Análise: Duck Detective: The Ghost of Glamping mantém a qualidade do anterior, mas também comete os mesmos erros

Eugene McQuacklin está de volta, e agora acompanhado do seu fã número 1 para resolver um caso mal-assombrado.

O nosso intrépido pato detetive está de volta com mais um mistério maior do que parece para resolver em Duck Detective: The Ghost of Glamping. Agora acompanhado (contra sua vontade), ele deve desvendar qual a verdade por trás de uma aparição fantasmagórica em um acampamento de luxo.

Uma dupla improvável

Já mostrando seu humor característico, o jogo mais uma vez usa a desgraça pessoal de Eugene McQuacklin para mostrar como funciona a mecânica de investigação de Ghost of Glamping. Se antes o divórcio era um problema, agora nosso inspetor com penas também foi despejado. Para sua sorte, Freddie Frederson, um dos suspeitos da aventura anterior e maior fã dos livros de McQuacklin, arranjou um quartinho para ele ficar (por enquanto).

Seguindo o mesmo molde do primeiro jogo, devemos coletar provas pela checagem de itens e conversas com os suspeitos para completar os blocos de conclusão de Eugene. Após captar palavras-chave com base na análise do perfil das pessoas envolvidas e de itens importantes, conseguimos realizar deduções e passar para o próximo mistério.

Como Eugene estava meio cabisbaixo com sua atual situação, que envolvia o despejo e o desprezo da sua ex-esposa, Freddie resolve juntar o útil ao agradável e marca um glamping, que é um acampamento em tendas luxuosas, como se fosse um resort. A ideia do jacaré era unir o útil ao agradável: conhecer sua namorada virtual, que ainda nunca havia visto pessoalmente, e fazer Eugene se envolver com um novo caso, agora baseado na lenda de um sanatório assombrado. 

Apesar da relutância, Eugene aceita ir — mesmo que, aparentemente, segure a vela do casal virtual —, mas as coisas saem do controle e uma trama muito maior se desdobra, com direito a espionagem internacional e revelação de paternidade. É uma guinada que, aparentemente, parece brusca, porém novamente temos a criatividade da narrativa trabalhando muito bem.

À medida que vamos realizando investigações, os assuntos vão se encaixando de maneira natural e, dessa vez, Eugene usa as interações com Freddie para juntar os pontos, o que torna tudo mais hilário dado o deslumbramento do nosso parceiro. Cada conversa isolada, com trechos que variam entre duvidar da capacidade de dedução do detetive pato até desabafos pessoais inesperados, mostra a personalidade única dos diversos suspeitos com os quais temos que interagir.

Infelizmente, outras duas similaridades que The Ghost of Glamping tem com The Secret Salami são a curta duração e a ausência de textos em português. É possível completar todos os objetivos em menos de três horas tranquilamente, e por mais que o jogo seja tão divertido a ponto de nem percebermos o tempo passar, quem não dominar o inglês, mais uma vez, vai ficar boiando em uma série de trocadilhos e informações importantes.

Sem deixar nenhum canto para lá

A combinação de visual colorido, com personagens que se movem como recortes de papel em um ambiente tridimensional, trilha sonora noir e ótimas interpretações dos dubladores está de volta e tão competente quanto no primeiro jogo. Inclusive, um ponto de destaque positivo é o mapa que precisamos vasculhar.

O acampamento é amplo, com diversas áreas para serem exploradas, tornando-o mais interessante do que o departamento de trânsito do outro caso. Além dos cenários comuns, é possível entrar em cada uma das barracas de luxo, na administração do camping e até no subsolo, que nos levará ao interior do sanatório mal-assombrado.

Um ponto de atenção é que uma das áreas do camping tem um filtro verde, que até faz sentido para a história, mas atrapalha na visualização do indicativo que mostra o que ainda não foi visto (amarelo) e o que já foi investigado (rosa).  

Por mais que este título também tenha seu charme, quem jogou o anterior vai ficar com a sensação de que ambos poderiam ser capítulos diferentes de uma coisa só, pois eles possuem até o mesmo layout e padrões de cores para os menus. Quem sabe um pequeno desfecho pós-créditos baseado na vida de Eugene, que não se limitasse a apenas uma cena, poderia pelo menos dar uma sobrevida à The Ghost of Glamping.

“Eu sou um pato, Freddie. O resto é mero apêndice…”

Duck Detective: The Ghost of Glamping traz todas as coisas boas do primeiro jogo, com mais uma ótima história, porém decide jogar seguro e não ousar em criar coisas novas. Logo, temos mais um jogo curto que deixa a sensação de que poderia render um pouco mais, apesar da sua inegável qualidade.

Prós

  • História criativa e cheia de reviravoltas bem sacadas, cheias de bom humor;
  • O esquema de dedução ainda se mostra muito bom e intuitivo;
  • O estilo artístico é carismático, com ainda mais personagens únicos;
  • Ótima dublagem;
  • O mapa é maior do que o do jogo anterior.

Contras

  • Curta duração;
  • Ausência de textos em português;
  • Uma parte do mapa tem um filtro que dificulta a visibilidade dos pontos de interesse;
  • Com exceção da história, não há nenhuma inovação, de fato, em relação ao primeiro jogo.
Duck Detective: The Ghost of Glamping — PC/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Alessandra Ribeiro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Happy Broccoli Games
OpenCritic
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Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no @carlos_duskman
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