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Análise: Astro Pig (PC) entrega boas doses de carisma e desafio no espaço

Ajude um simpático porquinho a encontrar o que procura em uma galáxia que te deixará de ponta-cabeça.


Desenvolvido pelo estúdio brasileiro Garoa, Astro Pig nos conduz em uma aventura espacial ao lado de um destemido porquinho e seu computador de bordo cheio de personalidade. Nossa missão é auxiliá-lo na busca por peças após um acidente com sua nave, embarcando em uma jornada repleta de criaturas fantásticas, músicas contemplativas e desafiadores puzzles que vão nos deixar de ponta-cabeça.

Curtindo um som até que…

Buyk é um cadete espacial que, durante uma jornada misteriosa por território não mapeado junto com sua nave inteligente, sofreu um acidente e se vê forçado a procurar meios para consertar sua espaçonave. A jornada de nosso simpático suíno nos levará a encontros inusitados com habitantes de diferentes setores de uma galáxia desconhecida para resolver desafios que abrirão novos caminhos para encontrar o que estamos procurando.


Um dos principais destaques de Astro Pig está em sua trilha sonora do gênero Lo-Fi. Para quem desconhece, o nome é uma abreviação de "low fidelity" (baixa fidelidade), que se refere à qualidade do som, normalmente limitada pela condição financeira do artista e muitas vezes utilizando gravadores de áudio de baixa qualidade, geralmente de fitas cassete.

O gênero é o favorito de Buyk, e é ele quem embala nossa jornada por diferentes planetas desta desconhecida galáxia. Cada planetoide oferece uma série de puzzles que usam a física baseada em gravidade para nos fazer ativar alguns neurônios e encontrar a saída.


Via de regra, Buyk precisa acionar um portal de saída em cada tela através da ativação de pequenos satélites, levando-o para o próximo nível. Em alguns casos, os portais já estão ligados, restando apenas o trabalho de atravessar os obstáculos do cenário para alcançar o objetivo.

Ao saltar, o porquinho é "vítima" da lei da inércia; ou seja, só vai parar ou mudar de rota se outra força for aplicada, obrigando-o a mudar de direção. As chaves que Buyk coleta para ativar os mencionados satélites podem ser usadas para esse fim. Ao lançar uma delas enquanto ele estiver flutuando no espaço, ele é automaticamente jogado para a direção oposta. Muitos níveis abusam desta técnica para que possam ser concluídos.


Astro Pig conta com três mundos a serem explorados, cada um com uma quantidade de estágios para serem concluídos e dar prosseguimento à história. Alguns níveis extras, não obrigatórios para a conclusão da campanha, premiam o jogador com cartuchos para o GGS, um videogame portátil com minigames para nos entreter caso queiramos dar uma pausa na exploração.

Apresentação e desafio na medida certa

Astro Pig se destaca com uma apresentação genuinamente simpática, com uma direção de arte pixelada caprichada. Os personagens, com ênfase no próprio Buyk, e algumas das figuras que encontramos durante a jornada, irradiam uma simpatia singular, fazendo-nos desenvolver um certo apego e contribuindo para o nosso interesse pelo jogo.

A jogabilidade é notavelmente simples. O jogador só precisa mover-se, saltar e lançar objetos, tornando Astro Pig um título bastante acessível para jogadores de qualquer nível de habilidade.


O desafio é habilmente equilibrado. Os puzzles, que aumentam em complexidade gradualmente, são uma delícia para quem gosta de se aventurar no gênero ou já é um aficionado. Algumas telas exigiram bons minutos de raciocínio e várias tentativas até que eu encontrasse a solução.

A introdução de novas mecânicas, como setas que alteram a direção de Buyk e dos objetos lançados, e plataformas que se desfazem após saltarmos delas, são algumas das variações de cenário que nos desafiam a buscar a solução para cada nova fase.

A ausência de um sistema de dicas me fez "fritar” um pouco mais os neurônios até encontrar a solução correta para uma tela. Felizmente, como sou mais persistente e familiarizado com puzzles, isso não foi muito incômodo para mim. Talvez uma criança ou alguém com menos afinidade com o gênero possa ter mais dificuldades ou até mesmo desistir do jogo devido à falta dessa opção de acessibilidade.

A trilha sonora, outro ponto forte em Astro Pig, é uma faca de dois gumes. Por um lado, ela contribui significativamente para dar identidade ao jogo, funcionando como uma assinatura da obra. Com certeza, esse título será lembrado por conta desse detalhe no futuro. Por outro lado, devido à natureza cultural do gênero, ela pode tornar-se um tanto maçante e pouco marcante.


O gênero Lo-Fi é algo mais de nicho, apreciado por um público específico e habituado com melodias de tom melancólico e contemplativo. Não sou nenhum especialista em música, mas como jogador, houve momentos em que a trilha sonora tornou minha experiência um pouco monótona. Entendo a decisão criativa por trás disso, mas um aspecto que considero importante destacar para quem pretende embarcar na jornada espacial de Astro Pig ao lado do simpático Buyk é estar preparado para ouvir muitos mixes.

No mesmo tópico, há um menu extra que permite ao jogador criar suas próprias composições. Achei essa opção interessante para introduzir aos jogadores um pouco mais da cultura desse gênero musical, tanto para quem já está familiarizado com ele quanto para aqueles que estão sendo apresentados.

Just chillin’

Astro Pig oferece uma aventura cativante e charmosa, destacando-se por sua direção de arte encantadora, jogabilidade acessível e desafios bem equilibrados. A jornada ao lado do adorável Buyk nos leva por uma galáxia desconhecida, repleta de puzzles intrigantes e encontros memoráveis. Apesar de alguns pontos de melhoria, Astro Pig entrega uma experiência envolvente e satisfatória, oferecendo diversão garantida para os amantes de jogos de plataforma e quebra-cabeças.

Prós

  • A direção de arte transmite um charme singular;
  • Jogabilidade simples e acessível, adequada a jogadores de todos os níveis de habilidade;
  • Desafios bem equilibrados, com puzzles que aumentam gradualmente em complexidade;
  • Personagens carismáticos, como Buyk, que contribuem para o envolvimento emocional do jogador;
  • Opção de criação de composições musicais no menu extra, proporcionando uma experiência mais imersiva e introduzindo os jogadores à cultura do gênero Lo-Fi.

Contras

  • Ausência de um sistema de dicas, o que pode tornar alguns puzzles mais desafiadores para jogadores menos experientes;
  • A trilha sonora, embora tenha sua própria identidade, pode se tornar monótona para alguns jogadores devido à natureza do gênero Lo-Fi;
  • Algumas mecânicas podem parecer muito repetitivas em determinados momentos, especialmente para jogadores que procuram variedade constante.
Astro Pig — PC — Nota: 8.0
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Garoa Studios

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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