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Análise: Tomb Raider I-III Remastered Starring Lara Croft (Multi) traz as origens da britânica com uma nova roupagem para disfarçar as marcas do tempo

Com visuais e controles modernos, os antigos Tomb Raider ainda continuam com suas regras datadas.

Lara Croft é um dos ícones da história dos jogos. A arqueóloga britânica está presente em uma infinidade de jogos, sempre se metendo em diversas enrascadas para conseguir seus objetivos.


A Aspyr, em parceria com a desenvolvedora Crystal Dynamics, lançou o Tomb Raider I-III Remastered Starring Lara Croft, uma coletânea que reúne os três primeiros jogos da série com uma nova roupagem e novos controles. Essa é a forma ideal de revisitar as aventuras da exploradora atualmente, com algumas ressalvas.

Clássicos dos anos 1990

Tomb Raider I-III Remastered traz de volta três títulos da “era do PS1” no pacote: Tomb Raider (1996), Tomb Raider II (1997) e Tomb Raider III: Adventures of Lara Croft (1998). Todos eles seguem a mesma base, em que devemos controlar a protagonista por diversas fases ao redor do mundo atrás de artefatos ou algum objetivo maior.

Durante a exploração, devemos derrotar inimigos naturais ou humanos, pular entre plataformas, resolver puzzles e procurar itens que recuperam vida e munição, que estão escondidos na maioria das vezes. No segundo e terceiro jogos, temos direito a pilotar veículos que são de grande ajuda para seguir em frente na aventura.

As remasterizações não mudam nada da estrutura dos jogos originais, apresentando uma experiência bem fiel. A maior mudança é a parte gráfica, que agora conta com texturas em maior resolução e mais detalhadas, elementos que ajudam a compor melhor os cenários visitados e modelos aprimorados tanto para Lara quanto para inimigos, veículos e armas.

O trabalho de dar esta nova roupagem é feito de maneira cuidadosa e que dá contexto para a iluminação das fases. Como a maioria das áreas são locais fechados, vãos em tetos e paredes são colocados para que a luz passe entre elas, e é até interessante ver os mesmos locais com o visual rudimentar e ver que era tudo fechado, mesmo que a luz ambiente não faça sentido. A possibilidade de voltar para o gráfico antigo está disponível a qualquer momento durante a jogatina.

Vale lembrar que a parte de áudio não recebeu alterações, tendo os mesmos diálogos canastrões e trilha sonora atmosférica de antes. As cenas pré-renderizadas receberam um leve ganho de qualidade, enquanto as telas de carregamento contam com artes refeitas, que também podem ser trocadas em tempo real.

Moderno e burocrático

A outra adição feita no pacote remasterizado é na jogabilidade, algo extremamente necessário para os dias de hoje. Como os jogos originais foram lançados em uma época ainda muito experimental para jogos 3D, eles usavam o padrão de controle de tanque para movimentação. Ou seja, apertar para cima levará Lara para frente na direção que ela vê, não a que o jogador deseja na câmera.

Agora, pressionar o analógico para uma direção vai nos levar para lá, dando um controle tridimensional completo para nos ajudar na movimentação. Enquanto isso, o mapeamento de ações como, por exemplo, mirar e atirar, fazem mais sentido com as convenções atuais. O novo esquema de controles realmente ajuda muito na travessia de ambientes e em saltos mais amplos, facilitando momentos de combate e nas situações de fuga de armadilhas. Isso também se aplica a veículos, que são bem mais fáceis de pilotar agora.

Apesar das mudanças, Lara ainda está presa às regras do Tomb Raider clássico. Saltos que exigem precisão, que já são complicados no formato tanque, ficam ainda mais complexos com a movimentação maleável, bem longe da jogabilidade mais fluida da trilogia de Tomb Raider: Legends (Multi). Ainda é necessário segurar um botão para andar em plataformas estreitas, as diversas formas de pular exigem um aprendizado prévio, e o jogo não vai ensinar nada do que fazer durante a campanha principal, nem mesmo os itens ganharam descrição.

Contudo, a câmera é o tópico mais complicado da coletânea. Ela está mapeada para o segundo analógico e, em espaços abertos, funciona como o esperado. Em locais fechados, ela se torna um pesadelo para o jogador, agarrando em parede, colocando-se em ângulos que atrapalham a visibilidade e alterando até mesmo a nossa movimentação.

Vale lembrar que a mansão da Lara, nas versões de cada jogo, está disponível no menu a qualquer momento. Eu recomendo fortemente que você a visite para pegar o jeito com o novo esquema de botões. E sim, é possível trancar o coitado do mordomo no freezer aqui, com mais “detalhes” sobre seu congelamento.

Arqueologia não tão acessível, mas recomendável

Mesmo com seus problemas, Tomb Raider I-III Remastered Starring Lara Croft ainda é uma boa coletânea que deixa as origens de Lara Croft mais acessíveis para as plataformas atuais, especialmente para quem já vivenciou essas aventuras anteriormente, com belíssimos visuais. No entanto, novos jogadores ainda vão passar pelas dificuldades de lidar com a jogabilidade de Lara e o quão obtuso o design das fases é. Para essa galera, Tomb Raider: Anniversary (Multi) ainda é a melhor porta de entrada.

Prós:

  • Visuais retrabalhados com atenção a detalhes;
  • Controles refeitos e mais fáceis de utilizar;
  • A possibilidade de mudar para os gráficos antigos a qualquer momento;
  • Todo o conteúdo de expansão lançado para PC de TR1 e 2 está incluso.

Contras:

  • Uma das piores câmeras dos últimos anos;
  • O controle moderno não é o ideal para lidar com as regras de Tomb Raider clássico.
Tomb Raider I-III Remastered Starring Lara Croft — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Aspyr

Estudante de enfermagem de 24 anos, está nesse mundo dos joguinhos desde criança. Fã de games com vibe mais arcade e arqueólogo de velharias, mas não abandona experiências mais atuais. Acompanha a mídia de podcasts, dublagem e ouvinte assíduo de VGM. Pode ser encontrado como @AlecFull e semelhantes por aí.
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