Análise: RoadCraft traz um novo rumo para a saga de exploradores de terrenos virtuais

Agora a missão é viabilizar as rotas entre usinas, postos e pontos de importância utilizando o poderio de máquinas de construção e de reconhecimento.

Desenvolvido pela mesma equipe de SnowRunner e MudRunner, RoadCraft é mais um jogo no qual temos que pilotar máquinas pesadas para realizar objetivos diversos. Mas dessa vez não devemos focar só na exploração, mas também na construção de vias.

Empreiteiro Off-Road

Nossa missão em RoadCraft, como o nome já sugere, é viabilizar rotas em terrenos exageradamente inóspitos, cheios de obstáculos naturais, como depressões, morros, aclives, valas, atoleiros e barrancos. Para essa missão podemos contar com uma frota de veículos, que irão cuidar desde o transporte de materiais até a remoção de detritos.

Diferente dos outros títulos da série, nos quais controlamos majoritariamente veículos de carga, aqui também iremos dirigir outros tipos de máquinas para o preparo manual do terreno, como escavadeiras, empilhadeiras, guinchos e rolos compressores. Isso aumenta a gama de possibilidades de abordagem em cada missão.

Entretanto, a condução no geral se mostrou a mais fraca da série até o momento. Mesmo contando com recursos de pilotagem que influenciam na tração, e até as ferramentas usuais para identificação de objetos e profundidade do terreno, não fica muito aparente a influência do relevo nos diferentes tipos de veículo disponíveis. Guiar uma picape simples, por exemplo, tem a mesma complexidade de um caminhão ou um de jipe, o que mostra a diferença por trás do peso de cada um em um local íngreme.

Além disso, os desafios ao volante diminuíram. Não temos mais que lidar com a escassez de combustível ou a necessidade de possuir um macaco hidráulico em caso de atolamento. Inclusive, outro ponto contra nisso é que ao ressurgirmos automaticamente sempre podemos ser colocados muito longe do objetivo, já que só podemos reaparecer em algum posto já conquistado.

Isso também se aplica para o maquinário que tem funções únicas. A escavadeira, um dos primeiros veículos específicos que liberamos no jogo, é o perfeito exemplo de como a direção geral deixa a desejar, mas as funções próprias são bem bacanas. Considerando essas, há a possibilidade de controlar a sua pá frontal de maneira vertical e horizontal para remover entulho e empurrar objetos pesados, como carrocerias abandonadas.

Por outro lado, as missões agora se tornaram um pouco mais variadas, visto que não basta só ir a um ponto especificado, fazer reconhecimento com um drone e seguir para o próximo. É necessário explorar o mapa, identificar uma rota viável, coletar materiais específicos quando necessário e realizar a construção pedida, e isso nem sempre significa pavimentar uma estrada, mas também pode ser necessário construir aquedutos, que já são um outro tipo de estrutura.

Para cumprir com seu objetivo, é possível traçar uma rota de entrega e mandar caminhões pilotados pela inteligência artificial para realizarem as entregas mais volumosas, enquanto nos preocupamos com aspectos mais específicos, como remover obstáculos e nos certificarmos de que tudo chegará em segurança.

Destes obstáculos, também devemos nos atentar ao tipo de entulho que há pelo caminho, pois ele pode ser revertido em recursos preciosos. Alguns podem ser prontamente coletados e usados, mas outros precisam ser reciclados primeiro, o que adiciona uma segunda camada de estratégia e leva o jogador a prestar mais atenção por onde anda, além de ter uma percepção mais detalhada do local, pois quanto mais rotas nós conhecermos, mais fácil será de encontrar algo que possa nos ajudar no futuro.

Belas ruínas

A barra alta da série SnowRunner, e que RoadCraft mantém no mesmo nível, é a de apresentar grandes paisagens que misturam beleza e complexidade. Não ache estranho se, no meio de uma missão, você parar para admirar a vastidão do lugar que precisa ser explorado, e olha que dessa vez estamos falando de lugares que foram danificados pela força da natureza, como chuvas torrenciais e incêndios.

Então, mais uma vez, vale a pena citar que faz muita falta um modo foto, pois quem gosta desse tipo de jogo com certeza iria se empolgar em realizar algumas montagens com seu maquinário bruto subindo um prédio em ruínas em pleno pôr do sol. Mas não basta ser bonito se não for funcional, e essa é outra característica que RoadCraft também entrega muito bem.

Por mais que a direção dos carros em si não seja das mais apuradas, a física exercida por cada trecho do ambiente sempre é levada em consideração, o que aumenta a imersão que proporcionada pelo jogo. É fácil escalar uma sequência de pedras e atravessar um riacho com um jipe, que tem motor mais alto e torque mais potente, mas você provavelmente terá que tentar um caminho diferente com um guindaste, já que seu peso vai transformar um caminho simples em uma via bastante tortuosa.

Nesse vai e vem, o que aparece para atrapalhar um pouco é a câmera. Ela pode ser controlada livremente, tanto em termos de direção quanto de proximidade. Só que esta última é regulada pelo mesmo analógico responsável por guiar o carro, o esquerdo. Sendo assim, algumas vezes a câmera irá se afastar e se aproximar contra nossa vontade. Além disso, ela sempre voltará para a posição inicial ao entrarmos em algum menu ou após alguma animação, o que faz com que se torne meio chato realizar acertos constantemente.

Outro detalhe visual inusitado é que em nenhum momento vemos os braços do piloto quando jogamos em primeira pessoa. Todos os detalhes da cabine do carro, caminhão, empilhadeira, ou o veículo que for, estão lá. Até o detalhe da chave na ignição com uma correntinha ganhou um carinho, mas só temos um volante girante, sem as mãos de ninguém. Mas fiquem tranquilos, pois se colocarmos em terceira pessoa o nosso profissional contratado está lá sentadinho para realizar o serviço dele.

A parte sonora não traz músicas, se baseando totalmente em sons particulares do ambiente, o que aqui faz toda a diferença. O som de árvores quebrando, relâmpagos cortando os céus em meio a um temporal, o som dos caminhões barulhentos enquanto a fumaça preta do diesel toma a tela após dar a partida casam muito melhor com a proposta de RoadCraft do que se tivessem desenvolvido qualquer tipo de trilha de fundo.

Pavimentando o caminho para um novo horizonte

RoadCraft pode ter deslizado de leve em um ponto vital da jogabilidade, mas é inegável que a nova proposta de missões, que abordam mais que explorações, aumenta o leque de possibilidades até para futuros jogos. Poder pilotar veículos de maquinário pesado e colocar a mão na massa, além de poder delegar uma frota automática para realizar as tarefas específicas de transporte foram fatores chaves para diversificar as missões e evitar a sensação de repetitividade dos jogos anteriores.

Prós

  • As missões trazem uma variedade interessante entre reconhecimento, abastecimento, transporte e construção;
  • Possibilidade de dirigir não somente carros pesados, mas outros tipos de maquinários de construção, como escavadeiras e rolos compressores, todos esses com alto nível de detalhes e funções únicas;
  • Poder contar com uma frota automatizada evita com que o jogador passe tempo desnecessário indo e voltando pelo mapa milhares de vezes.
  • Excelente visual para os lugares, com o devido apoio sonoro ambiental.

Contras

  • O controle dos carros no geral é um pouco mais impreciso do que anteriormente e o medidor de combustível foi retirado;
  • Por mais que o terreno influencie no veículo, parece que todos reagem da mesma maneira, mesmo com diferentes dimensões e pesos;
  • Ausência de um modo foto;
  • Nem sempre a câmera obedece a nossa vontade.
RoadCraft — PC/PS5/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Focus Entertainment
OpenCritic
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Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no @carlos_duskman
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