Desenvolvido e publicado pela CyberConnect2, Fuga: Melodies of Steel 3 é o novo capítulo da saga de Malt, que, após ser sequestrado, passa a depender da ajuda de seus amigos para impedir o surgimento de uma nova guerra. Assim como nos títulos anteriores, o enredo segue fortemente focado nos laços de amizade entre os personagens e em um sistema de combate muito estratégico. Porém, embora traga algumas novidades, Melodies of Steel 3 ainda transmite a sensação de que poderia ser mais ambicioso e oferecer uma experiência ainda mais marcante.
A guerra não acabou
A história de Fuga: Melodies of Steel 3 se passa pouco tempo após os eventos de Melodies of Steel 2. Com o fim do conflito contra o Império Berman, Malt e seus amigos finalmente aproveitam um período de paz em seu vilarejo. No entanto, tudo muda quando o protagonista ouve uma voz misteriosa que o atrai para uma caverna oculta. Lá, ele reencontra Taranis — o tanque usado durante a guerra anterior —, que, até então, acreditava-se ter sido destruído.
Entretanto, isso era uma armadilha do próprio Império Berman, que contratou mercenários para capturá-lo e dar início a um novo plano de guerra contra a região de Gasco. Cabe agora à sua irmã Mei, juntamente com os demais companheiros, unir forças para resgatá-lo e impedir o surgimento de mais uma guerra. Para evitar spoilers, vou me limitar a essa explicação da história, mas posso garantir que o roteiro mantém a excelência vista nos jogos anteriores.
Caso você não tenha jogado os dois títulos anteriores, o menu principal de Melodies of Steel 3 oferece um resumo narrado e ilustrado dos acontecimentos passados. Ainda assim, minha recomendação é jogá-los, pois eles oferecem um envolvimento com os personagens e um desenvolvimento da história mais interessantes que um simples resumo. De toda forma, o recurso é útil para situar os jogadores novatos na narrativa.
O roteiro mantém os mesmos elementos que tornaram a franquia envolvente: o apelo emocional continua sendo um dos focos da experiência, exigindo que os laços entre os personagens sejam fortalecidos para melhorar suas habilidades de combate. O carisma do elenco também é ampliado pela dublagem e pelo característico estilo de arte, que dá identidade à franquia.
As cutscenes continuam apresentando imagens estáticas ou com animações limitadas, mas a direção de arte e a qualidade das cenas compensam essa simplicidade. A trilha sonora orquestrada contribui significativamente para tornar os momentos-chave ainda mais épicos, principalmente as batalhas contra os chefes. A única ressalva é a ausência de localização em português do Brasil, oferecendo apenas legendas em inglês ou japonês. No entanto, se seguir a tendência dos seus antecessores, provavelmente novos idiomas serão adicionados em atualizações futuras.
Combate dinâmico com algumas novidades
De forma geral, o sistema de combate de Fuga: Melodies of Steel 3 não sofreu mudanças significativas em relação aos títulos anteriores. O jogo continua intercalando batalhas por turnos com eventos especiais voltados à coleta de recursos e ao fortalecimento dos vínculos entre os personagens. Entre as principais novidades estão a introdução de aliados de suporte — que podem atacar e aplicar status negativos aos inimigos —, uma árvore de habilidades dedicada ao Taranis e alguns novos eventos narrativos entre as batalhas.
O combate mantém o sistema baseado em vantagens e fraquezas: cada personagem é especialista em um tipo de armamento — pesado, médio ou leve — e os inimigos apresentam vulnerabilidades específicas a um ou mais deles. As armas são balanceadas de acordo com força e precisão: armamentos pesados causam mais dano, mas têm menor precisão; os leves são mais precisos, porém menos poderosos; já os médios equilibram ambos os atributos.
A ordem de ações é definida por uma linha de tempo no topo da tela. A camada estratégica do combate se passa ao explorarmos as fraquezas dos inimigos, uma vez que ataques eficazes podem adiar sua vez de atacar. Por exemplo, se um oponente for vulnerável a armas leves, atacá-lo com esse tipo de armamento irá atrasar sua ação. Com o planejamento certo, é possível vencer muitas batalhas sem sofrer dano algum.
Além disso, é possível alternar o posicionamento dos personagens durante as batalhas conforme a necessidade. Por exemplo, se sua equipe for composta por três personagens especialistas em armamentos leves, você pode substituí-los estrategicamente para explorar ao máximo as fraquezas dos inimigos. Caso os adversários não apresentem vulnerabilidade a esse tipo de arma, não faz sentido mantê-los na linha de frente.
Ao final de cada confronto, os personagens ganham experiência com base na eficiência do combate considerando o dano sofrido e rodadas jogadas. Ao subir de nível, eles desbloqueiam habilidades que podem ser utilizadas em combate, consumindo uma barra especial. Outro recurso que adiciona profundidade são as habilidades de líder: a partir de certos gatilhos durante a batalha, o personagem designado ativa um poder exclusivo — como aplicar debuffs aos inimigos ou realizar ataques adicionais.
Em time que está ganhando não se mexe, mas poderia
Sendo essencialmente parecido com seu antecessor, Melodies of Steel 3 me agradou bastante por manter a qualidade narrativa e o combate intenso e estratégico. Porém, ainda que traga algumas novidades, não posso negar que esperava um pouco mais do jogo — como uma nova mecânica marcante ou aprimoramentos mais significativos nos sistemas anteriores.
Ainda assim, as adições são interessantes. Alguns personagens que antes faziam parte do grupo principal agora atuam como suportes externos ao tanque, permitindo causar efeitos negativos nos inimigos sem comprometer um turno de ataque. As melhorias implementadas no Taranis também adicionam uma nova camada de estratégia, já que exigem escolhas táticas sobre quais mudanças realizar ao longo da campanha.
A qualidade dos elementos audiovisuais continua sendo um grande destaque. Assim como nos jogos anteriores, cada capítulo me proporcionou muitas emoções, indo do desespero ao alívio em questão de minutos. No entanto, não posso deixar de sentir que uma atualização visual, seja nos modelos 3D ou nas artes estáticas das cutscenes, faria bem à imersão.
As dublagens continuam excelentes, assim como o desenvolvimento dos personagens. O roteiro é bem escrito, ainda que em certos momentos recorra a artifícios um tanto questionáveis para justificar algumas situações. No geral, os demais aspectos poderiam ter recebido melhorias mais expressivas. Isso não compromete a qualidade da experiência — Melodies of Steel 3 continua sendo um dos jogos mais legais que joguei neste ano —, mas não consigo evitar a sensação de que ele poderia ter ido além.
Bomba de emoções
Fuga: Melodies of Steel 3 representa o auge de uma história comovente e preserva a qualidade de seus antecessores, com um roteiro envolvente, combates estratégicos e a habilidade de despertar muitas emoções em curtos intervalos de tempo. As novidades, embora não sejam tão marcantes, adicionaram uma dinâmica interessante ao gameplay, permitindo abordagens mais variadas durante a campanha. Ainda assim, fica a sensação de que esses elementos poderiam ter sido mais ambiciosos, tornando esta continuação mais memorável.
Prós
- O roteiro é bem escrito e mantém a qualidade dos antecessores;
- Os elementos audiovisuais continuam lindos e, junto com a dublagem e os diálogos, proporcionam uma ótima imersão ao jogador;
- O combate apresenta novos elementos que ampliam o nível estratégico;
- A trilha sonora é impecável e intensifica as emoções durante os combates;
- A presença de resumos dos jogos anteriores é uma ótima opção para novos jogadores.
Contras
- Apesar de boas, as novidades apresentadas poderiam ter sido melhor desenvolvidas;
- Ausência de localização para o português brasileiro;
- As cutscenes, os modelos 3D e os efeitos visuais poderiam ter recebido melhorias.
Fuga: Melodies of Steel 3 — PS5/PS4/XSX/XBO/Switch/PC — Nota: 9.0Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela CyberConnect2