Análise: Pirates VR: Jolly Roger — Uma aventura imersiva entre tropeços e tesouros

Aventura de piratas encanta pelos visuais e pela ambientação, mas tropeça em combates rasos e falhas técnicas que atrapalham a imersão.

em 27/05/2025
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Os piratas sempre exerceram fascínio no imaginário popular — símbolos de aventura, mistério e rebeldia. Pirates VR: Jolly Roger aposta justamente nesse universo para oferecer uma experiência em realidade virtual leve e fantasiosa, recheada de cavernas sombrias, tesouros escondidos e esqueletos amaldiçoados. Mas será que a jornada compensa a travessia? A seguir, exploramos os pontos altos e baixos dessa aventura pelos sete mares.

Ambiente imersivo e exploração instigante, apesar dos tropeços técnicos

Desde o primeiro momento com o headset de realidade virtual, Pirates VR: Jolly Roger conquista pela atmosfera. O jogo se destaca ao recriar uma ilha caribenha com riqueza de detalhes e uma direção artística que mistura o exótico com o misterioso. As paisagens tropicais são vibrantes, com praias de águas cristalinas, cavernas sombrias e embarcações naufragadas que despertam curiosidade a cada nova área. 

A iluminação dinâmica, os efeitos de sombra e pequenos detalhes ambientais — como musgos que indicam pontos de escalada ou pedras submersas que emitem sons ao serem atravessadas — reforçam a sensação de presença no mundo do jogo. É uma ambientação que convida à exploração e entrega, visualmente, aquilo que o imaginário popular espera de uma jornada pirata. Felizmente, a jogabilidade acompanha esse espírito explorador. A travessia pela ilha permite escalar penhascos, mergulhar, deslizar por cordas e solucionar pequenos mistérios. 

A estrutura linear não impede o senso de descoberta, já que o jogo recompensa a curiosidade com objetos colecionáveis, tesouros escondidos e desafios extras, como provas de escalada e arremesso de machado. Porém, essa experiência positiva é frequentemente comprometida por problemas técnicos. Texturas que não carregam, superfícies planas destoantes, pop-ins visuais e falhas de colisão afetam a imersão. Em certos trechos, é possível ficar preso no cenário sem uma forma direta de reinício, obrigando o jogador a se “matar” para retomar o progresso. 

A ausência de um botão de salto e limitações de estamina durante a escalada também dificultam a fluidez da movimentação, especialmente quando a resposta dos controles não é precisa. Apesar dessas falhas, a ambientação e a exploração seguem como os principais pontos fortes de Jolly Roger. A ilha amaldiçoada pode não oferecer um mundo vasto ou repleto de sistemas complexos, mas entrega uma fantasia de piratas carismática, envolvente e visualmente agradável — desde que o jogador esteja disposto a navegar por algumas águas turvas no caminho.

Combate superficial e enigmas irregulares

Se por um lado Pirates VR: Jolly Roger capricha na ambientação e na exploração, por outro, deixa a desejar quando o assunto é combate. As batalhas são centradas quase exclusivamente em confrontos contra esqueletos armados, que pouco variam em comportamento ou desafio. A maior parte desses inimigos pode ser derrotada com um único tiro bem direcionado, o que enfraquece o senso de progressão e de ameaça ao longo da campanha. 

A interação com as armas também carece de profundidade. A recarga da pistola, por exemplo, resume-se a aproximá-la de uma bolsa de munição, sem qualquer elemento manual ou resposta tátil envolvente. Em momentos de combate mais intensos, a detecção de acertos se mostra imprecisa: tiros disparados de perto às vezes falham em quebrar objetos ou atingir inimigos, revelando hitboxes inconsistentes. Já a lanterna mágica, que pode ser carregada para disparar um feixe de luz ofensivo, introduz uma camada estratégica ao exigir o uso consciente do óleo disponível, porém não chega a transformar a dinâmica de combate de forma significativa. 

Os enigmas, por sua vez, variam bastante em qualidade. Alguns são engenhosos, como aqueles que exigem o uso da lanterna para revelar pistas ocultas em paredes ou a memorização de padrões visuais. Outros, no entanto, apostam no cansaço do jogador ao depender de tentativa e erro, sem fornecer indicações claras do caminho a seguir. Isso é particularmente frustrante em trechos mais avançados, onde a solução depende da ordem exata de ações, mas não há pistas visuais ou sonoras suficientes para guiar o raciocínio de forma justa. 

No geral, tanto os combates quanto os quebra-cabeças cumprem seu papel funcional dentro da proposta do jogo, porém raramente surpreendem ou engajam de maneira profunda. São elementos que servem mais como pontes entre os momentos de exploração do que como pontos de destaque. E embora não sejam desastrosos, acabam deixando a sensação de que o potencial lúdico do universo de piratas poderia ter sido explorado com mais criatividade e refinamento.

Um tesouro com brilho, mas coberto de areia

Pirates VR: Jolly Roger entrega exatamente aquilo que promete: uma experiência leve e divertida ambientada no universo dos piratas, com direito a cavernas assombradas, tesouros escondidos e um papagaio sarcástico como companhia. O jogo não busca reinventar o gênero ou oferecer uma jornada épica — ele aposta no carisma e na ambientação para capturar a atenção do jogador ao longo de sua curta campanha. 


No entanto, é impossível ignorar suas limitações. O combate é raso, os enigmas oscilam entre o criativo e o irritante, e falhas técnicas comprometem a imersão com mais frequência do que deveriam. A falta de polimento em certas mecânicas e elementos visuais transmite a sensação de uma oportunidade parcialmente desperdiçada, especialmente em um universo tão rico em possibilidades narrativas e interativas como o dos piratas. 

Ainda assim, para quem busca uma aventura descontraída, com belos cenários e foco em exploração, Jolly Roger pode oferecer algumas horas agradáveis de escapismo virtual. É um daqueles jogos que encantam mais pelo espírito do que pela execução — e, com ajustes, poderia navegar por águas bem mais promissoras.

Prós

  • Ambientação visual envolvente e bem construída;

  • Exploração variada com boa recompensa;

  • Boa ideia de puzzles com uso criativo de elementos do cenário.

Contras

  • Combate repetitivo e sem profundidade;

  • Problemas técnicos frequentes (colisão, texturas, falta de polimento);

  • Duração curta e pouca variedade de desafios.


Pirates VR: Jolly Roger — PC/PS5 — Nota: 6.0

Versão utilizada para análise: PS5

 Revisão: Alessandra Ribeiro
Análise feita com cópia digital cedida pela VRKiwi

OpenCritic
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Lyon Saluchi
Lyon é Físico, Engenheiro e Professor, além de grande entusiasta de jogos de plataforma 3D e JRPGs. Adora mergulhar em mundos fantásticos e explorar narrativas profundas, mas também não resiste a uma partida casual de algo criativo ou inesperado. Nas horas vagas, está sempre à procura de novos desafios, seja na vida real ou nos games.
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