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Análise: Yellow Taxi Goes Vroom (PC) apresenta uma aventura surreal e divertidíssima no controle de um táxi

Salve uma pequena ilha da ambição de Alien Mosk neste divertido jogo de plataforma em que é proibido pular (teoricamente).

Desenvolvido pelo estúdio Those Awesome Guys, Yellow Taxi Goes Vroom é um jogo de plataforma que presta homenagem aos clássicos dos 32 e 64 bits, mas com alguns toques especiais: muita alegria, cores, memes e uma aventura protagonizada por um táxi movido a corda que terá que salvar o mundo de uma invasão alienígena — e sem pular, ou quase isso.

O momentum é a chave

Yellow Taxi Goes Vroom tem uma premissa direta e objetiva. Nele, controlamos um táxi amarelo movido por corda que deve salvar a Base Insular, o lar de seu criador, Morio. A ilha ficou de pernas para o ar após a chegada de Alien Mosk, um cientista que fundou sua empresa, a Tosla, e espalhou engrenagens verdes que passaram a corromper a gasolina local, contaminando qualquer máquina alimentada pelo combustível.

Para salvar os habitantes da ilha, Morio precisa da energia dessas engrenagens para chegar ao quartel-general da Tosla através de um sistema de teletransporte. A aventura se dá em diversas fases no estilo collectathon, repletas de objetos para coletar e desafios para testar nossas habilidades. Além das engrenagens, há moedas espalhadas pelo cenário, que podem ser usadas para comprar chapéus. E, para os jogadores que realmente buscam dominar os controles, há coelhos dourados como troféus.

O táxi funciona como em um jogo veicular, com aceleração, frenagem e direção de um carro, se diferenciando da jogabilidade tradicional de um jogo de plataforma 3D. A grande sacada que casa os dois estilos está na habilidade Turbo O’ Flip, que nos dá uma explosão súbita de velocidade e pode ser usada tanto no chão quanto no ar. Ao ser utilizada em superfícies íngremes, o carro poderá alcançar as alturas e chegar a outros locais.

Além disso, o impulso tem outras utilidades. Durante a preparação, cancelar o Turbo O’ Flip nos dá um pequeno salto, útil para alcançar lugares mais altos. Isso torna a história de “sem botão de pular” um tanto suspeita, especialmente porque podemos realizá-lo duas vezes se estivermos no chão, mas acaba sendo um método alternativo para um simples botão de pular que casa bem com a proposta do título.

Yellow Taxi Goes Vroom apresenta uma jogabilidade relativamente complexa, exigindo prática para dominar todas as nuances do Turbo O’ Flip com perfeição. Contudo, nem tudo funciona perfeitamente, pois a física por si só também faz parte do aprendizado e, às vezes, pode ser um tanto inconsistente. Também senti falta do uso da pressão dos gatilhos analógicos na aceleração e na frenagem, o que facilitaria alguns momentos mais exigentes de precisão no volante.

As fases se dividem entre três tipos: os mundos mais abertos, beneficiando a exploração; as áreas com tempo em que precisamos realizar corridas para levar pessoas de um ponto a outro, no estilo do clássico Crazy Taxi (Arcade/DC); e os níveis com visão superior, nos quais temos um controle 360º livre do nosso carro, em troca de menor liberdade no uso do Turbo O’ Flip. Os estilos constantemente se mesclam, tanto nos mapas principais quanto nas pequenas áreas de desafios, que estão aos montes durante o jogo. 

Um mundo sem roda nem teto

A ambientação de Yellow Taxi Goes Vroom é completamente surtada e repleta de momentos inusitados. Visitamos localizações típicas de um jogo de plataforma, como praias, campos verdes e fábricas. No entanto, não demora muito para entrarmos nos sonhos estranhos de Morio, num fliperama alimentado por gasolina e até em um mundo canino naturalmente infestado de cocô, e com cachorros caramelos dançando igual àquele icônico meme brasileiro.

Para aumentar ainda mais a dose de excentricidade, podemos conversar com a maioria dos NPCs. O texto é extremamente bobo e repleto de humor referencial, o que me provocou sorrisos e até algumas risadas genuínas durante toda a jogatina. Fica evidente que os desenvolvedores se divertiram muito na produção do jogo, e as piadas pastelonas contribuem significativamente para o carisma da aventura.

Em termos técnicos, o jogo apresenta uma mistura dos vastos ambientes poligonais dos jogos do Nintendo 64 com o acabamento de texturas pixeladas que remetem aos jogos do PS1 e do Saturn. Os planos de fundo lembram artes saídas diretamente de um jogo de Mega Drive ou Game Boy Advance, com aqueles pontilhamentos (dithering) que simulam gradientes. A mescla funciona muito bem de uma forma bem charmosa.

E, claro, todo bom jogo de plataforma precisa de uma trilha sonora marcante. Yellow Taxi Goes Vroom oferece uma grande variedade de faixas. Na maioria das vezes, somos acompanhados por músicas altamente enérgicas e aceleradas, que vão desde orquestras até batidas eletrônicas de alta qualidade, mas o título também apresenta temas bem próximos aos de um Banjo-Kazooie (N64) em momentos mais “sérios”.

Uma acelerada surpresa

Yellow Taxi Goes Vroom é um jogo que caiu em minhas mãos por acaso, e fiquei feliz de o ter conhecido. Com uma jogabilidade atípica divertida de dominar e um mundo surreal e carismático, certamente é uma das surpresas do ano. Se você busca um excelente jogo de plataforma com uma proposta única e nostálgica, está recomendadíssimo!

Prós:

  • Proposta diferente de um táxi como protagonista em um título de plataforma, que adiciona uma proposta diferenciada para o gênero;
  • Mundos carismáticos e divertidos de explorar;
  • Humor extremamente bobo, mas divertidíssimo;
  • Jogabilidade cheia de possibilidades, mesmo na sua simplicidade;
  • Trilha sonora variada e marcante, tanto as faixas carregadas em altas BPMs quanto as mais ambientais;
  • Visual que mescla pixel art e low poly com muito carisma.

Contras:

  • A forma como a física funciona pode exigir um tempo para se acostumar, tal como os controles;
  • A ausência do uso dos gatilhos analógicos é bem estranha para o controle de um veículo;
  • A câmera pode ser um tanto imprevisível em certas ocasiões.
Yellow Taxi Goes Vroom — PC — Nota: 9.0
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela Panik Arcade

Estudante de enfermagem de 24 anos, está nesse mundo dos joguinhos desde criança. Fã de games com vibe mais arcade e arqueólogo de velharias, mas não abandona experiências mais atuais. Acompanha a mídia de podcasts, dublagem e ouvinte assíduo de VGM. Pode ser encontrado como @AlecFull e semelhantes por aí.
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