistir em uma tarde no sofá com os filhos e pipoca, ou uma sessão à noite quando já se esgotaram as opções de maratona e antecipando um dia normal de trabalho.

Revisão: Alessandra Ribeiro
Siga o Blast nas Redes Sociais
José Lucas de Souza
Ele joga, vive e respira games ha mais de trinta anos, também é colecionador, adora a saga Final Fantasy, Red Dead Redemption, The Witcher 3, the Last of Us e Expedition 33.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).