Jogamos

Análise: Juicy Realm (Multi) — Uma salada de frutas modesta

Os alimentos são seus inimigos em um jogo que preza pela simplicidade, mas que merecia alguns incrementos antes de ser servido a um novo público.

Uma equipe fofa com armas nada convencionais enfrentando frutas e vegetais agressivos. A premissa de Juicy Realm pode parecer uma salada, mas ele se mostra até que bastante amistoso para um roguelike.

Lançado primeiramente para PC, iOS e Android há algum tempo (2018), e logo depois para Nintendo Switch (2019), agora o título chega ao PlayStation 4 e PlayStation 5.

Roguelike com frutas

Juicy Realm traz o esquema de jogabilidade twin-stick shooter, no qual controlamos nosso personagem com o analógico esquerdo livremente pelo espaço, enquanto o direito serve para direcionar os disparos das nossas armas, que podem ser de projéteis, como pistolas e fuzis, ou para ataques mais próximos, como espadas e lanças. São mais de 80 opções para serem encontradas pelo caminho e só podemos manter duas armas por vez.

Há a necessidade de pressionar o gatilho para disparar qualquer tipo de arma. Enquanto isso até faz sentido para as cortantes ou de lançamento, como granadas e bombinhas, seria mais confortável se as armas de fogo disparassem automaticamente com o analógico direito, como já é algo costumeiro em diversos outros títulos que fizeram uso dessa mecânica. 

Esse “problema” pode estar ligado à sua origem mobile. Como originalmente todos os comandos são feitos na tela, adaptá-los aos controles convencionais pode ter levado a essas escolhas, que podem até acabar causando desconforto nas mãos após algumas horas seguidas de jogatina.

Entretanto, de novo evocando seu desenvolvimento original para celulares, Juicy Realm tem partidas rápidas, de curta duração, variando entre 40 minutos e 1 hora. Temos à disposição 10 personagens, dos quais apenas quatro estão disponíveis; para liberá-los, temos que concluir a campanha principal algumas vezes. Todos eles têm atributos diferentes, como pontos de vida, velocidade e arma inicial.

A duração das partidas é ideal para pegar o jogo de vez em quando e se divertir sem a intensidade dos roguelikes mais tradicionais. Se por um lado isso favorece os jogadores casuais, por outro pode deixar a desejar a quem queria um desafio mais intenso.

Um pouco mais de tempero iria bem

Os cenários coloridos e bem-humorados, junto com os inimigos baseados em diversas frutas, como peras explosivas, melancias-ninja e maçãs com metralhadoras, conseguem criar um ambiente leve, mas que fatalmente cai no problema da repetição. Mesmo com levas de criaturas e ambientes gerados aleatoriamente, é muito fácil cair em um padrão de elementos repetidos.

Entretanto, completar o compêndio de Juicy Realm é uma grata tarefa secundária que nos faz explorar toda a diversidade que ele traz e até a ver algumas referências bem engraçadas.

Ele registra três tipos de entradas: armas, após serem usadas para eliminar 20 inimigos; as criaturas regulares, após eliminarmos 20 delas; e chefes e subchefes, após terem sido derrotados três vezes. Pode parecer muito, mas ao jogarmos repetidas partidas com cada personagem diferente, logo vamos preenchendo os mais básicos.

Diferentemente dos chefes e criaturas regulares, que têm inspiração apenas em alimentos, as armas vão além e buscam trazer um pouco de tudo apenas pela graça de usar algo inusitado para causar o caos. Temos de equipamentos tradicionais, como as já citadas metralhadoras e espadas, até itens que parecem ter saído de filmes de comédia, como galinhas de borracha, estalinhos de ano novo, uma frigideira, uma baguete e a minha favorita, uma arma com nome similar ao da Steam, que dispara notas de dinheiro.

A criatividade para esta parte específica foi tão grande que é inevitável ficar revirando o mapa em busca de novas armas, mesmo que elas sejam mais fracas. Inclusive, por Juicy Realm ser um jogo relativamente fácil, não é difícil chegar ao final munido de uma galinha de borracha e uma baguete.

Infelizmente, fica a impressão de que todo o jogo poderia conter um pouco mais dessa criatividade, pois, se não fosse por isso, a sensação de repetitividade bateria com mais força ainda.

Para ser consumido em porções regulares, sem exageros

Mesmo com algumas falhas estruturais, advindas de sua natureza mobile, Juicy Realm é um roguelike divertido e carismático para quem quer partidas rápidas, mas sem nenhum frenesi. Agora, se você é um fã mais hardcore do gênero, vai acabar perdendo o interesse e optará pelo desafio mais intenso de outros nomes mais famosos.

Prós

  • A jogabilidade é simples. É só pegar e sair jogando;
  • Usar frutas e legumes para criar inimigos é uma ideia criativa;
  • O bom humor usado nas armas gera entretenimento por si só.

Contras

  • É muito fácil e curto para um roguelike;
  • Vários padrões de cenários e inimigos repetidos;
  • Jogar por longos períodos pode causar um certo desconforto nas mãos.
Juicy Realm — PC/PS4/PS5/Switch — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisor: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela PM Studios

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google