Jogamos

Análise: OshiRabu: Waifus Over Husbandos ~Love Or Die~ (PC/Switch): o “felizes para sempre” de Ren e Akuru

A continuação do título de estreia de SukeraSomero traz um tom mais sério, mas sem deixar de lado os elementos de comédia romântica.


OshiRabu: Waifus Over Husbandos ~Love Or Die~
é um fandisk, isto é, uma espécie de epílogo para a história de Ren e Akuru originalmente introduzida na visual novel original, OshiRabu: Waifus Over Husbandos. Ao mesmo tempo que aborda um tema um pouco mais sério que o do título anterior — e com mais seriedade, de certa forma —, Love Or Die não abre mão dos elementos de comédia romântica e consegue contar uma história leve, divertida e engajante.


Contudo, antes de prosseguir com a leitura desta análise, sugiro que você leia a anterior para entender melhor os pontos que abordarei no texto a seguir. 

De mal-entendido em mal-entendo… De novo!

Love Or Die se passa um ano após os acontecimentos da trama principal, com Ren e Akuru já menos estranhas com a relação que têm e mais confortáveis com a presença uma da outra sob o mesmo teto. No entanto, se tem uma coisa que não mudou entre as duas, é a obsessão de Akuru por seu husbando, Kohee-kun, do mobage Kensho, o que ainda deixa Ren enciumada.

Desta vez, o mal-entendido começa quando a protagonista pede ajuda à sua namorada para conseguir mais uma cartinha de edição limitada do personagem 2D na roleta do jogo, com Akuru (de novo) soltando a frase “Quero me casar com você!” aleatoriamente. Claro que, mais uma vez, Ren acha que essas palavras são direcionadas a si e logo se decepciona quando descobre a verdade.

No entanto, ela não desistiu de fazer com que Akuru seja só sua e a ideia de casar com ela ainda é um dos objetivos principais de Ren. Porém, a garota está prestes a se formar no colegial e precisa também pensar em seus planos para o futuro, o que a leva a fazer estágio no salão de estética em que sua melhor amiga de infância, Aira Udou, trabalha.


A partir daí, começa o segundo mal-entendido: Akuru, sentindo-se insegura (e um pouco enciumada) com a possível carreira futura de sua namorada, decide, junto com Shino Nishiki, marcar uma sessão no dito salão, como um pretexto para descobrir que tipo de relação Ren e Aira realmente têm. Contudo, Akuru e Shino logo são descobertas e, em uma discussão desastrosa, a protagonista admite que Ren ser sua esposa seria uma profissão melhor que esteticista.

Como para bom entendedor meia palavra basta, a trama de Love Or Die gira em torno do bendito casório entre Akuru e Ren. De um lado, temos uma garota animada e obcecada em subir no altar para ouvir o tão sonhado “sim”, enquanto, do outro, uma mulher que gosta de colecionar cartinhas virtuais de homens 2D pondera o que um casamento significa para ela — e como “dar o próximo passo” pode impactar no estilo de vida que ela tem levado até então.

Novo ponto de vista

Apesar de ser relativamente mais curto que a VN base, este fandisk consegue, sem abrir mão de seus elementos de comédia romântica, trabalhar um tema relativamente sério de maneira satisfatória — mesmo com as anteriormente mencionadas conveniências narrativas —, sem alterar uma característica sequer das personalidades de Ren e Akuru. Portanto, todas as impressões que eu tive ao jogar o OshiRabu original se mantêm em Love Or Die, especialmente em relação à sexualidade do casal principal.

Além de aprofundar a relação entre as protagonistas, este epílogo traz um novo ponto de vista, no qual podemos ver as situações em que Akuru e Ren se colocam sob a ótica de Shino. Na minha opinião, este é o principal acerto de Love Or Die, já que não apenas serve para trabalhar mais a personagem em questão, que no jogo anterior era apenas uma coadjuvante, como também abre espaço para desenvolver a personalidade de Aira.

Desse modo, podemos dizer que, mesmo que esta VN seja linear, com escolhas que só alteram a forma como os desfechos (sempre positivos) se dão e a liberação de certas CGs, existem duas “rotas” a serem aproveitadas: a inédita Shino x Aira, que mostra como as duas se tornam amigas (ou será algo mais?), e a já esperada Ren x Akuru. Para isso, o número de momentos em que precisamos optar entre ação A ou B foram aumentados, e em Love Or Die também temos uma maior alternância entre os pontos de vista das personagens, algo feito muito timidamente no jogo base.

A mesma qualidade audiovisual e uma melhoria significativa na narrativa

Quando analisei o primeiro OshiRabu, apontei que existiam erros de digitação no texto em inglês, bem como certas partes pontuais em que os diálogos apareciam cortados, que, de certa forma, incomodam um pouco, embora não minem a experiência como um todo; felizmente, a qualidade textual em Love Or Die foi infinitamente melhorada, sem nenhum tipo de distração que atrapalhe o aproveitamento da leitura. 

Ainda no âmbito narrativo, senti que os conflitos e suas resoluções, mesmo com seus clichês, são apresentados de maneira mais orgânica, independentemente da “rota” que seguimos. Complementar à leitura, temos a excelente arte de DSmile e a ótima dublagem integral em japonês para dar mais vida às personagens, com a trilha sonora ajudando a enfatizar os momentos de drama, romance e comédia — embora minha crítica à quantidade de faixas disponíveis permaneça.

A interface, que já era de fácil navegação no OshiRabu original, ganhou botões visíveis para salvar/carregar o jogo, acessar as configurações, log de mensagens, volume, retornar à tela inicial e fechar o aplicativo. Além disso, as ferramentas de qualidade de vida continuam presentes, deixando a experiência mais cômoda e prática.


Love Or Die também conta com um cenário extra (ExScenario), que deve ser adquirido à parte e fora do Steam. Esse patch restaura as cenas de cunho sexual que foram cortadas na versão para a plataforma da Valve; curiosamente, no fandisk, essas porções da narrativa foram incluídas ao longo da trama. Ainda, o cenário extra tem início logo após os créditos da “rota” Ren x Akuru, sem a necessidade de clicar no botão ExScenario na tela de título para ser lido.

A única ressalva quanto ao patch 18+ é que, quando aplicado, o jogo não registra as screenshots pelo Steam, por mais que esteja rodando por meio da plataforma. Para fazer as capturas de tela para esta análise, precisei recorrer a um programa à parte (ShareX); caso contrário, eu não teria como ilustrar o texto.

Um “felizes para sempre” meio que às avessas

OshiRabu: Waifus Over Husbandos ~Love Or Die~ aprofunda a relação de Akuru e Ren enquanto explora as personalidades de duas personagens, Shino e Aira, sendo esta última uma exclusiva do fandisk. De forma geral, a leitura está mais fluida e contínua, com mais transições entre os pontos de vista das personagens e momentos de escolhas ao longo da leitura; o mesmo se aplica ao patch 18+, cujas cenas excluídas da versão para Steam foram introduzidas de maneira natural ao longo da trama.

Com melhorias visíveis na interface e na apresentação do texto em inglês e excelência no campo do audiovisual, Love Or Die é uma pedida mandatória para quem aproveitou a comédia romântica de OshiRabu, porém só fará sentido caso você tenha jogado a visual novel base. Mesmo assim, o fandisk é mais um título de qualidade dentro da demografia girls love e deve ser conferido por pessoas que querem entender um pouco mais sobre outras nuances de romance dentro do guarda-chuva LGBT+.

Prós

  • Aprofunda a relação de Ren e Akuru em uma história que se passa um ano após os acontecimentos de OshiRabu;
  • Apesar de ser uma narrativa mais curta, consegue trabalhar bem as personalidades de Shino e Aira, que não são inseridas na história como meras coadjuvantes;
  • Traz uma leitura mais fluida e contínua, com mais transições entre os pontos de vista das personagens e momentos de escolhas;
  • A qualidade audiovisual do primeiro jogo se mantém, com ótima dublagem integral em japonês, trilha sonora que ajuda a demarcar bem os momentos de comédia, tensão e romance, interface limpa e um bonito design de personagens;
  • Melhorias no texto em inglês e na interface, que agora está com todos os botões necessários visíveis;
  • As cenas 18+ foram incluídas de forma natural ao longo da narrativa, com o cenário extra começando assim que a “rota” Ren x Akuru é concluída.

Contras

  • Este epílogo só faz sentido se a visual novel base tiver sido jogada antes;
  • Ao aplicar o patch 18+, as capturas de tela não são registradas pelo cliente do Steam;
  • Embora existam momentos específicos de escolhas, elas não impactam tanto assim no desfecho da trama, servindo mais para distinguir as “rotas” Akuru x Ren/Shino x Aira e desbloquear CGs.
OshiRabu: Waifus Over Husbandos ~Love Or Die~ — PC/Switch — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Davi Sousa
Capa: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital adquirida pela própria redatora

Também conhecida como Lilac, é fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas. Icon por 0range0ceans
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google