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Análise: Moonglow Bay (Multi) é um jogo de pesca que é atrapalhado por um redemoinho de problemas

O título traz diversos problemas na sua versão para PS4, PS5 e Switch, o que interfere diretamente em uma experiência que tinha tudo para ser ótima.

Para quem gosta de pesca mas não está tão afim assim de sair para navegar em alto mar, Moonglow Bay oferece a experiência de ajudar a reerguer uma cidade apenas pegando peixes, cumprindo missões e cozinhando pratos gostosos. Vale lembrar que o título já havia sido lançado para Xbox e PC em 2021, e agora chega ao Nintendo Switch, PS4 e PS5.

Histórias de um pescador perdido

Nosso personagem só tinha um sonho: se aposentar da vida de contador e se mudar para algum lugar no qual pudesse viver tranquilamente com a sua companheira enquanto se dedicava às suas paixões, que são a pesca e a cozinha. O lugar escolhido foi a pacata cidade portuária de Moonglow Bay, no Canadá.

Na teoria a ideia parecia perfeita, mas infelizmente as coisas não saíram como o planejado. Há rumores que Moonglow Bay é aterrorizada por monstros marinhos e uma destas supostas criaturas destruiu o barco da nossa parceira, fazendo com que ela sumisse do mapa. Três anos após esse evento trágico, o protagonista é motivado a seguir com o seu sonho, agora sozinho, e ainda de quebra reerguendo a cidade, que está à beira da falência pela falta de turistas.

Ao longo da nossa jornada, conversamos com diversas pessoas que dão dicas sobre alguns peixes, retratando seu comportamento de maneira engraçada e até criando lendas estapafúrdias. Assim que pegamos algumas espécies, podemos levá-las para o Aquário local para que a responsável os identifique e eles fiquem com seus dados corretos no nosso menu de objetivos. Inclusive, alguns pratos só podem ser preparados com espécies marinhas específicas.

As tarefas de pescar, cozinhar, gastar dinheiro reformando alguns lugares, melhorar nosso barco e conversar com pessoas são o principal do jogo. Entretanto, certas funcionalidades não foram bem implementadas e nos levam a algumas confusões.

O menu principal reúne todas as informações possíveis com excessão do mapa, que fica em um botão separado. Logo, sempre que quisermos marcar as missões do nosso interesse, consultar a enciclopédia de peixes ou o livro de receitas, temos que pausar o jogo. Seria muito melhor se a descrição das missões pudesse ser acessada ao abrirmos o mapa, para saber o que fazer e em qual canto.

Outra falha considerável está no fato do menu de missões não marcar os pedidos de pratos que os NPCs nos fazem. Temos que puxar pela memória qual iguaria prometemos para um cidadão e em qual canto ele está. Levando em consideração que há muita gente para conversar, essa tarefa secundária leva muito mais tempo do que o necessário.

Quanto à pesca e a preparação de pratos, que são o principal da jogabilidade, elas funcionam como minigames. O ato de pegar os peixes envolve diferentes iscas, o que é explicado por um tutorial de maneira muito rasa, deixando o jogador um pouco perdido, já que alguns exemplares aparecem muitas vezes, independente da combinação de itens que usamos. O uso da rede é bem mais simples, já que basta só lançá-la no mar e puxar de volta. É frustrante que a principal mecânica de Moonglow Bay seja “explicada” de maneira que nós fiquemos mais na base da tentativa e erro do que para agirmos de maneira assertiva.

Já a parte de cozinhar é inesperadamente mais satisfatória. Cada item do nosso restaurante exige um tipo de preparo, então cada etapa funciona de um jeito, mas todas com apenas o toque de um botão. Enquanto alguns só necessitam lavar e cortar o peixe, outras iguarias são mais complexas e necessitam de preparo elaborado como ir ao forno, fritar e até o uso de itens como um cutelo. Nossas refeições ganham notas entre uma e três estrelas e isso influencia no preço delas. Chega a ser um pouco repetitivo, mas a curiosidade de saber quais as fases de cada prato acaba vencendo.

Por fim, há mais dois defeitos de desempenhos graves (pelo menos na versão de PS4) que não foram corrigidos até o momento da publicação desta análise. O primeiro é que, por motivo nenhum, não é mais possível falar com alguns dos NPCs durante uma janela aleatória de tempo. Podemos chegar perto deles e apertar incessantemente o botão de ação, e mesmo assim a interação não ocorrerá. Não há um gatilho para isso, ou algo que determine o porquê, simplesmente acontece no decorrer do jogo.

O segundo está relacionado a quando navegamos pelos mares com o nosso barco. Como se já não bastasse não haver explicação alguma sobre como podemos ancorá-lo, se solicitamos a ajuda de um reboque o jogo instantaneamente entra em estado de soft lock. Ou seja, somos resgatados e mesmo com a música tocando e os personagens se movimentando não é possível fazer nada além de fechar o jogo e reiniciá-lo, perdendo todo o progresso que não foi salvo.

Enjoo marítimo

Todo o ponto de vista de Moonglow Bay é pensado para dar uma ampla visão da cidade ao jogador enquanto ele cumpre suas missões e navega pelo mapa. Então a escolha de uma câmera que mostre a cidade de cima parecia a decisão mais acertada, mas ainda assim, ela tem momentos de estranheza.

O controle da rotação da câmera é livre, totalmente condicionado pelo jogador. Logo, se viramos o boneco em alguma direção, temos que girar o enfoque junto, senão ficamos em um ponto cego. Além disso, o ponto de vista aéreo pode causar algumas confusões de percepção ao precisarmos seguir a pé por alguns pontos do mapa. Se houvesse a possibilidade de alternar para uma visão em terceira pessoa mais “clássica”, com a câmera mais próxima do personagem, ajudaria muito.

Essa necessidade se faz mais presente ainda na hora de pescar. Se estamos em um eixo diagonal, fica difícil puxar a vara na direção correta para pegar o peixe e neste momento não adianta só acertar a câmera. Ela continuará se comportando na diagonal, mesmo se endireitarmos para um alinhamento horizontal ou vertical.

É triste que esse tipo de problema impeça os gráficos em voxel-style ganhem o destaque  que mereciam, pois claramente eles foram pensados para criar um ambiente amistoso e leve, que combinasse diretamente com a proposta do jogo. Esse estilo artístico foi acertadamente mesclado com ilustrações para as interações do menu, criando uma identidade visual divertida. O holofote aqui vai para os peixes, com visuais caricatos que incorporam os trocadilhos dos seus nomes. 

Tragado por um mar de infortúnios

O fato de Moonglow Bay já ter sido lançado anteriormente para outras plataformas aumenta o tamanho dos seus problemas, pois eles já deveriam ter sido corrigidos. No mais, o que temos aqui é um jogo com uma proposta simples e cativante, mas que é atrapalhado grandemente por diversos erros de execução e falhas consideráveis.

Prós

  • Apesar dos defeitos, é um jogo feito para relaxar e até se consegue alcançar esse feito;
  • Colecionar os diferentes tipos de peixes é uma tarefa divertida;
  • A combinação de visual ao estilo voxel e desenhos foi uma escolha acertada.

Contras

  • Os tutoriais explicam as coisas de maneira muito rasa;
  • Não há uma explicação prática sobre como ancorar o barco;
  • A câmera atrapalha o jogador em diversos momentos, principalmente na hora de pescar;
  • Defeitos de performance que fazem NPCs pararem de responder e momentos de travamento total do jogo.
Moonglow Bay — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisor: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Coatsink

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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