WonderSwan: console portátil da Bandai completa 25 anos

Desenvolvido pelo criador do Game Boy, o console apresentou inovações a fim de desbancar a “Big N” no final dos anos 90.

em 07/04/2024

Após o estrondoso sucesso do Nintendo Switch e o relevante crescimento das vendas e procuras por PCs portáteis, inicia-se uma verdadeira corrida entre algumas das maiores empresas do mundo no ramo de tecnologia para conquistar uma fatia deste fértil mercado. Fato é que a “febre dos portáteis” não será exclusividade desta geração. A prova disso é que em 1989, logo após o seu lançamento, o Game Boy se tornou um absoluto sucesso entre os gamers da época e abriu portas para um mercado pouco explorado anteriormente, lançando “moda” entre as décadas de 1990 e 2000.


Buscando seguir a tendência e ingressar no mercado de portáteis, a Bandai, após sucessivos fracassos em tentativas de emplacar as vendas de seus consoles de mesa nos anos 70 e 90, lançou o WonderSwan, plataforma que completou 25 anos no último mês.

A aposta da Bandai

Baseado no famoso brinquedo eletrônico “Tamagotchi”, da própria Bandai, e desenvolvido em conjunto com a Koto Laboratory, empresa fundada por Gunpei Yokoi (criador do Game & Watch e do Game Boy), o WonderSwan foi lançado exclusivamente no Japão em março de 1999. Ele apresentava uma tela monocromática que, graças à distribuição dos seus botões de corpo, poderia ser aproveitada tanto na horizontal quanto na vertical. O visor podia emitir até 8 tons de cinza, especificação que garantia gráficos mais detalhados que o da concorrência, limitado a 4 tons.

Utilizando um processador diferente dos demais portáteis da época, o console da Bandai prometia até 40 horas de jogo com uma única pilha AA, fato que impressionou os consumidores, já que seu principal concorrente, o Game Boy Color, apesar de apresentar tela com cores, prometia somente 10 horas ininterruptas de uso com 2 pilhas AA. Além de maior autonomia de energia, o WonderSwan também possuía um acessório chamado WonderWare, que permitia conectividade com o PocketStation, da Sony, via infravermelho, mostrando que a proposta do console era a introdução de novidades em um mercado com modelos já consolidados.

Além de todos os atrativos oferecidos pelo hardware do console, um outro detalhe chamou a atenção do público em seu lançamento: o preço. Custando somente ¥4,800 (cerca de 42 dólares na época), o portátil parecia ser um concorrente à altura para a Big N, restando apenas então saber se, a longo prazo, ele se sustentaria como uma plataforma convidativa para lançamentos de grandes títulos.

Biblioteca de jogos

Assim que chegou às prateleiras, o WonderSwan trouxe consigo 7 jogos disponíveis para compra, entre eles um novo lançamento exclusivo de Mega Man, com o título “Rockman & Forte: Mirai kara no Chōusensha” que, diferente dos títulos de maior sucesso da franquia, não foi desenvolvido pela Capcom, e sim pela pequena Layup Company. A franquia acompanhou os primeiros anos do console com diversos lançamentos exclusivos, alguns deles com destaque. Além deste, a Bandai trouxe para a sua plataforma outros grandes títulos, como Space Invaders, Tetris e games baseados em animes de sucesso, alguns sob licença da própria companhia japonesa, como Hunter × Hunter, One Piece e Digimon.

Não faltou apoio de grandes desenvolvedoras durante a vida útil do portátil. As gigantes Konami, Namco, Banpresto e Sunsoft trataram de produzir grandes títulos exclusivos em todas as fases do console. Ao todo, a plataforma recebeu 199 lançamentos oficiais, alguns se destacaram pela qualidade e popularidade entre os donos do portátil da Bandai. Dentre eles, podemos ressaltar os ports dos arcades Golden Axe e Pocket Fighter, Judgement Silversword (um dos poucos games produzidos para ser jogado com o console na posição vertical), One Piece: Grand Battle Swan Colosseum, Guilty Gear Petit 1 e 2, Rockman EXE (da série de jogos de Mega Man Battle Network), além dos remakes de Final Fantasy I, II e IV, com trilha sonora e sprites refeitos exclusivamente para o WonderSwan.

Recepção do público

Apesar de ganhar destaque por sua proposta e hardware interessantes, o WonderSwan não foi capaz de bater de frente com a Nintendo. O console da Bandai conseguiu atingir a marca aproximada de 3,5 milhões de unidades vendidas, cerca de 8% do mercado de portáteis da época.

Percebendo a necessidade de melhorias para bater de frente com o Game Boy Color, a companhia japonesa também lançou, no ano de 2000, a versão “Color” do seu console, apresentando sprites com cores vibrantes em sua tela. Apesar de inicialmente conseguir um número maior de vendas do que seu predecessor, ele acabou sendo facilmente ultrapassado pelo lançamento do Game Boy Advance e, posteriormente, foi descontinuado em 2003.



Legado

25 anos após o seu lançamento, o WonderSwan ainda é um sonho de consumo para diversos colecionadores de videogames. Sua inconfundível carcaça com disposição de botões para jogatinas em duas posições diferentes, seu hardware avançado para a época e a quantidade de bons jogos de grandes franquias lançados exclusivamente para o console o fizeram ganhar destaque ao longo dos anos. Apesar de nunca ter sido lançado fora do Japão e de não ter alcançado um número expressivo de vendas, o WonderSwan acabou se tornando um verdadeiro clássico cult na comunidade gamer, marcando o seu legado na história e ganhando um espaço especial na coleção e no coração de vários gamers ao redor do mundo.

Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut


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