Análise: Architect Life: A House Design Simulator cumpre com o que promete e diverte, mas não impressiona

Criador virtual de casas não faz muito para se destacar no nicho em que está inserido.

em 24/06/2025
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A série Life de jogos de simulação (que já apareceu no Blast com Ambulance Life: A Paramedic Simulator), publicada pela Nacon e desenvolvida por uma série de estúdios diferentes, se propõe a colocar jogadores em uma versão simplificada, mas realista, de cada profissão que retrata. Architect Life: A House Design Simulator nos informa dessas ambições logo no tutorial: parafraseando, “não conseguimos colocar todas as nuances da carreira de arquiteto, mas tentamos simular ao máximo a experiência”. 

Na prática, o que temos em mãos é um jogo de construir casinhas, tal qual The Sims ou mesmo House Flipper (que ainda se diferencia em alguns aspectos). Architect Life é um exemplar competente do gênero, mas digamos que faltam alguns acabamentos nesse lar. Vamos brincar de ser arquiteto? 

Era uma casa muito engraçada…

O esquema é muito simples: no Modo Carreira, a pedra fundamental da gameplay, você tem uma firma de arquitetura e, a cada fase, escolhe um de três pedidos, que devem ser completados a partir de certas especificações. Há limites de orçamento, tamanho e número de quartos para cada construção: primeiro, elas são idealizadas na forma de maquete, e depois, podemos seguir sua realização "ao vivo".

Aqui, dentro das restrições de fase a fase, temos uma relativa liberdade para fazer o que der na telha. Seguimos um tutorial bastante intuitivo e abrangente, que nos ensina a mexer em cada parte do que nossos clientes pedem de nós, e então podemos construir o que for (para quem quiser ainda mais liberdade, também há um Modo Livre disponível, que possibilita até mesmo construir uma casa sem térreo).

Existem diversas opções para entendermos o tamanho e formato exatos do que estamos fazendo, entre calculadoras de ângulos e metragem e modos de grade. Fechar um cômodo também informa quantos metros quadrados ele ocupa, o que ajuda muito quando perdemos a noção da escala. 

Passadas as partes mais básicas do projeto (estrutura, acabamentos e exterior), a mobília, o cerne da experiência de brincar de casinha, é totalmente gratuita. Dessa forma, podemos popular o espaço que nos é disponibilizado sem ter de se preocupar com o orçamento (mesmo nas partes que cobram, normalmente todos os itens de uma mesma categoria, como portas ou paredes de tijolos, têm o mesmo preço). 

O problema, contudo, está nas restrições naturais do jogo. Para começo de conversa, a parte de construção é bem inferior ao que seus competidores apresentam — não há fundações, plataformas, design de terreno ou mesmo janelas que caibam nas paredes curvas (The Sims 4 é infame pela má implementação do conceito, mas pelo menos essa parte funciona melhor do que só no mundo das ideias). O máximo que nos é fornecido é a possibilidade de construir acima da água com palafitas, mas isso acaba tendo um papel mais de “truque legal” do que algo a ser usado em toda construção. 

Além disso, a classificação dos itens é tudo, menos intuitiva: notavelmente, o exterior tem uma seção apenas para ele, que inclui itens pagos e um orçamento restritíssimo (tão restrito que faz alguns projetos ficarem vazios do lado de fora), mas algumas poucas coisas podem ser colocadas de graça. O problema é achar essas coisas, que se entocam entre as várias subcategorias de “Decoração”. A cozinha também só fornece módulos de parede, balcões e até geladeiras nessa seção em vez de “Mobília”, uma decisão incompreensível que só serve para confundir o jogador. 

Outro defeito do título é a falta de variedade de móveis. Pessoalmente, o mais notável é a presença de um único quadro (com cinco ilustrações à escolha, para ficar claro), que fica bastante repetitivo no combate à frustração de se ver uma parede completamente vazia. 

Existe uma mecânica que permite desbloquear mais itens com dinheiro fictício, mas a maioria é situacional demais (qual é a do “escritório futurista”?). Na vida real, também há uma versão mais cara do jogo que disponibiliza 40 móveis novos, que não foi a que recebemos para análise e representa a pior tendência dos “The Sims-likes”: a bendita paywall. Quando seu único conteúdo é brincar de casinha, restringir o escopo completo a quem pagar mais é uma decisão bastante questionável.

Pelo menos saiu dentro do cronograma

Architect Life: A House Design Simulator funciona — e só. Não há nenhum segredo por trás dessas quatro paredes: é simplesmente um simulador de construir casas que, apesar de provavelmente rodar melhor do que o titânico The Sims 4 em certos computadores, não apresenta muita variedade além disso. Vale a pena para quem procura um título para relaxar, mas considere comparar com outras opções no mercado.

Prós

  • Gameplay intuitiva;
  • Mesmo o Modo Carreira tem bastante espaço para liberdade criativa.

Contras

  • “Modo construção” relativamente restrito;
  • Menus atrapalham mais do que ajudam;
  • A falta de maiores opções de decoração na versão base torna o jogo um tanto repetitivo.

Architect Life: A House Design Simulator — PC/PS5/XSX/Switch — Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: PS5

Revisão: Beatriz Castro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nacon

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Hiero de Lima
Jornalista formada pela PUC-SP e eterna apaixonada por videogames, especialmente aqueles japoneses de mistério. Sempre tem alguma redação gigante para escrever depois que zera um Yakuza.
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