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Análise: Bandle Tale: A League of Legends Story (PC/Switch) é um carismático RPG no mundo dos yordles

O derradeiro projeto da Riot Forge fecha com qualidade a fila de jogos do universo de League of Legends.


Produzido pela Lazy Bear Games e publicado pela Riot Forge, Bandle Tale: A League of Legends Story é a última obra produzida pelo braço independente da Riot Games. Este RPG é ambientado em Bandópolis, o mundo dos yordles, um local cheio de magia e que, após um incidente, entra em colapso e começa a destruir tudo à sua volta. 

No controle de um yordle especialista em tricô, precisamos explorar as cinco ilhas flutuantes para recuperar a energia dos portais mágicos, salvar nossos amigos e evitar que tragédias maiores aconteçam. Este jogo conta com um excelente trabalho audiovisual, assim como uma localização e dublagens impecáveis, uma jogabilidade simples e ambientações belíssimas, apesar de alguns momentos repetitivos na campanha.



Muitos problemas para o yordle tricoteiro

Nossa história começa em Novelândia, o local onde nosso yordle, que pode ser personalizado de diferentes formas, vive e pratica a arte do tricô. Após um século de treinamento, o protagonista ganha mais liberdade e almeja explorar o mundo fora de sua ilha. Certo dia, ele e sua amiga Clover decidem ir até Bandópolis escondidos para participar da festa de Ozzy, um dos yordles mais populares da região.

No entanto, o anfitrião do evento não tomou muito cuidado na hora de preparar um dos portais, que acabou explodindo devido à instabilidade de sua magia. No desastre, Clover e Ozzy foram sugados pelo portal, Bandopólis começou a desmoronar, uma grande árvore caiu no Bosque Brotoverde, uma explosão estremeceu a Vila Engenhoca e algo misterioso aconteceu na Ilha da Inspiração.




Por sorte, nosso yordle foi salvo por Tristana, que passou a nos ajudar a resolver essa bagunça. De volta à Novelândia, nos equipamos com lãs mágicas, que nos ajudarão a usar os portais; com a mochila-casa, nossa base para fazer itens e subir de nível; e diversos outros coletáveis que encontrarmos pela frente que possam ser úteis para cumprir nossa missão. Além disso, Destro, um pé de meia tagarela, também passa a nos acompanhar e tirar sarro de nossas ações.

Durante a campanha, iremos nos aventurar por todas as regiões próximas de Bandópolis, ajudando NPCs com suas tarefas, construindo os mais variados equipamentos e descobrindo como podemos estabilizar os portais e salvar nossa amiga Clover. A história é bem simples e, por vezes, até inocente. Entre os problemas mais sérios de cada região, temos situações engraçadas e bobas que trazem um ar de leveza muito agradável.



Especialista em construção e coleta

Mesmo possuindo muitas características de simuladores rurais, Bandle Tale não se encaixa exatamente nesse gênero. Sua proposta é voltada à criação de itens para concluir missões e avançar na história, apesar de termos a possibilidade de cultivar vegetais, pescar, planejar nossa casa, construir itens e mobílias, entre outras atividades.

Na prática, esta é uma aventura com elementos de RPG e foco em crafting. Nosso yordle deve explorar os arredores de Bandópolis e coletar o máximo de itens possíveis para construir diferentes parafernalhas que irão ajudá-lo a concluir as missões designadas.

Mesmo sendo especialista em tricô, o protagonista também possui perícia em áreas como engenharia, mágica e culinária, com enormes árvores de habilidades para cada uma desses tópicos; essas novas habilidades fornecem itens para nosso yordle craftar. O jogo equilibra bem a forma de progressão, desbloqueando partes das árvores apenas após um determinado ponto da campanha. Dessa forma, nós não corremos o risco de gastar pontos desnecessariamente.




Cada ação feita nos dá pontos que preenchem as Orbes de Emoção. Toda orbe cheia nos garante um ponto para gastar em habilidades dentro das árvores e, assim, evoluir nosso personagem. Para balancear essa mecânica, deixamos de ganhar experiência quando uma ação é feita muitas vezes. Por exemplo: logo nas primeiras horas, a ação de coletar lã para de nos dar experiência, pois ela é uma das mais comuns; logo, para evoluir o yordle, temos que constantemente estar fazendo ações diferentes. 

Com isso, já é possível ver como Bandle Tale é linear. Não há uma margem muito grande para evoluir um aspecto em específico do nosso yordle, sendo que é a história que vai nos guiando quanto a isso, inclusive exigindo certas habilidades para progredir na campanha. Dessa forma, aqueles que o julgam um “Stardew Valley de LoL” podem ter uma quebra de expectativa considerável.

Dando um exemplo mais concreto, em Bandópolis há uma universidade com problemas, pois os professores estão sem equipamentos para as aulas e os alunos estão evitando contato com os docentes. Para obter informações sobre os portais, temos que ajudar o diretor Atchim Maia a restaurar a ordem na instituição, consertando o que estava estragado, reciclando lixo, fazendo um festival de dança para os yordles e, por fim, dando uma aula de tricô para todos. Há apenas uma forma de concluir tudo, apesar de podermos gastar o tempo que quisermos para isso. Essa dinâmica se repete em todas as ilhas.




Duas características um pouco cansativas são a constante necessidade de andar de um lado para o outro para coletar itens e o tempo de espera para a confecção de alguns artefatos. Essa rotina é constante durante toda a história, deixando-a um pouco repetitiva, já que só em alguns momentos temos objetivos diferentes de coletar e criar.

Em relação à dificuldade, Bandle Tale está longe de ser desafiador. Não existe o elemento de falha, sendo que o único fator que pode afetar a jogatina é a paciência para coletar e construir tudo que é necessário. A sua proposta, portanto, é ser uma aventura relaxante, e que os jogadores possam apreciar todo o carisma de Bandópolis.



Indicado para qualquer público

Uma característica positiva de Bandle Tale é sua independência do universo de LoL para conquistar os jogadores. No meu caso, que nunca joguei o MOBA ou consumi qualquer outra produção da Riot, senti que o jogo entrega uma aventura sólida, carismática e divertida por si só.

Os aspectos audiovisuais são os mais marcantes nesse sentido, a começar pelos gráficos em pixel art, que são belíssimos e constroem não apenas personagens bem-feitos, mas também ambientações detalhadas e cheias de cores. Cada mundo possui um aspecto único, com paletas de cores bem chamativas e paisagens que, mesmo não sendo grandiosas, dão um charme às fases.




É impressionante ver como cada personagem se destaca com suas características, sejam elas suas personalidades ou até mesmo suas vestimentas. O trabalho de localização dos textos também ajuda, com diálogos e piadas totalmente adaptados para o nosso idioma. Ainda nesse sentido, vale ressaltar as breves cutscenes que intercalam cada momento importante da aventura. As animações, além de bonitas, encontram-se dubladas e ajudam a compor a história explicando momentos-chave.

A presença de campeões yordles também ajuda a chamar a atenção dos fãs de LoL. Corki, Lulu, Rumble, Teemo, Tristana, Veigar e a gata Yuumi são peças importantes ao longo da história e nos auxiliam com dicas, missões e experiência para a evolução de nosso protagonista.

A trilha sonora, no entanto, não acompanha a qualidade visual. As músicas não são ruins, pelo contrário, mas não encontrei nenhuma faixa que se destacasse ao longo da campanha. Outro ponto que não me agradou tanto foram os menus que são confusos de navegar e acabam quebrando um pouco o ritmo do jogo.



Uma última história de League of Legends

Como um último ato da Riot Forge, Bandle Tale: A League of Legends Story fecha com excelência uma sequência de jogos que expandiram o universo do renomado MOBA. Ao apresentar uma aventura inocente e engraçada, com gráficos charmosos e uma localização impecável, ele cria uma obra super cativante que é capaz de entreter tanto os jogadores de LoL quanto aqueles que nunca se abriram para esse universo.

Alguns aspectos poderiam ter sido melhor trabalhados, como a trilha sonora, que não é tão marcante quanto as outras características audiovisuais. Os menus também deixam a desejar, pois espalham muita informação de maneira desorganizada e às vezes mais atrapalham do que ajudam.

Talvez os mais exigentes em relação a desafios possam sentir a jogatina mais cadenciada e monótona. Sua proposta é claramente ser uma jornada tranquila, para que os jogadores possam resolver os problemas em seu próprio tempo e contemplar o que o mundo dos yordles tem de melhor. Com isso, Bandle Tale é recomendado a qualquer jogador que queira explorar mais um pouco esse universo da Riot.

Prós

  • Os gráficos são lindos e criam belos ambientes em cada uma das ilhas;
  • A localização está ótima, adaptando piadas para o nosso idioma, e conta com dublagem nas cutscenes;
  • Os personagens são bem caracterizados, transmitindo com sucesso suas personalidades através dos diálogos;
  • Mesmo contando com muitos elementos de LoL, o jogo funciona de maneira independente;
  • Sua proposta relaxante e a ausência de falhas o tornam excelente para passar o tempo.

Contras

  • Os menus são confusos e ruins de navegar;
  • A baixa dificuldade e a jogabilidade linear podem desagradar alguns jogadores mais exigentes;
  • A trilha sonora deixa um pouco a desejar.
Bandle Tale: A League of Legends Story— PC/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Riot Forge


É engenheiro geólogo, graduando em Engenharia Ambiental, entusiasta de novas tecnologias e apenas mais um mineiro que não vive sem café e pão de queijo. Gosta de aproveitar o tempo apreciando RPGs, relaxando em simuladores de fazenda e curtindo uma boa música em jogos de ritmo.
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