Análise: Onimusha 2: Samurai's Destiny retorna em um remaster de qualidade

A Capcom nos entregou a forma definitiva de jogar mais um clássico do PlayStation 2.

Dentre as produções mais populares da Capcom nos anos 2000, Onimusha era uma das que estavam no primeiro escalão da empresa, ao lado de Devil May Cry e Resident Evil. Misturando as ideias de Resident Evil com uma pegada de ação corpo a corpo, a série teve quatro lançamentos principais, além de spin-offs, mas acabou entrando em hiato dentro do catálogo da Capcom após o quarto título.


Com o novo jogo previsto para 2026, a desenvolvedora preparou o remaster do segundo título: Onimusha 2: Samurai’s Destiny. Lançado originalmente em 2002, a aventura se passa algumas décadas depois da derrota de Oda Nobunaga nas mãos de Samanosuke.

O guerreiro Jubei

Onimusha 2 já começa nos mostrando que o senhor da guerra, Oda Nobunaga, retornou do mundo dos mortos para causar terror novamente no Japão. Em um de seus ataques pelo país, ele atinge a aldeia de Jubei Yagyu, um prodígio guerreiro que estava fora quando começou a invasão demoníaca.

Chegando tarde demais à sua aldeia, Jubei é instruído por um espírito que se identifica como sua mãe, dizendo que é seu dever lidar com Nobunaga e o mundo dos demônios. Munido de sua espada e com o poder de absorver as almas dos inimigos derrotados, o samurai deve contar com seus amigos e sua bravura para salvar o Japão mais uma vez.

Assim como no primeiro jogo, Onimusha 2 utiliza uma estrutura similar à de Resident Evil na exploração dos cenários. Devemos atravessar diversos locais construídos com imagens pré-renderizadas em busca de itens importantes, como chaves, armas e consumíveis, enfrentando hordas de criaturas pelo caminho e resolvendo enigmas.

O combate é bastante familiar e fácil de se acostumar, com um combo básico para cada arma, um ataque especial que consome a barra de espírito, além de outros movimentos adicionais que podem ser desbloqueados durante a aventura. Não há a complexidade de Devil May Cry nas combinações, mas isso não chega a fazer falta, dada a proposta do jogo.

Aqui entram algumas boas melhorias de qualidade de vida no remaster de Samurai’s Destiny. Agora há a opção de usar controle 3D — ou seja, para onde o jogador apontar o direcional, Jubei irá se mover. Durante os combates, essa liberdade é muito bem-vinda para melhorar o posicionamento do protagonista diante dos inimigos.

Outra adição bacana está na troca dinâmica de armas: basta segurar um botão e mover o direcional para alternar entre armas de curto e longo alcance. Considerando que os ataques especiais são bastante úteis em várias situações, essa é uma grande melhoria que torna a remasterização a maneira definitiva de se jogar Onimusha 2: Samurai’s Destiny hoje.

Claro, ainda há problemas inevitáveis com o uso de câmera fixa. A troca de ângulos em relação à direção do analógico, por exemplo, exige um período de adaptação, motivo pelo qual eu ainda prefiro o controle de tanque durante a exploração. Além disso, enfrentar inimigos em locais apertados quase sempre causa troca de câmera ao alcançar uma extremidade da tela, o que pode ser confuso no início.

Onimusha 2: Samurai’s Destiny apresenta um sistema ousado para a época, baseado no relacionamento com NPCs. Podemos oferecer presentes a alguns personagens para receber itens ou ajuda em momentos pontuais.

Ajustando a lente das fotos

Onimusha 2 não alcançava o mesmo nível gráfico do remake de Resident Evil lançado para o GameCube no mesmo ano, mas o PlayStation 2 entregava algo bastante próximo. Os cenários ainda são belíssimos, com animações fluidas e um uso mais ousado da capacidade 3D do console para criar ambientes mais vivos.

Mas o que mais impressiona, considerando que se trata de um jogo com mais de duas décadas desde seu lançamento, é a qualidade dos modelos. Além de bem construídos e detalhados, as expressões faciais são bastante convincentes para a época, com a maioria das cutscenes sendo feitas com os próprios gráficos in-game.

Acho interessante como as cenas da história são dirigidas, utilizando ângulos de câmera que não são vistos durante a jogabilidade, unicamente para realçar a narrativa. Como esperado de uma obra desse tipo, há uma clara influência de Akira Kurosawa na direção, com toques de tokusatsu na construção dos vilões.

Assim como em Onimusha: Warlords, a Capcom utilizou ferramentas de escalonamento de resolução para dar uma aparência de alta definição aos cenários pré-renderizados de Onimusha 2. O resultado ficou excelente, com pouquíssimos momentos em que alguma estranheza visual compromete a direção de arte original. Os modelos de personagem também foram refinados para se integrarem melhor aos cenários detalhados.

O jogo foi adaptado para proporção widescreen, cortando parte da imagem vertical, a fim de preencher a tela na largura. A consequência é que a câmera se move de acordo com a posição de Jubei, uma solução válida para quem prefere evitar as bordas pretas laterais — algo que não me incomoda, então joguei em 4:3 mesmo.

Vale lembrar que todo o conteúdo do lançamento original está presente aqui, incluindo minigames, skins alternativas e até algumas roupas novas, como o traje de Samanosuke disponível para Jubei. Também há uma galeria de artes conceituais robusta, agora em alta definição e apresentadas com toda a qualidade que merecem.

Para acompanhar a espetacular trilha sonora original, que foi mantida e apenas recebeu melhorias sonoras, agora também é possível selecionar as vozes em japonês diretamente no menu. A dublagem em inglês da época também está disponível, trazendo aquelas atuações caricatas típicas da Capcom no início dos anos 2000.

A forma definitiva de mais um clássico da Capcom

Apesar de ser, na minha opinião, o Onimusha mais fraco, Onimusha 2: Samurai’s Destiny continua sendo um grande clássico da sexta geração de consoles e um dos títulos mais ambiciosos de sua época. Mesmo que o sistema de presentes não se encaixe perfeitamente ao ritmo de ação e à exploração da franquia, ele serve como incentivo para revisitas, seja em busca de finais alternativos ou para melhorar o desempenho no ranking.

O trabalho de remasterização é mais um acerto da Capcom atual, que conseguiu adaptar com primor um jogo de cenários pré-renderizados para a alta definição. Com melhorias de qualidade de vida e acessibilidade em plataformas modernas, esta é, sem dúvida, a forma definitiva de encerrar (mais uma vez) a tirania de Oda Nobunaga.

Prós:

  • Cenários e vídeos pré-renderizados escalonados com empenho para alta definição;
  • Melhorias da jogabilidade são bem-vindas, especialmente na troca de armas em tempo real;
  • Opção de jogar com áudio original em japonês;
  • Galeria com diversas artes com qualidade;
  • Tradução de textos para português foi finalmente adicionada;
  • Onimusha 2 ainda é um sólido jogo de ação, mesmo mais de 20 anos depois.

Contras:

  • A mecânica de dar presentes para os NPCs não casa tão bem com o ritmo de Onimusha, apesar de motivar o fator replay com os finais diferentes;
  • Ainda é difícil lidar com as trocas de câmera usando controles modernos.
Onimusha 2: Samurai’s Destiny — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Heloísa D’Assumpção Ballaminut
Análise produzida com cópia digital cedida pela Capcom
OpenCritic
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Alecsander "Alec" Oliveira
Estudante de enfermagem de 25 anos, está nesse mundo dos joguinhos desde criança. Fã de games com vibe mais arcade e arqueólogo de velharias, mas não abandona experiências mais atuais. Acompanha a mídia de podcasts, dublagem e ouvinte assíduo de VGM. Pode ser encontrado como @AlecFull e semelhantes por aí.
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