Produzido e publicado pela Spilt Milk Studios Ltd, Trash Goblin é um jogo focado em proporcionar uma experiência relaxante, sem recorrer a mecânicas complicadas ou narrativas elaboradas. Nele, controlamos um goblin cujo objetivo é administrar uma lojinha de artefatos, visando obter lucro e expandir o estabelecimento.
Jogos de gerenciamento geralmente incluem, ainda que de maneira simplificada, sistemas de controle de estoque ou administração financeira. Trash Goblin, no entanto, opta por não seguir esse caminho, simplificando ao máximo suas mecânicas — o que acaba limitando seu potencial em termos de complexidade.
O início de um sonho
Trash Goblin apresenta uma narrativa simples e direta. No papel de um goblin que acaba de abrir uma loja de artefatos, nosso objetivo é atender aos pedidos dos clientes, que geralmente procuram itens específicos ou solicitam o conserto de objetos danificados. Assim, é preciso atender à maior quantidade possível de consumidores e garantir um retorno financeiro.
A jogabilidade também é bastante simples. O título dispensa mecânicas complexas, permitindo que qualquer jogador aproveite a campanha de forma sossegada. Isso já era previsível, uma vez que, desde o início, os desenvolvedores deixaram claro que Trash Goblin não se propõe a oferecer desafios mais elaborados.
A passagem do dia é medida por uma barra segmentada em seis partes, que se preenche a cada ação realizada na bancada. Para descobrir um novo artefato, é preciso jogar um minigame em que se quebra um bloco de peças cúbicas até alcançar as peças centrais, que representam o item desejado. Em seguida, o objeto pode ser limpo com o uso de uma esponja, removendo marcas de sujeira.
Um ponto crucial é que os artefatos descobertos são aleatórios. Assim, caso um cliente solicite algo que não possuímos no momento, resta-nos cancelar a venda ou solicitar que ele volte futuramente. Em certos momentos, recebemos pedidos especiais, como reparar objetos ou combinar dois itens em um único artefato. Para isso, utilizamos uma ferramenta específica que facilita o manuseio dos objetos.
Agradável, mas sem profundidade
Conforme mencionado, ao focar em um público casual, Trash Goblin opta por não aprofundar suas mecânicas de jogo. Dessa forma, jogadores que buscam uma experiência mais desafiadora provavelmente se sentirão frustrados ao longo da campanha. Ainda assim, o jogo é competente em oferecer uma experiência relaxante àqueles que buscam apenas uma forma de entretenimento leve.
O minigame de descoberta dos artefatos — que envolve o uso de um cinzel para quebrar blocos de rocha — é inicialmente divertido. Contudo, a repetição e a ausência de um desafio mais elaborado rapidamente o tornam desinteressante. Entre os aspectos mais positivos estão a personalização da loja e o minigame de limpeza dos objetos. A abordagem casual permite que o jogador não se preocupe excessivamente com tempo, lucro ou crescimento do negócio e pense apenas nas suas tarefas.
Apesar de sua simplicidade, o processo de limpeza é divertido e instigante, permitindo observar os objetos de diversos ângulos e atentar-se aos detalhes de sua modelagem. Mesmo após a limpeza, os objetos preservam marcas de uso, o que, com um pouco de imaginação, possibilita especular sobre como ele foi utilizado.
Alguns modelos são tão interessantes que preferi não vendê-los, optando por usá-los na decoração da minha loja. O dinheiro obtido nas vendas era usado para personalizar o espaço: construía prateleiras, ampliava a bancada de trabalho e adicionava itens decorativos. Essa sensação de progresso constante me incentivava a continuar vendendo e expandindo o negócio.
Apesar desses aspectos positivos, a campanha carece de maior robustez para se sustentar a longo prazo. O ciclo de jogabilidade é repetitivo, e sessões prolongadas acabam tornando a experiência cansativa, uma vez que essas ações são feitas constantemente ao longo de todos os dias. Jogadores menos exigentes provavelmente não irão se incomodar tanto com isso, embora eu recomende que evitem sessões muito longas de jogatina.
Trato feito
A Split Milk Studios Ltd optou por simplificar ao máximo as mecânicas de Trash Goblin, visando atender ao público casual. O jogo apresenta uma atmosfera aconchegante e um satisfatório senso de progressão, mesmo sem a pressão típica de títulos focados em gerenciamento. Por outro lado, essas escolhas resultam em uma experiência que pode se tornar repetitiva e, por vezes, monótona. Ainda assim, o saldo final é positivo, e Trash Goblin se apresenta como uma boa opção para quem busca um passatempo leve e descompromissado.
Prós
- A atmosfera é aconchegante e relaxante, ideal para jogadores que buscam uma experiência mais tranquila;
- As mecânicas são simples e acessíveis, permitindo que qualquer pessoa jogue sem dificuldades;
- O sistema de personalização da loja contribui para um bom senso de progressão;
- O minigame de limpeza é divertido e visualmente interessante;
- A direção artística é charmosa, com destaque para os modelos dos objetos;
Contras
- O loop de gameplay é repetitivo, tornando sessões longas cansativas;
- A falta de profundidade nas mecânicas pode frustrar os jogadores mais exigentes;
- A campanha é pouco robusta, com ausência de objetivos mais complexos ou evoluções narrativas.
Trash Goblin — PC — Nota: 7.5
Revisão: Farley Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Split Milk Studios Ltd