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Análise: Match Village (Multi) é uma maneira criativa, e tímida, de modernizar uma mecânica clássica

Povoe um vilarejo criado do nada combinando construções que vão de casas e igrejas até um circo com passeio de balões.

O esquema de combinar três elementos iguais, famoso por jogos como Bejeweled, Candy Crush e Bust-a-Move, tem ganhado cada vez mais interpretações, pois é simples e viciante. Em Match Village, a missão é combinar diversos tipos de construção para povoar uma ilha deserta.

Quando eu cheguei aqui, era tudo mato

Os puzzles de Match Village são simples e diretos ao ponto: iniciamos em uma ilha vazia, podendo colocar em cada espaço uma casa, uma igreja, um pasto, um campo de plantio ou uma barraca de acampamento. Se posicionarmos três estabelecimentos iguais, eles se fundem em um maior. Juntar um trio dessas construções grandes faz uma terceira maior ainda, que precisa estar rodeada por casas menores para render mais pontos.

Assim que atingimos a meta, podemos seguir para uma próxima ilha e começá-la do zero, mas contando com novas opções para usar, como peixarias, plataformas, centros comerciais, tabernas e circos. O relevo do local apresentará diferentes irregularidades, o que dificulta o posicionamento dos prédios, e faz o jogador pensar nas melhores posições para fundir seus estabelecimentos. Até a água que cerca a região vira oportunidade para construções.

No canto inferior da tela, há uma prévia de qual será a próxima peça e quantas o jogador ainda terá à disposição para posicionar. A quantidade aumenta assim que construímos prédios maiores e os cercamos de acordo com a sinalização de cada um. Não há um final ou objetivo supremo. Basta ir povoando e passando para ilhas mais difíceis até o game over. A ideia é bacana e ótima para relaxar, mas há algumas falhas que comprometem a diversão.

A principal de todas é que não há uma legenda que mostra os tipos de construções disponíveis e até que ponto elas podem ser combinadas. O que agrava essa problemática é que o padrão de cores só varia entre cada partida e não entre estabelecimentos. Ou seja, casas, igrejas e lojas de peixe, por exemplo, terão telhados da mesma cor e contarão com leves detalhes para diferenciá-los, como uma cruz ou uma plaquinha.

Outro fator incômodo é a aleatoriedade das peças. Não há uma regra que define qual você receberá e, a partir da terceira ilha, que traz mais opções de locais, a variedade vai se tornando escassa, nos impedindo de evoluir instalações que estão a apenas uma peça de serem fundidas e nos mandando apenas a casa simples ou o pasto. Não importa se você está por uma peixaria para chegar na fusão máxima, o jogo irá reduzir a variedade de peças e não fica claro em que momento ou qual o motivo de isso acontecer.

Por fim, é possível pausar o jogo a qualquer momento e retomar o progresso da sua ilha do ponto no qual parou. Entretanto, pelo menos na versão de PS4, utilizada para esta análise, sempre que uma partida era retomada, o desempenho caía drasticamente, com diversos momentos de lentidão. Parece que renderizar muitos elementos ao mesmo tempo ao iniciar fazia o jogo engasgar. Esse problema sumia sempre que uma nova partida era começada.

Buscando o melhor ponto de vista

Para acompanhar sua natureza descontraída, Match Village traz um visual low poly e uma trilha sonora bem branda, praticamente ausente. Dá até para colocar um podcast ou uma seleção com suas músicas favoritas ao fundo enquanto levanta seus empreendimentos. Só que, neste jogo, a câmera pode dar uma certa dor de cabeça.

Ela pode ter dois pontos de controle distintos, revezados com o toque de um botão: ou ela rotaciona com foco em um ponto fixo, ou passeia livremente pelo território sem alterar sua orientação. Então fatalmente teremos que trocar o ângulo do ponto de vista centenas de vezes, devido às variações de relevo de cada ilha.

Isso pode parecer comum, mas torna-se um revés em um caso muito específico, mais uma vez após retomarmos um jogo previamente iniciado. É simplesmente impossível achar onde está a nossa peça, que inexplicavelmente foi parar nas extremidades do mapa. Em duas ocasiões foi mais fácil recomeçar tudo do zero do que ficar caçando onde estava minha casinha fujona.

Sonífera ilha

A proposta de Match Village é sim interessante, mas poderia trazer mais recursos básicos para os jogadores, como apresentar a nomenclatura de cada construção disponível, nem que fosse em um menu-guia; pois confundir algumas casinhas parecidas pode arruinar um jogo por pouco. A necessidade de mover a câmera a todo momento também é algo um pouco frustrante, o que pode transformar a missão de povoar seu vilarejo em algo estressante.

Prós

  • O jogo traz uma proposta interessante para a mecânica match-3;
  • A vibe relaxante combina com a proposta de combinar casinhas e o visual low poly.

Contras

  • Retomar um jogo já iniciado ocasiona em quedas bruscas de desempenho;
  • A necessidade de controlar a câmera a todo momento é bastante incômoda;
  • Alguns tipos de construção são muito parecidos e não há diferença no padrão de cores entre elas;
  • Ausência de uma identidade sonora mais marcante.
Match Village — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela QUByte Interactive


é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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