Buscando ajuda
Tudo começa quando nossos personagens recebem uma carta da tripulação do Vespertine. Uma certa situação está preocupando Keenathan após o contato com os gigantes celestiais e, para resolver o problema, a equipe decide ir atrás da Relojoeira.
Na conversa com a personagem, o grupo descobre que ela precisa de ajuda para resolver uma pendência do passado que ainda a atormenta. Para solucionar esse problema, partimos então para uma jornada pelo mundo de Horloge, uma das criações da Relojoeira.
Dentro dessa região, Valere e Zale logo se veem diante de condições bem diferentes do mundo externo. Sob o domínio da Marionetista, Horloge é como um grande circo, fazendo com que os golpes usuais deles não tenham o mesmo impacto.
Diante dessa situação, os dois acabam tendo que mudar seu estilo de combate para se adequar ao contexto performático. Valere passa a ser uma acrobata, e Zale, um malabarista. Os dois também contam com a ajuda do Artífice em combate, que se torna um apoio essencial nessa área.
Hora de subir ao palco
Horloge é dividido em pequenas áreas interconectadas por uma extensa linha férrea com bloqueios que exigem o ingresso específico de cada região. Após o primeiro contato com as forças malignas que comandam esse “mundo à parte”, temos que procurar o trem na Floresta do Trilho para poder nos movimentar.
Um dos pontos mais interessantes de Throes of the Watchmaker é que os vilões criam cópias distorcidas de Valere e Zale. Graças a esse contato com “outros eus” dos personagens, vemos um pouco mais dos seus anseios e desejos mais íntimos vindo à tona.
Embora apareçam praticamente apenas no momento em que são “o próximo chefe a enfrentar”, os personagens conseguem ter uma presença imponente. Eles possuem diálogos em vários pontos de suas respectivas zonas, trazendo observações inquietantes para os dois guerreiros do solstício e abalando o psicológico deles.
Uma jornada separada
Em termos gerais de gameplay, a equipe recomeça do zero e precisa reconquistar sua força. Conforme o trio luta junto, irá adquirir experiência e aumentar o renome de sua “trupe”, o que melhora todos os seus atributos e libera novas habilidades. Contanto que o jogador encare os desafios que aparecem em todas as áreas uma vez, conseguirá renome máximo no último mapa da história.
Os equipamentos, afinidades elementais e até mesmo os itens consumíveis que podemos cozinhar também são específicos da expansão. Além de toda a questão circense se tornar uma temática também presente nesses detalhes, essa escolha ajuda no balanceamento da dificuldade, visto que o avanço na história principal não interfere na força deles no mundo de Horloge e vice-versa.
Retendo o charme da base
Simplificando bastante, dá para dizer que Throes of the Watchmaker mantém as vantagens e desvantagens do jogo base, embora seja uma jornada majoritariamente separada. Visualmente, o novo mundo é muito bonito, combinando elementos circenses com um toque sombrio de escuridão, o que também se reflete na trilha sonora. Temos novos inimigos e animações, e tudo é bem detalhado com um charme especial que lembra clássicos retrô.
A experiência geral é ágil e dinâmica, com os ambientes tendo vários puzzles de dificuldade variável para resolver. É especialmente interessante nesse lado o uso de um drone que coleta partes dos mapas (como pontes ou escadas) e permite que o jogador coloque em outro lugar. Há também alguns desafios que envolvem uso de trampolins para alcançar áreas mais altas.
Mesmo com a mudança de como os personagens se comportam em batalha, o combate continua similar. Ao longo dos turnos, podemos selecionar a ordem em que os aliados atacam e vale a pena pensar estrategicamente sobre os alvos do ataque ou a busca por quebrar o padrão de um inimigo para tentar evitar um golpe mais poderoso.
Embora haja vários inimigos interessantes, o chefão Rei Narcis chama a atenção em particular e foi o que mais me deu trabalho. Na luta contra ele, temos uma alavanca para alterar a posição de holofotes e, idealmente, devemos mantê-los em posições que não fortalecem o chefão.
Qualquer ataque altera a posição da alavanca, então é importante tomar cuidado com os golpes especiais disponíveis, já que boa parte deles atinge todos os inimigos. O lacaio do rei altera as posições de vez em quando e, mesmo que o jogador corrija rapidamente a situação, o Rei ainda pode usar seu golpe mais poderoso nas mudanças.
O ponto mais negativo da experiência como um todo é o mesmo que já havia no jogo base: o timing das ações no combate. Assim como nos RPGs do Mario, durante a batalha, podemos apertar botões para melhorar o dano causado por um ataque ou para defender melhor. Infelizmente o timing exato pode variar bastante e não é muito claro, tendo alguns em que é necessário apertar o botão um pouco antes de uma animação específica.
O jogo conta com uma relíquia que ajuda a ver se o resultado foi bem sucedido, mas ela só tem um efeito de “confirmar que a ação funcionou”. Ou seja, como os indicadores de timing não são tão claros quanto o ideal, a relíquia não ajuda a enxergar melhor os momentos adequados de apertar o botão.
Um novo mergulho no mundo de Sea of Stars
Prós
- A nova campanha é rebalanceada para que o jogador possa encarar os desafios de forma fresca;
- Os alteregos dos dois protagonistas ajudam a dar mais nuance à caracterização deles em momentos impactantes da nova trama;
- Temática circense bem explorada em todos os novos elementos, que incluem novas áreas, inimigos, puzzles, animações e músicas;
- Todo o charme do jogo base continua fortemente presente na expansão.
Contras
- Assim como no jogo base, o timing dos comandos em tempo real pode variar bastante e é pouco claro.
Sea of Stars Throes of the Watchmaker — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PC
Análise produzida com cópia digital cedida pela Sabotage Studio
