Blast from the Past

Digimon World 2 (PS): um dos títulos mais curiosos de toda a franquia

O segundo jogo da série World chegou ao PlayStation em 2000.

Lançado para PlayStation em 2000, Digimon World 2 ofereceu uma abordagem totalmente diferente em relação ao seu antecessor numerado e aos demais jogos da série. Apesar de alguns problemas, este título introduziu conceitos intrigantes, proporcionando uma das experiências mais distintas dentro da franquia.

Um domador iniciante

Em Digimon World 2, assumimos o papel de Akira, um domador que acaba de concluir seu período de treinamento. Ao escolhermos uma das três equipes de tamers disponíveis, que determina nosso parceiro inicial — Patamon, DemiDevimon ou Agumon —, começamos a cumprir missões em diversos domínios do Mundo Digital.

Ao longo da aventura, descobrimos que certos humanos têm planos sombrios que podem prejudicar as pessoas e as criaturas digitais, muitos deles ligados a uma misteriosa organização conhecida como Blood Knights. Além disso, existe uma reviravolta na trama que altera nossa percepção inicial sobre esse mundo.




É importante mencionar que a história de World 2 mantém uma leve conexão com o primeiro Digimon World. Embora não seja  necessário ter jogado o antecessor para compreender este capítulo, essa relação é (talvez) suficientemente cativante para os fãs antigos.

Explorando masmorras com um monstrinho blindado

Essencialmente, Digimon World 2 é um dungeon crawler com batalhas por turnos. Enquanto nos aventuramos nas masmorras, controlamos uma espécie de Digimon-tanque que possui pontos de vida e energia. Se um desses atributos for zerado, somos obrigados a retornar ao lobby e pagar uma taxa de manutenção.

As masmorras apresentam um aumento gradual de perigos e armadilhas. Enquanto as primeiras missões podem conter apenas Digimon selvagens, estágios mais avançados nos confrontam com uma infinidade de desafios, como insetos que drenam nossos recursos, minas e barreiras invisíveis que causam danos e bombas que destroem componentes do nosso veículo.

Para lidar com esses imprevistos, podemos personalizar nosso carro com uma variedade de equipamentos para destruir obstáculos, detectar e desarmar armadilhas e aumentar nossa resistência. Como é de se esperar, a qualidade das ferramentas disponíveis nas lojas melhora conforme avançamos na campanha.

Um aspecto interessante é que o sistema de movimentação é semelhante ao de um Mystery Dungeon, no qual as ações se desenrolam em espécies de turnos, com cada criatura no cenário dando um passo toda vez que nos movemos. Essa característica é importante por se relacionar diretamente com outra mecânica, a qual nos permite capturar monstros.

Nesse sentido, em World 2, temos a capacidade de arremessar determinados itens para conquistar novos Digimon. Esse sistema é representado por meio de um coração, que aumenta de tamanho conforme lançamos mais objetos. Portanto, devido à particularidade do sistema de movimentação, é necessário empregar certa estratégia e um pouco de cálculo para recrutar a criatura desejada, pois é crucial cativá-la antes que ela nos alcance e uma batalha se inicie.

Os elementos de Dungeon Crawler de World 2 são envolventes e requerem uma preparação cuidadosa antes de cada missão. Sendo assim, é crucial que o jogador sempre tenha em estoque munições para destruir obstáculos e itens para reparar os eventuais danos no veículo. Como grande ressalva, visualmente, as dungeons são muito semelhantes umas às outras.

Divertido, mas também lento

A respeito dos embates, World 2 funciona como um RPG tradicional, no qual comandamos uma equipe de três aliados em batalhas por turnos. As habilidades são variadas e se dividem em quatro categorias autoexplicativas: ataque, interrupção, suporte e contra-ataque. Além do time principal, podemos ter monstrinhos na reserva e alternar entre eles durante as fases, com a capacidade máxima sendo determinada pela qualidade de uma peça específica do veículo.

Embora seja simples, o sistema de combate em Digimon World 2 é muito divertido, permitindo a criação de inúmeras estratégias com base nas quatro classes de talentos disponíveis. Ademais, além de muitos dos adversários encontrados nas masmorras serem desafiadores, o jogo apresenta um coliseu onde enfrentamos batalhas consecutivas contra três domadores.

Como é de esperar de um produto dessa franquia, as digievoluções estão presentes, com as classes Champion, Ultimate e Mega alcançáveis nos níveis 11, 21 e 31, respectivamente. No entanto, o fortalecimento dos parceiros não é tão direto, pois World 2 apresenta mecânicas semelhantes às vistas na série Dragon Quest Monsters.

Assim como na franquia da Square Enix, aqui, um Digimon para de se fortalecer quando alcança determinado nível e, para continuar evoluindo, precisamos fundi-lo com outra criatura. Igualmente similar a Monsters, o novo ser herda as habilidades de seus progenitores.

O principal problema dessa mecânica em World 2 reside na lentidão para evoluir de nível e no fato de que a fusão aumenta apenas cerca de 20% do limite máximo da criatura principal, baseado no level da mais fraca. Para ilustrar melhor: se nosso bichinho possui um limite de 15 níveis e o fundimos com outro que tem um limite de 10, sua capacidade máxima aumentará para 17, já que 20% de 10 equivale a 2.

Embora a fusão seja uma característica extremamente interessante e nos ofereça uma customização muito rica das habilidades dos Digimon, ela acarreta uma necessidade de grinding muito alta para conquistarmos criaturinhas superiores. Além disso, as animações de combate, apesar de serem belas e possuírem dublagem para cada monstro, são lentas e não podem ser saltadas, o que torna a experiência ainda mais morosa.

Merecia uma atualização

Digimon World 2 trouxe uma abordagem notavelmente diferente para a franquia, incorporando elementos intrigantes de Dungeon Crawler. Apesar da lentidão resultante da alta necessidade de grinding e das animações de combate arrastadas, este é um jogo capaz de entreter por dezenas de horas aqueles que comprarem sua proposta.

Honestamente, eu ficaria muito empolgado em ver uma versão atualizada deste título, possivelmente com a opção de acelerar os confrontos e com uma menor exigência para avançar de nível. 


Revisão: Juliana Paiva Zapparoli

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google