Análise: TRON: Catalyst é nada mais que uma aventura mediana em um mundo fascinante

Novo jogo baseado na franquia tecnológica da Disney não empolga, mas consegue captar a essência do mundo de TRON.

em 25/06/2025
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TRON é uma franquia fascinante. Quando o primeiro filme, TRON – Uma Odisseia Eletrônica, foi lançado em 1982, surpreendeu o mundo ao mostrar o potencial da computação gráfica na produção artística. Com o passar dos anos, a franquia cresceu e evoluiu, expandindo-se para o cinema, a televisão e, claro, os videogames.

Em 2025, TRON: Catalyst chega para lembrar aos fãs de ficção científica que a série ainda está viva — e que ainda pode oferecer boas histórias ambientadas nesse universo digital. Na análise de hoje, vamos explorar um pouco do novo jogo e descobrir se ele merece espaço no seu console ou PC.

A anomalia LOOP

TRON: Catalyst conta a história de Exo, um programa mensageiro. Certo dia, ela se depara com uma encomenda incomum. Durante mais uma entrega rotineira, Exo sofre um atentado e acaba afetada por um glitch — uma anomalia temporal que lhe permite rebobinar o tempo dentro da Rede Arq.

Essa habilidade possibilita reviver momentos específicos, oferecendo a chance de refazer ações com base no conhecimento prévio dos acontecimentos ao seu redor. No entanto, essa anomalia é vista como uma ameaça — ou uma oportunidade — pelas diferentes facções que disputam influência dentro da Rede, cada uma tentando se tornar a comunidade dominante.

Envolvida em uma conspiração perigosa entre duas facções rivais, Exo precisará usar sua nova habilidade para impedir que o pior aconteça com seu mundo. Sua luta não será apenas pela sobrevivência, mas também pela proteção da Rede e dos demais programas que nela habitam.

Progredindo, um byte de cada vez

TRON: Catalyst é um jogo de ação e aventura baseado na franquia TRON, da Disney. No controle de Exo, um programa mensageiro, o jogador deve realizar missões em diferentes regiões da Rede Arq, enfrentando membros de facções inimigas para encontrar uma solução para sua anomalia temporal, enquanto defende os interesses dos habitantes da Rede.

Exo utiliza como arma principal o Disco de Identidade, que pode ser empregado tanto em combate corpo a corpo quanto como projétil em ataques à distância. Fragmentos de dados, obtidos ao derrotar inimigos ou espalhados pelo cenário, são utilizados para aprimorar seu código-fonte, permitindo melhorias nas habilidades de ataque e esquiva, além de outras técnicas, como o lançamento do disco, contra-ataques e a capacidade de copiar temporariamente estilos de combate adversários.

O jogo se passa em áreas que funcionam como hubs de missões. À medida que interage com personagens-chave da trama, Exo libera objetivos que devem ser concluídos para avançar na campanha principal. Para se locomover com mais agilidade entre os pontos do mapa, ela conta com a icônica Moto de Luz.

Conforme a história progride, TRON: Catalyst passa a se destacar mais pela sua narrativa do que pela jogabilidade, que permanece relativamente simples na maior parte do tempo. Os trechos com personagens importantes são enriquecidos por uma excelente dublagem, e o códice — que reúne informações adicionais sobre o universo de TRON — oferece conteúdos relevantes sobre os acontecimentos dos filmes anteriores e sua conexão com a trama atual.

Bugs na qualidade

A mecânica relacionada ao glitch de Exo, um dos elementos centrais da narrativa, é utilizada de forma bastante tímida ao longo da campanha. Em cada capítulo há um momento específico em que seu uso é exigido, funcionando basicamente como um reinício do capítulo atual, mas com pequenas alterações no mapa — como o surgimento de atalhos ou encontros com personagens antes inacessíveis.

Se essa habilidade pudesse ser aplicada de forma mais ativa, especialmente durante combates contra inimigos ou chefes, seu potencial seria melhor aproveitado. Atualmente, ela se apresenta mais como um recurso narrativo do que uma ferramenta realmente integrada à jogabilidade.

Ainda sobre o gameplay, há algumas variações interessantes, como perseguições pelas ruas da cidade ou missões que exigem disfarces para infiltração. No entanto, o sistema de combate permanece básico e, uma vez dominado, torna-se fácil demais — mesmo na dificuldade padrão.

Além disso, o alto custo de algumas técnicas na árvore de habilidades de Exo dificulta os aprimoramentos, que já são limitados. Um destaque negativo vai para a técnica de aparar golpes, que desequilibra o jogo: uma vez desbloqueada, a execução do parry permite derrotar a maioria dos inimigos com um único golpe.

A falta de pontos de interesse nos mapas também desestimula a exploração, o que é uma oportunidade perdida, considerando a riqueza do universo de TRON. Basicamente, os únicos itens colecionáveis são fragmentos de dados escondidos em objetos destrutíveis, como caixas, ou em salas de acesso restrito, seja por presença de inimigos ou por rotas secretas.

Com uma campanha que pode ser concluída em cerca de quatro a cinco horas sem grandes dificuldades, TRON: Catalyst desperdiça a chance de se firmar como um grande título da franquia. Não há conteúdo pós-jogo para nos segurar por mais tempo, com exceção de poder jogar novamente em uma dificuldade mais alta.

Seu ponto alto está na ambientação e na trama, com um clima fiel ao que já vimos em outros produtos da franquia, especialmente os filmes e na trilha sonora eletrônica composta por Dan Le Sac, que também compôs a trilha de TRON: Identity, visual novel da franquia lançada em 2023. A jogabilidade fica em segundo plano, com combates funcionais, mas pouco empolgantes, uma exploração rasa e um nível de desafio bastante modesto.

umjogomediano.exe

TRON: Catalyst é uma obra visualmente estilosa que respeita a essência da franquia e entrega uma narrativa interessante, principalmente para os fãs do universo TRON. A ambientação digital é envolvente e traz de volta conceitos clássicos, ao mesmo tempo em que expande a mitologia com novos personagens e conflitos.

No entanto, a experiência como jogo fica aquém do seu potencial. O combate é funcional, mas simplista; a mecânica do glitch, apesar de promissora, é subutilizada; e a exploração é rasa, sem incentivos reais. Com uma campanha curta e poucos desafios, Catalyst parece mais uma introdução ao universo para novos públicos do que uma experiência robusta para jogadores em busca de algo mais elaborado ligado à franquia da Disney.

Prós

  • Boa ambientação e fidelidade ao universo TRON;
  • Excelente direção de arte e trilha sonora imersiva;
  • Dublagem de qualidade nos diálogos principais.

Contras

  • Campanha curta, com duração média de 4 a 5 horas, e sem conteúdo pós-jogo;
  • Combate básico e pouco desafiador;
  • Mecânica de loop subexplorada no gameplay;
  • Poucos elementos de exploração ou recompensas significativas;
  • Sistema de progressão limitado e mal balanceado.
TRON: Catalyst — PC/PS5/XSX/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise produzida com cópia digital cedida pela Big Fan Games
OpenCritic
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Alexandre Galvão
Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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