Análise: Ambidextro dá um nó em nosso cérebro de uma maneira viciante

Aprenda, de um jeito ou de outro, como realmente jogar usando as duas mãos.

em 07/05/2025
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Antes de mais nada: você já tentou realizar duas tarefas ao mesmo tempo usando as duas mãos? Quão habilidoso você é nisso? Ambidextro propõe uma experiência de jogo inusitada e inteligente, desafiando o jogador a usar ambas as mãos simultaneamente. A dinâmica pode ser caótica e até frustrante, mas, ainda assim, oferece momentos divertidos. É o que vamos conferir em mais detalhes a seguir.

Um problema de proporções dobradas

A rainha teve seus filhos, o príncipe e a princesa, sequestrados por uma bruxa, que os levou para partes distintas do reino. Diante disso, ela ordenou que seu mago os resgatasse. No entanto, a monarca rejeitou a sugestão do ancião de salvar um deles primeiro e, só depois, partir em busca do outro.

Tomada pela fúria, a rainha desferiu um poderoso golpe de espada, partindo o mago em duas metades. Em seguida, exigiu que ele resgatasse as duas crianças ao mesmo tempo. O problema é que o feiticeiro não consegue controlar seu corpo dividido.

Irritada, ela ordenou que as duas partes fossem lançadas nas masmorras do castelo, proibindo sua saída até que aprendesse a dominar sua nova condição. É nesse ponto que entramos na história: controlamos as duas metades do mago ao mesmo tempo, ajudando-o a escapar dessa enrascada.

Um multiplayer para um só jogador

Ambidextro é descrito pelo estúdio Majorariatto como uma experiência multiplayer para um só jogador. No controle das duas metades do mago, o objetivo é concluir 100 níveis nas masmorras do castelo antes de enfrentar o estágio final para salvar os filhos da rainha.

Como o nome sugere, o jogo gira em torno da ambidestria — a habilidade de usar as duas mãos com a mesma destreza. Exemplos comuns incluem pessoas que escrevem com as duas mãos ou atletas que chutam bem com os dois pés.

Em Ambidextro, nossa missão é dominar a arte da movimentação em plataforma com as duas mãos. A jogabilidade nos desafia em salas das masmorras, onde controlamos as duas metades do mago simultaneamente. O objetivo é reunir as duas partes antes que o tempo se esgote para avançar ao próximo nível.

No início, os desafios são simples e apresentam poucos obstáculos. À medida que progredimos, os níveis se tornam mais complexos, com armadilhas como espetos no chão e no teto, plataformas que desabam, bolas de fogo que cruzam as salas e esferas de ferro em movimento, entre outros perigos.

Cada estágio concluído nos leva ao seguinte, com dificuldade crescente que exige raciocínio rápido e coordenação precisa para movimentar as duas metades do mago ao mesmo tempo.

Um verdadeiro exercício de coordenação

Inevitavelmente, vamos falhar diversas vezes — até mesmo nos níveis mais básicos. Sempre que cometemos um erro ou o tempo se esgota, a fase é reiniciada imediatamente, permitindo tentativas sucessivas até acertarmos.

Durante minha jogatina, houve vários momentos em que passei muitos minutos tentando superar fases, errando por descuido. Tentar driblar a principal regra do jogo não funciona. Por exemplo, mover apenas uma das metades do mago enquanto a outra espera não é uma estratégia viável.

A única forma de “quebrar” o jogo seria jogando com outra pessoa, cada uma controlando uma metade. Isso, claro, descaracteriza a proposta, porém pode ser uma alternativa para quem tiver dificuldade em desenvolver a coordenação exigida por Ambidextro e, ainda assim, quiser concluir o jogo.

O level design é inteligente e nos obriga a jogar com as duas mãos ao mesmo tempo. Enquanto alguns níveis precisam ser concluídos em cerca de 5 segundos, outros oferecem um tempo um pouco maior, entre 10 e 15 segundos. Cada fase foi cuidadosamente projetada para representar um desafio — muitas vezes bastante difícil, mas não impossível.

Para tornar a experiência mais variada, o jogo oferece a opção de níveis com ordem aleatória e também versões espelhadas das fases. Assim, ao concluir o nível 1, o próximo pode ser o 22, o 48 ou até o 99. No entanto, o nível 101, o desafio final, só é desbloqueado após a conclusão de todos os 100 anteriores.

A jogabilidade no teclado é bastante intuitiva: cada mão em um lado, controlando uma metade do mago. Também é possível jogar com um controle, usando os botões de ombro ou gatilhos para pular. A acessibilidade é um ponto positivo, com uma personalização ampla dos comandos — é possível atribuir qualquer tecla ou botão às ações de movimento e salto das duas metades do personagem.

Recomendo? Com certeza! Ambidextro oferece uma experiência única, envolvente e com um grau de desafio notável, que vale a pena encarar. A estética retrô, com gráficos, filtros de imagem e sons inspirados em clássicos, adiciona um charme especial à jornada. Depois de tanto tempo jogando, acho que já consigo mexer dois copos de achocolatado ao mesmo tempo... ou quase.

Uma mão salva a outra

Ambidextro é uma daquelas experiências que parecem simples à primeira vista, porém rapidamente revelam sua profundidade. Com um conceito criativo, execução precisa e uma curva de aprendizado desafiadora, o jogo oferece uma proposta única que testa não apenas nossa coordenação motora, mas também nossa paciência e persistência.

Ele consegue ser frustrante e viciante na mesma medida — uma combinação que, quando bem dosada, resulta em uma experiência marcante. Para quem busca algo fora do convencional e gosta de se colocar à prova, Ambidextro é uma excelente pedida.

Prós

  • Proposta original e bem executada;
  • Level design criativo e desafiador;
  • Alta rejogabilidade com níveis aleatórios e versões espelhadas;
  • Estilo retrô charmoso com bons efeitos visuais e sonoros;
  • Controles personalizáveis e acessibilidade bem implementada.

Contras

  • Pouca quantidade de modos alternativos pode limitar o apelo após a conclusão da campanha;
  • A jogabilidade exige bastante coordenação, tornando o título pouco atraente para o grande público.
Ambidextro — PC/XSX/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Alessandra Ribeiro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Majorariatto
OpenCritic
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Alexandre Galvão
Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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