Análise: X-Out: Resurfaced — O remake de um clássico das profundezas

Mergulhe em cavernas e exploda monstros marinhos em uma releitura de uma lenda dos shooters.

em 24/02/2025
O pessoal da nostalgia tem mais uma pérola longínqua ressurgindo das cinzas. X-Out: Resurfaced é um remake do clássico lançado para o Commodore 64 em 1989. O shoot ‘em up se destacou na época por ter fases voltadas para o ambiente submarino, em contrapartida aos demais títulos do mesmo gênero que sempre traziam combates no espaço. Apenas Darius, uma lenda dos shooters da Taito, havia explorado esse tipo de temática até então.

Exército de uma nave só

Resurfaced traz exatamente a estrutura do jogo original, ou seja: basta passarmos as oito fases que a vitória é garantida. O diferencial dele está em como configuramos nossa nave entre uma batalha e outra.

Antes de começar cada fase, passamos pela loja, que nos oferece uma gama de opções para construir nosso veículo. Temos quatro tipos diferentes de submarinos, cada uma com velocidades e pilotagens distintas e com a possibilidade de carregar quantidades diferentes de equipamentos. O mais lento, por exemplo, é o mais fácil de guiar e o mais barato, mas pode ter apenas dois incrementos. Já o mais veloz pode ter até oito tipos de armamentos, entre principais e auxiliares, mas é mais caro e tem uma dirigibilidade um pouco mais agressiva.

Quanto mais pontos fizermos em cada etapa, maior será o valor que poderemos gastar na loja. Isso adiciona uma leve camada de estratégia ao jogo, o que era um tanto incomum na época. Podemos nos arriscar incrementando apenas uma nave com todo poder de fogo possível ou tentar algo mais cauteloso, comprando mais de um submarino e distribuindo recursos mais modestos para tentar prolongar nossa vida.

Ainda assim, a dificuldade de X-Out pode ser cruel mesmo para os jogadores mais experientes. Algo que notei é que o “meio do jogo”, entre as fases 4 e 6, parecem bem mais punitivas que os estágios finais, por exemplo. Então, te garanto que se você sobreviver a essa parte do jogo, poderá finalizá-lo mesmo suando um pouco.

As cavernas subaquáticas também são impiedosas. Se no meio da chuva de tiros podemos levar diversos danos sem nem perceber, o impacto com alguma extremidade da tela ou qualquer obstáculo natural no caminho nos faz perder a vida instantaneamente; e se quem estiver no controle for um dos corajosos que decidiu levar uma nave só para a missão, é game over na certa.

Passar por essa provação submarina rende algumas recompensas. A conclusão do jogo libera algumas trapaças, como invencibilidade e pontos infinitos, assim é possível construir uma frota com as melhores combinações possíveis. Mas é claro que a vida não é um morango: ligar as trapaças desativa os troféus, então não achem que a platina será uma conquista fácil.

Modernizando um clássico

X-Out: Resurface deixa para trazer novidades nos aspectos estéticos. Como disse anteriormente, o jogo reproduz fielmente o conteúdo original, mas o visual contou com um pouco mais de liberdade. Mesmo mantendo o uso dos gráficos 8-bits, todos os sprites foram retrabalhados para se tornarem mais modernos. Podemos curtir todos os ambientes com a mesma essência de 1989, mas com todo o esplendor HD da tecnologia atual, inclusive preenchendo toda a tela na disposição 16:9 dos televisores atuais.

A trilha sonora também ganhou uma bela repaginada, com todos os arranjos originais do então desconhecido Chris Hülsbeck, que viria a se tornar conhecido pouco tempo depois, pelas composições da série Turrican, além de muitos outros jogos lançados para Amiga e PC da época. Ele volta para modernizar suas melodias, fazendo mais um trabalho impecável.

Quem quiser matar a saudade das músicas originais, pode usá-las livremente, escolhendo já no menu principal. Entretanto, não seria ruim se houvesse a possibilidade de jogar a versão original, mesmo que ela só fosse liberada após a conclusão do jogo ou atingindo alguma meta específica. Digo isso pois, com exceção dos ports ilegais, o X-Out original só foi lançado para Amiga, Amstrad CPC, Atari ST, e ZX Spectrum, além do Commodore 64.

Seria um desbloqueável interessante que também serviria para aumentar o fator replay de Resurfaced. Além do jogo convencional, é possível liberar o Mirror Mode, que consiste basicamente em passar por tudo de novo, mas com a orientação invertida (da direita para a esquerda). A possibilidade de ter dois jogadores cooperando de maneira local também é bacana, mas ainda assim não sustenta muito mais horas de diversão já oferecidas pelo single player.

Merece vir para a superfície de verdade

X-Out: Resurfaced é um ótimo jogo por si só, mas levando em consideração que muitos jogadores podem não conhecer sua origem, a chance de incluir o título original era algo que não poderia ser desperdiçado. Entretanto, a sacada de trazer o compositor original para fazer versões atuais do seu trabalho e modernizar o visual sem desrespeitar sua primeira caracterização dão um charme retrô a esse remake que pode ter um certo apelo com os fãs do gênero.

Prós

  • O remake resgata um jogo que inovou o gênero dos shoot ‘em ups nos anos 80/90;
  • A temática submarina dá uma cara única ao jogo, bem como a possibilidade de customizar o veículo;
  • Visuais retrabalhados em HD ficaram bem feitos;
  • Convidar Chris Hülsbeck para modernizar suas próprias composições foi uma ótima sacada, e é possível alternar entre as novas versões ou as originais;
  • Multiplayer local.

Contras

  • A dificuldade pode ser alta até para quem já está familiarizado com o gênero, trazendo alguns picos bem desafiadores em determinados momentos;
  • Baixo fator replay;
  • Poderiam ter incluído o jogo original de 1989, mesmo que fosse como um desbloqueável.
X-Out: Resurfaced — PC/PS5/Switch/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisor: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela ININ Games
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Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no @carlos_duskman
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