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Análise: qomp2 (Multi) - A bolinha de Pong em busca de liberdade

O clássico dos primórdios dos games serve de pano de fundo para uma dezena de desafios ardilosos, que só podem ser superados com movimentos limitados.

Pong é um dos precursores dos videogames, no qual rebatemos uma bola para lá e para cá… mas o que será que passa na mente daquela bolinha que nunca para? Em qomp2, seguimos a jornada desta pequena esfera que anseia por algo maior.

Os perigos do lado de fora

Ironicamente, tudo começa com uma partida de Pong. Ao conseguirmos desviar de um dos rebatedores, damos início à nossa fuga. A complexidade de qomp2 está em calcular a trajetória da bolinha para seguir pelo caminho certo, evitar armadilhas e até descobrir saídas secretas. Nosso controle consiste apenas em alternar o deslocamento dela em 45 graus e assim influenciar na direção da sua rebatida, alterando o ponto de impacto nas paredes.

Outro recurso que temos é uma curta investida carregada, que serve para quebrar barreiras e empurrar blocos azulados, ou até adicionar um pouco de velocidade para escapar de algum perigo móvel. Talvez a explicação escrita e as fotos não façam justiça de fato ao jogo, mas acreditem, ele usa da simplicidade para criar um desafio de alto nível. Com apenas dois comandos, temos que passar por túneis estreitos, evitar bordas espinhosas, acionar chaves, encontrar colecionáveis e derrotar chefes.

Ao progredirmos pelas diferentes áreas, novos tipos de desafios são adicionados, como abrir portas coloridas, intercalar barreiras e pontes que trocam de direção sempre que alteramos nossa trajetória. O level design é pensado para fazer o jogador pensar em como avançar da maneira mais prática possível, mas sem dar nenhum refresco. 

Os itens colecionáveis conseguem mexer com o juízo de valor do jogador, pois eles estão em direções óbvias, mas totalmente contrárias à rota que deve ser seguida, geralmente perto de alguma coisa que te fará perder uma vida. Quem quiser completar 100% das 30 fases contidas em qomp 2 dará seu jeito de conseguir fazer as duas coisas. E convenhamos, após algum tempo de prática, controlar a bolinha se torna algo bastante intuitivo.

As lutas contra os chefes também merecem um destaque bacana, pois elas conseguem pôr à prova as habilidades de quem está no comando sem criar situações injustas. Elas só necessitam de concentração e precisão para superar cada uma das partes dos duelos.

Por mais que cada uma das fases tenham uma duração justa, sem serem muito curtas ou arrastadas demais, o jogo em si acaba rápido. Cumprir todos os objetivos leva pouco mais de duas horas e não faria mal se houvesse mais uma dezena de desafios extras, ou ainda um New Game+ com dificuldade ainda mais aguda.

Entretanto, se você for um jogador mais inexperiente e começar a sofrer com muitas perdas de vida, qomp2 também pensou no seu caso. É possível acionar a invencibilidade e ficar jogando sem esquentar a cabeça com os perigos pelo caminho. É ideal para quem precisar levar um pouco mais de tempo para compreender como calcular as rotas da bolinha branca. 

Beleza minimalista

A ambientação monocromática e músicas mais discretas, com batidas levemente eletrônicas, acertam em cheio ao não tentar tomar a frente do ritmo de jogo. Tudo o que aparece destoando do preto e branco é propositalmente chamativo para mostrar que uma ação deve ser tomada naquele ponto.

Para quem quiser algo mais retrô, já que Pong é praticamente o avô dos jogos, está disponível um filtro de tela que deixa a disposição parecida com a máquina dos anos 1970. A tela fica arredondada, dando a impressão de um visor côncavo dos televisores antigos — um charme extra para os nostálgicos de plantão.

Um Pong diferenciado

O que qomp2 proporciona aos jogadores é uma gama de desafios bem estruturados e que consegue entregar muito com pouco. Mesmo terminando rapidamente, é o tipo de aventura que vale cada segundo investido.

Prós

  • Estilo minimalista e monocromático remete ao clássico Pong, mas sem deixar de utilizar cores fortes para estabelecer indicativos;
  • O controle limitado da bolinha adiciona uma nova camada de estratégia sobre como prosseguir;
  • Presença de modo de jogo mais fácil para jogadores que estão com problemas para avançar na campanha;
  • Os colecionáveis servem para testar a habilidade dos jogadores de maneira inteligente.

Contras

  • O jogo poderia ter mais fases;
  • Ausência de New Game+ com desafios mais acentuados.
qomp2 — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise feita com cópia digital cedida pela Atari

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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