Análise: Rooftops & Alleys: The Parkour Game — A maneira mais radical que existe de desafiar seu corpo e a física

O parkour é um esporte criado na França, que consiste em se deslocar de maneira criativa de um ponto a outro utilizando elementos do espaço como obstáculos. Logo, tudo pode servir para incrementar os movimentos realizados, como bancos, corrimões, muros, beirais e até saltos mais ousados entre telhados. Não há limites, além dos do seu próprio corpo, para traçar a sua rota.

Para quem considera uma atividade muito radical, mas ainda quer ter uma ideia de como funciona, Rooftops & Alleys cria um mundo virtual que é um grande parque de diversões para a prática da modalidade.

Sobe e desce alucinante

A primeira comparação inevitável que acontece com Rooftops & Alleys é com a franquia Tony Hawk. Não há uma história ou elemento narrativo que justifique alguma coisa, e sinceramente isso não faz falta alguma aqui. Contamos com seis áreas, as quais vão desde uma construção e uma escola, até uma pequena vila e um navio cargueiro, para explorarmos como bem entender.

Em todas temos nove missões: cinco delas envolvem ir da partida até a chegada passando por arcos luminosos no menor tempo possível; outras três têm como meta bater pontuações com sequência de manobras, à medida que o espaço para executá-las é reduzido; a última envolve achar uma pomba escondida em algum lugar do cenário, contudo isso pode ser feito sem se preocupar com limite de tempo.

Seria bacana se houvesse uma variedade maior de missões, como coletar itens pelo mapa ou locais secretos, que fossem acessíveis após encontrar algum tipo de chave ou alavanca. Contar apenas com desafios de pontuação e de tempo tornam a repetitividade bem maçante.

E quanto à pomba? Bem, essa é um pouco mais inteligente. Encontrar o pássaro escondido em uma fase nos confere a habilidade de nos transformar em uma, mas apenas na área em que ela foi encontrada. Uma vez transfigurados em ave, podemos sobrevoar livremente o cenário e ir para os pontos mais altos possíveis, economizando o tempo de procurar objetos escaláveis. Depois podemos voltar ao normal e seguir nosso trajeto dali.

Concluir cada um desses objetivos nos dá penas, os colecionáveis do jogo, e desbloqueiam novas peças de roupa para nosso avatar radical. A escolha de cores é livre e a nossa versão pomba também pode ser trajada com cartolas e óculos escuros.

Se as missões são repetitivas, pelo menos vale conhecer cada parte dos cenários, estes bem criativos sem recorrer a elementos extraordinários para validar a conclusão de alguma missão. A fase dos escombros (Steel Yard) por exemplo, mostra que só é preciso algumas vigas de aço, tijolos e telhados para oferecer uma boa dose de elementos para a prática do parkour.

Para aproveitar as ambientações, está disponível um modo foto, no qual é possível escolher a posição do nosso boneco entre uma pré-definida ou mover cada articulação possível dele para uma pose mais única. Outra opção atrativa é a da visão em primeira pessoa. Ela pode enjoar depois de um tempo com a quantidade de vezes que a câmera irá girar, no entanto, não deixa de ser algo chamativo.

Quem quiser curtir com os amigos tem a opção de iniciar uma sessão online com mais três integrantes. Além de jogar as missões normais presentes no modo solo, há outros tipos de disputa, como uma mistura de caça-a-bandeira com pega-pega e competição de quem faz mais pontos. Inclusive, é muito mais divertido andar pelo mapa com outros integrantes, mesmo que seja para realizar as missões solo.

Isso vai deixar uma marca

Nosso avatar radical é capaz de executar as mais ousadas piruetas, cambalhotas e giros no ar, o que deixa tudo mais elaborado. Temos um botão para os saltos, um para corrida, um para escalada em geral, como se pendurar em alguma estrutura ou dar passos mais largos, um para rolamento no chão, que ajuda a suavizar nossas aterrissagens, e outros dois dedicados às manobras aéreas.

Pode parecer muita coisa para combinar, mas logo a memória muscular entra em ação e não será difícil dar saltos mortais de um local mais alto para o chão e cair como um artista circense, sem sofrer nenhum arranhão. Os comandos vão se encaixando de maneira sinérgica nos combos durante o deslocamento.

Entretanto, há uma certa demora nas respostas dos controles de tempos em tempos, principalmente na hora de agarrar alguma beirada ou tirolesa, o que quebra o ritmo do parkour e nos deixa com a agilidade do Michael Scott (para quem não entendeu a referência, veja a abertura do sexto episódio da primeira temporada do seriado The Office).

Esse problema influencia muito no andamento das missões, o que tira um pouco brilho da exploração. Os objetivos que envolvem correr contra o tempo acabam exigindo que o jogador repita diversas vezes uma mesma área que parece fácil, porém não foi possível de ser alcançada porque nosso avatar não conseguiu se pendurar pelo atraso no comando.

As missões de pontuações sofrem da mesma maneira. Ao levar em consideração o fato da área para realizá-las ir diminuindo com o tempo, logo estaremos pulando no lugar e dando piruetas igual a um mico de circo. A falta de responsividade, por mais que seja pontual, dá as caras novamente, nos fazendo perder sequências de combos ao passo que o avatar simplesmente colide com alguma parede ou viga e cai no chão.

Com um pouco mais de treino dá para engrenar

A proposta de Rooftops & Alleys é criativa e aplicada de uma maneira interessante, contudo, a junção de repetitividade e algumas falhas no controle acabam prejudicando as qualidades que o jogo traz. Ainda assim, talvez valha a pena dar uma chance para se aventurar pelas paisagens verticais enquanto executa manobras arriscadas, mas todo cuidado é pouco para não cair de um prédio por besteira.

Prós

A maneira como os movimentos se conectam é dinâmica e passa a sensação de fluidez dos movimentos reais;
Os cenários são bem elaborados, com obstáculos reais e sem invenções;
É possível personalizar seu avatar e sua pomba;
O multiplayer online torna a exploração das fases mais divertida.

Contras

Jogar sozinho pode se tornar cansativo;
As missões dos mapas são idênticas e repetitivas;
Falha na resposta dos controles em momentos ocasionais afetam diretamente nossa progressão em momentos que exigem maior velocidade.