Análise: Soulslinger: Envoy of Death esbanja estilo, mas fica devendo no resto

Seja um emissário da Morte em um roguelike em primeira pessoa estiloso, mas pouco empolgante.

em 30/04/2025
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Soulslinger: Envoy of Death nos transporta para um universo de faroeste fantástico, onde assumimos o papel de um emissário da Morte em busca do líder de um cartel no Limbo. Após pouco mais de um ano em acesso antecipado, testamos a versão completa recentemente lançada. O resultado você confere a seguir.

O emissário da Morte

Soulslinger: Envoy of Death nos leva a uma aventura sobrenatural com inspirações no Velho Oeste. No papel de um pistoleiro a serviço da Morte, nossa missão é rastrear e eliminar os membros de uma organização conhecida como O Cartel, que está coletando almas no submundo com o objetivo de escapar dessa dimensão e invadir o mundo dos vivos.

O principal alvo é o Rei Amaldiçoado, líder da organização. Armado com uma pistola e movido por um propósito sombrio, o protagonista deve atravessar as profundezas do Limbo para cumprir sua missão. No entanto, memórias fragmentadas de sua vida passada começam a emergir, abalando sua sanidade e revelando um novo sentido para sua existência.

Nessa jornada repleta de tiroteios e mistérios, cabe a nós guiar o pistoleiro pelas camadas mais obscuras do Limbo, enfrentando os perigos do submundo e as ameaças do Cartel, enquanto desvendamos os segredos de seu passado.

Adentre o além, caia e repita

Soulslinger: Envoy of Death é um roguelike em primeira pessoa em que assumimos o papel de um pistoleiro a serviço da Morte, em uma experiência de ação rápida na qual cada decisão pode influenciar a vitória ou a derrota.

O objetivo é eliminar inimigos em diferentes áreas até enfrentar o chefe de cada cenário e avançar para os estágios seguintes. Cada ambiente possui múltiplos níveis que precisam ser concluídos para garantir a progressão do jogador.

O pistoleiro pode carregar até duas armas e, ao final de cada nível, escolher uma entre três melhorias temporárias. Essas habilidades podem ser passivas — aumentando ataque, defesa ou pontos de vida — ou ativas, concedendo efeitos especiais que imbuem as armas com atributos elementares.

Cada estágio oferece um tipo específico de aprimoramento, com salas que indicam o tipo de recompensa disponível a seguir. Essa estrutura reforça a característica central do gênero: construir uma combinação eficaz de habilidades (build) é essencial para o sucesso.

Durante a jornada, o jogador coleta moedas, utilizadas para comprar melhorias em salas de comércio, e também as chamadas Lágrimas do Esquecimento, um recurso usado para desbloquear aprimoramentos permanentes no Haven — o hub central que conecta o jogador ao Limbo e serve como ponto de retorno após cada tentativa.

Em resumo, Soulslinger propõe uma dinâmica de progressão contínua, em que cada incursão permite acumular recursos, fortalecer o personagem e chegar mais longe a cada nova tentativa.

Um universo interessante em um jogo que não empolga

A premissa de Soulslinger é bastante interessante. Conforme avançamos em cada tentativa de desmantelar o Cartel, a história vai ganhando camadas que despertam o interesse pelo enredo. Personagens como a própria Morte, a emissária Lady Valorie e o excêntrico Olho Morto — um pirata que administra a loja de melhorias — compõem um roteiro que valoriza o universo criado pela Elder Games.

A ambientação, que mistura faroeste com fantasia sombria, é cativante. Destacam-se a excelente atuação de voz do elenco e a direção de arte, que mescla elementos sobrenaturais com o estilo western de forma convincente — um dos pontos altos da experiência.

No entanto, apesar do cuidado na criação desse mundo, o mesmo elogio não se estende à jogabilidade. A ação, que começa de forma modesta e controlada, rapidamente se torna caótica e desafiadora.

Para quem aprecia jogos de ação, Soulslinger pode ser uma recomendação válida. Porém, por ser um roguelike, até mesmo jogadores familiarizados com o gênero podem achar a experiência cansativa e, em alguns momentos, desnecessariamente difícil.

Um dos aspectos mais frustrantes foi a demora em obter recursos suficientes para realizar aprimoramentos. Levei cerca de duas horas de jogo, com aproximadamente uma dezena de tentativas, até conseguir evoluir armas e atributos de forma perceptível e sentir uma diferença em meu nível em comparação com os inimigos mais fortes. Essa demora em realizar melhorias, que em teoria são simples, passa uma sensação de progressão lenta, desestimulando a jogatina.

O nível de desafio aumenta rapidamente, surpreendendo jogadores desatentos ao que acontece ao redor. Frequentemente, sofri dano excessivo devido à agressividade e à quantidade de inimigos em tela, o que resultou em derrotas prematuras e, por vezes, frustrantes.

O desempenho técnico também prejudicou a experiência em certos momentos, com quedas bruscas na taxa de quadros. Esse problema, recorrente durante o acesso antecipado, ainda persiste mesmo após o lançamento oficial, embora continue sendo tratado por meio de atualizações.

O suporte a controles ainda precisa de melhorias. Confesso que não sou muito habilidoso jogando no teclado e mouse, mas mesmo com um controle, a navegação pelos menus foi problemática. No início, até a seleção de melhorias ou armas apresentava falhas — algumas delas já corrigidas em atualizações posteriores.

Em resumo, para quem tem habilidade e paciência, Soulslinger pode oferecer uma experiência interessante além da narrativa. No entanto, o jogo demora a engatar de fato, e a recorrência de derrotas pode torná-lo menos gratificante do que sua apresentação sugere.

No limbo do desinteresse

Soulslinger: Envoy of Death é um título com uma identidade visual marcante e uma proposta narrativa ousada, que mistura faroeste e fantasia sombria de forma criativa. Seu universo rico, com personagens e ambientação interessantes até ajudam na apresentação do projeto da Elder Games.

No entanto, esse potencial é parcialmente comprometido por problemas de desempenho, ritmo desequilibrado de progressão e dificuldade acentuada, que podem afastar jogadores menos pacientes ou não familiarizados com o gênero roguelike, o que pode acarretar em um eventual desinteresse pelo jogo.

Ainda assim, para quem aprecia desafios constantes e tem interesse em narrativas envolventes, Soulslinger pode oferecer uma experiência gratificante — desde que se esteja disposto a enfrentar suas arestas técnicas e seu sistema de progressão punitivo para ver o que o jogo tem a oferecer.

Prós

  • Ambientação original que mistura western e fantasia sombria com competência;
  • Jogabilidade com foco na ação e agilidade.

Contras

  • A demora em realizar melhorias significativas torna a progressão lenta;
  • Quedas de desempenho e instabilidades pontuais comprometem a experiência;
  • Navegação nos menus com controles ainda pouco intuitiva;
  • A sensação de evolução do personagem demora a ser percebida, gerando desinteresse.
Soulslinger: Envoy of Death — PC — Nota: 6.0
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Headup
OpenCritic
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Alexandre Galvão
Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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