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Análise: Phantom Abyss (PC/XSX) é uma “corrida maluca” em busca de tesouros

Atravesse templos cheios de armadilhas em um roguelite limitado, mas divertido.

Lançado em Acesso Antecipado em junho de 2021, Phantom Abyss oferece uma empolgante aventura em primeira pessoa, incorporando elementos de roguelite. O jogo desafia os jogadores a explorarem templos repletos de obstáculos e armadilhas, visando conquistar relíquias valiosas. Uma característica distintiva deste título da Team WIBY é seu modo multijogador assíncrono, permitindo a competição com os fantasmas de outros aventureiros que também exploraram essas ruínas.

Enquanto alguns emergiram vitoriosos, empunhando tesouros inestimáveis, outros não tiveram a mesma sorte e suas almas ficaram eternamente aprisionadas nos recessos dos templos. Com o lançamento da versão final no início deste ano, surge a oportunidade de explorar mais a fundo essa envolvente experiência. Na análise a seguir, desbravamos as nuances do jogo para saber se essa aventura vale o risco.

Corra, explorador, corra!

Phantom Abyss não se destaca por uma narrativa elaborada ou envolvente; sua trama serve principalmente como um pano de fundo para a experiência de jogo. O protagonista, um destemido explorador, se encontra em meio a uma vasta ruína amaldiçoada, onde um espírito ancestral está aprisionado em uma estátua.

A entidade faz contato conosco, solicitando auxílio na busca por relíquias em diversos templos dentro da grande ruína. Nossa missão consiste, portanto, em explorar esses locais para obter as almejadas relíquias e libertar o espírito aprisionado. No entanto, essa missão é mais desafiadora na prática do que na teoria.


Os templos estão protegidos por inúmeras armadilhas e obstáculos, que testam nossas habilidades em uma corrida frenética, em que competimos com outros jogadores, representados por seus fantasmas. Além das habilidades de parkour essenciais para superar os desafios, contamos apenas com um chicote como ferramenta para alcançar plataformas distantes e ativar mecanismos, como engrenagens, ou desarmar armadilhas.


Assim, resta-nos correr desenfreadamente em busca das relíquias desejadas, sempre na esperança de evitarmos quedas em abismos sem fundo ou sermos dilacerados por lâminas gigantes que emergem do chão. A vantagem é que, em caso de uma morte prematura ou inesperada, podemos tentar novamente até conseguir — ou até a nossa paciência se esgotar.

Despertando o Indiana Jones que existe em você

Phantom Abyss se revela como uma envolvente aventura de plataforma em primeira pessoa, enriquecida por elementos de roguelite. A progressão no jogo se desdobra em dois modos distintos:

Abismo

Neste modo, os jogadores exploram os quatro ambientes das ruínas (Ruínas, Cavernas, Inferno e Abismo) em uma única partida. Cada ambiente apresenta dois andares, culminando em um desafio final, no qual a cobiçada relíquia está resguardada. A complexidade aumenta a cada andar concluído, com a ativação de modificadores aleatórios, como danos elevados ao cair de alturas, aumento no custo para adquirir bênçãos temporárias e alterações no comportamento de inimigos e obstáculos.

Aventura

Neste modo, os jogadores exploram os quatro ambientes de forma mais ordenada, enfrentando seis templos em cada cenário. A narrativa se desenvolve progressivamente, e a conclusão de cada ambiente resulta na quebra de uma das correntes que mantêm o espírito aprisionado na estátua, revelando segredos misteriosos do local. Este modo também desbloqueia novos chicotes para serem utilizados no modo Abismo, cada um oferecendo modificações únicas, como maior velocidade de estalo, escudo temporário ou a capacidade de banir espíritos malignos.

Em ambos os modos, os jogadores têm a oportunidade de obter chaves de quatro raridades diferentes, utilizadas para adquirir melhorias permanentes, como aumento de vida, velocidade de movimento e esquiva, e incremento no número de melhorias disponíveis durante a corrida.


Um dos pontos altos do jogo é seu multiplayer assíncrono, no qual os jogadores competem contra fantasmas de outros aventureiros presos nas mesmas ruínas. A interação varia de nula a limitada, dependendo dos modificadores presentes na fase. O que isso significa? Uma interação nula pode ser descrita como o simples fato de você apenas ver quais as ações que esses outros jogadores fizeram no templo, mas sem afetar os coletáveis nele contidos. A limitada, entretanto, pode fazer com que um fantasma que, digamos, abriu um baú antes de você, já tenha levado em parte ou totalmente as moedas ou chaves que estavam nele e você só terá um baú vazio.

Seguir fantasmas pode revelar atalhos e estratégias eficientes, mas também apresenta o risco de encontrar baús já saqueados por outros jogadores, adicionando uma camada estratégica à experiência. Existem situações em que seguir um fantasma é geralmente bom, mas, se for de um sujeito azarado, pode te levar para uma armadilha mortal ou um beco sem saída.


Em Phantom Abyss, a ênfase não está apenas em ser o mais rápido, mas em alcançar o final. A morte durante as tentativas é parte integrante do desafio, com armadilhas mais mortais e obstáculos cada vez mais complexos, acompanhados por modificadores desafiadores. Essa essência do roguelite adiciona o tempero perfeito a uma aventura emocionante.

De novo e de novo até que…

Após algumas horas mergulhado nas ruínas em busca de relíquias, percebi que Phantom Abyss oferece uma premissa cativante e divertida, mas não está isento de limitações. Um aspecto que merece atenção é a geração das fases, que ocasionalmente apresenta layouts repetitivos ou excessivamente similares.

A vantagem de dedicar mais tempo ao jogo permite desenvolver uma memória dos ambientes, possibilitando uma navegação mais ágil. No entanto, ao deparar-se com locais já familiares, é inevitável soltar um comentário do tipo "essa sala de novo" durante a jogatina.


Adicionalmente, a curva de dificuldade dos templos pode ser implacável para quem não se adapta rapidamente aos controles e mecânicas do jogo. Eu estava explorando o segundo ambiente (Cavernas) e enfrentando desafios devido ao grande número de modificadores negativos em vigor.

Na imagem abaixo, na parte inferior da tela, destacam-se sete ícones, sendo os vermelhos responsáveis por impor penalidades ou ativar aspectos negativos. Apenas um, concedido pelo chicote, beneficia minha jornada. Definitivamente, ser um aspirante a Indiana Jones não é tarefa fácil.

Sobre isso, a iconografia adotada em Phantom Abyss, embora adicione um toque de personalidade, às vezes não oferece uma compreensão imediata de cada elemento. A leitura de “phantonês” torna-se uma habilidade necessária, ou é preciso pausar o jogo para entender os efeitos de cada modificador ativo, para se ter uma ideia do que acontece na fase em que você está.


Quanto à trilha sonora, quando ela dá as caras, revela-se envolvente, mas sua presença poderia ser mais proeminente. Atualmente, ela se manifesta em momentos específicos, como quando um espírito maligno está à espreita ou quando estamos nos aproximando do objetivo, proporcionando uma atmosfera tensa no final da corrida. No geral, as corridas são acompanhadas por uma música mais suave e contida. Aumentar sua presença poderia adicionar uma empolgação extra ao iniciar uma nova busca por tesouros.



Só “nos corre”!

Em Phantom Abyss, a busca por relíquias em ruínas misteriosas oferece uma experiência cativante, porém não isenta de desafios. A premissa intrigante e o multiplayer assíncrono adicionam camadas interessantes à narrativa, mesmo que seja bem simples e sem muito destaque, enquanto a progressão através dos modos Abismo e Aventura proporciona uma variedade bem-vinda que pode agradar perfis distintos de jogadores.

No entanto, algumas limitações, como a repetição de layouts, a curva de dificuldade abrupta e a trilha sonora discreta, podem impactar a imersão do jogador. A iconografia peculiar, embora contribua para a atmosfera única, pode requerer uma curva de aprendizado adicional. Uma aventura contida, mas ainda interessante.

Prós

  • O multiplayer assíncrono e a possibilidade de seguir fantasmas proporcionam estratégias únicas para a exploração dos templos;
  • A jogabilidade baseada em parkour é divertida e empolgante.

Contras

  • A geração ocasional de layouts repetitivos pode afetar a variedade e a surpresa nas corridas;
  • A curva de dificuldade acentuada pode ser uma barreira para jogadores que não se adaptam rapidamente aos controles e mecânicas;
  • A iconografia pouco intuitiva pode demandar tempo para compreensão completa, afetando a imersão;
  • Trilha sonora com momentos marcantes, mas muito discreta de modo geral.
Phantom Abyss — PC/XSX — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela Devolver Digital


Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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