Blast Test

Impressões: Palworld (Multi) revela um mundo estranhamente familiar, mas ainda assim novo

Experimentamos o jogo que se tornou a sensação deste início de 2024 e despertou a quinta série que habita em todos nós.

Lançado em Acesso Antecipado no dia 19 de janeiro, Palworld, informalmente apelidado de "pokémon com armas", revelou-se uma curiosa experiência de sobrevivência em mundo aberto com uma mecânica de captura e gerenciamento de criaturas, o que constitui uma mistura envolvente. Em apenas seis dias após seu lançamento, Palworld já vendeu mais de 8 milhões de cópias apenas no Steam, tornando-se o foco das redes sociais e quebrando recordes de vendas e de jogadores ativos diariamente.

Desenvolvido pela Pocketpair, Inc., o jogo conquistou o terceiro lugar em número de jogadores simultâneos no Steam, ficando atrás apenas de PUBG e Counter Strike. Isso sem falar dos inúmeros memes e postagens sobre o jogo, especialmente no Brasil, onde conquistou popularidade graças à “quinta série” que todo bom brasileiro possui intrincada a sua alma.
Em apenas 6 dias Palworld ultrapassou a marca de 8 milhões de cópias vendidas.
Decidimos visitar Palworld para compartilhar nossas impressões sobre essa experiência e durante nossa estadia percebemos que, embora já tenha consolidado uma poderosa comunidade, o game ainda pode oferecer muito mais em termos de conteúdo e possibilidades. Seus elementos de sobrevivência e captura de criaturas criam uma experiência envolvente, indicando um futuro promissor para o jogo.

Ainda que demonstre sinais de seu potencial, é evidente que Palworld já se estabeleceu como um produto robusto, cativando os jogadores e prometendo um desenvolvimento contínuo que pode render frutos mais significativos do que já estão sendo. Ainda há muito o que fazer para deixar a experiência polida, entretanto. É o que vamos conferir a seguir.

Conhecendo o mundo dos Pals

Palworld nos conduz a um universo habitado por encantadoras e mágicas criaturas chamadas Pals. A semelhança com os Pokémon, cuja influência é evidente, nos apresenta diversos tipos dessas criaturas dispersas pelo mapa e, como habilidosos domadores de Pals, uma de nossas principais responsabilidades é capturá-los.

Ao contrário dos monstrinhos da Nintendo, a utilidade dos Pals em nosso dia a dia não se limita a treiná-los para batalhas contra outros domadores ou Pals. Em Palworld, a ênfase recai sobre a sobrevivência, e para alcançá-la devemos utilizar as habilidades desses animais para nos auxiliarem em tarefas diárias, como coletar madeira e minérios, realizar atividades agrícolas e até mesmo fabricar equipamentos.

Curiosamente, durante minha experiência com os Pals, combater outros inimigos foi uma das atividades menos frequentes. A maior parte do tempo que passei no jogo ao longo da semana foi dedicada à exploração do mapa, ao aprimoramento da minha base e, claro, a pegar muitos Pals, permitindo-me evoluir mais minhas habilidades no jogo.


O progresso ocorre de maneira orgânica, proporcionando uma sensação de conforto ao jogar da forma desejada. Consciente de que seria recompensado com pontos de experiência para avançar de nível e desbloquear novas construções para minha base, passei do estágio inicial, no qual mal sabia construir uma cabana para passar a noite, para um estágio avançado, no qual meus Pals trabalhavam eficientemente na produção de equipamentos, munições para minhas armas e fabricando mais esferas para capturá-los, garantindo a sobrevivência da minha base.


O jogo oferece dicas simples e diretas sobre como progredir de nível e aprimorar a base. Uma vez assimilada essa rotina, nosso crescimento se desenrola de forma natural enquanto exploramos o mapa e aprofundamos nosso conhecimento sobre os Pals, levando-nos a organizar expedições para descobrir novos lugares e criaturas.

O poder dos Pals

Fazendo uma nova referência aos monstrinhos da Nintendo, aqueles familiarizados com Pokémon não encontrarão grandes desafios ao lidar com os Pals. As cores, comportamentos e aparências de cada um oferecem dicas claras sobre seus tipos e habilidades, facilitando a escolha para a utilização em bases ou para nosso avatar.

Dentro da base, as habilidades naturais dos Pals, aqui denominadas aptidões, são aproveitadas em tarefas manuais, como a fabricação de itens, construção de estruturas e coleta de materiais. Pals de planta e água, por exemplo, podem colaborar em atividades agrícolas, como o plantio e a rega, enquanto Pals de fogo podem usar suas habilidades únicas na forja de materiais ou no fornecimento de fogo para cozinhar e iluminar a base à noite.


Além de suas aptidões, cada Pal possui habilidades passivas únicas, úteis tanto nas tarefas da base quanto para beneficiar o avatar. Um exemplo são os Chikipi, semelhantes a galinhas, que se mantidos em um viveiro na base se tornam fontes diárias de ovos. O mesmo se aplica aos Lamball, que fornecem lã para a fabricação de pano e, consequentemente, de outros itens.

Certos Pals, como o Teafant, têm a capacidade de restaurar a saúde do jogador graças à propriedade curativa de sua água. Outros, como o Direhowl ou Eikthyrdeer, podem servir como montarias terrestres enquanto Pals maiores, como o majestoso Nitewing, possibilitam a locomoção pelo ar, agilizando a cobertura de terreno.

Além disso, as inspirações nos jogos da série Pokémon são evidentes e têm gerado discussões nas redes sociais. Elementos como sistemas de cruzamento, batalhas contra outros domadores e a presença de uma Palpédia (claramente inspirada na Pokédex) são notáveis.

Embora não seja o foco desta publicação, é válido mencionar que pessoas com um conhecimento considerável sobre os jogos de Pokémon podem sentir-se incomodadas ou surpreendidas pelas semelhanças em Palworld. A própria The Pokémon Company declarou oficialmente que investigará qualquer possível violação de direitos autorais, deixando a resolução desse possível mal-entendido nas mãos das empresas envolvidas. Para nós, resta curtir o game pois ele ainda tem muito a oferecer.

Um mundo em constante construção

Após alguns dias explorando Palworld durante sua fase inicial de Acesso Antecipado, torna-se evidente que, embora haja uma quantidade considerável de conteúdo para conferir, ainda há lacunas significativas tanto no aspecto de gameplay quanto no técnico. Durante minhas jornadas pelo mundo dos Pals, deparei-me com áreas vazias ou com escassos recursos verdadeiramente úteis. E claro, os bugs. Em determinados momentos, fui vítima de "buracos invisíveis" ou fiquei preso nas paredes de ambientes.

Além disso, os crashes foram inevitáveis, enfrentei esse problema pelo menos quatro ou cinco vezes. Felizmente, o sistema de salvamento automático mostrou-se eficaz, minimizando qualquer prejuízo decorrente dos fechamentos repentinos do jogo. Quando ainda estava na versão 1.0.0, nem mesmo os botões do controle estavam sendo exibidos na interface do jogo. Algumas palavras com erros de tradução também fazem parte da extensa lista de coisas a serem ajustadas.

Em termos de desempenho, mesmo utilizando um PC que supera as especificações mínimas, mas está ainda um pouco aquém das recomendadas, ajustes apropriados permitiram-me desfrutar do jogo sem comprometer a qualidade ou o desempenho. É importante observar que aqueles com configurações mais modestas podem precisar abrir mão de visuais mais impressionantes para uma experiência de jogo fluida.

Outro aspecto digno de destaque é a disponibilidade do jogo e seu impacto na distribuição de atualizações. Durante a semana em que joguei Palworld, utilizei a versão disponibilizada pelo Xbox Game Pass para PC. Planejo migrar para a versão no Steam não apenas pela conveniência, mas também pelo fato de que as atualizações chegam primeiro na versão disponibilizada na loja da Valve.


Entretanto, é relevante mencionar que o progresso entre as versões para PC e Xbox Series/One de Palworld ainda é limitado. Não é possível migrar todo o progresso para a versão do Steam oficialmente; somente a versão via Game Pass pode ser transferida entre plataformas, seja no PC ou no console. O mesmo se aplica ao multiplayer online, com jogadores na Steam limitados a interagir entre si, enquanto aqueles na Microsoft, seja no PC ou no console, podem caçar Pals juntos.

Estes são detalhes que a própria Pocketpair, Inc. já abordou em publicações no perfil oficial de Palworld no X. Resta-nos aguardar e acompanhar o trabalho da desenvolvedora para que avalie o potencial crescimento do jogo com base no apoio da comunidade e na resposta da empresa à excelente recepção do game.

Os Pals ainda vão dar muito o que falar

Em suma, minha experiência inicial com Palworld durante sua fase de Acesso Antecipado o revelou um jogo promissor, embora com desafios e áreas a serem aprimoradas. As mecânicas únicas de captura e gestão de Pals, aliadas à ênfase na sobrevivência, proporcionam uma experiência envolvente e que mantém os jogadores imersos em um mundo repleto de criaturas carismáticas. Contudo, deficiências técnicas, como áreas vazias e problemas de estabilidade demandam atenção para otimizar nossa experiência.

A questão da distribuição de atualizações entre as diferentes plataformas e a limitação na transferência de progresso entre versões também emergem como pontos a serem considerados pela comunidade e pela desenvolvedora. A aguardada evolução do Palworld dependerá não apenas do suporte contínuo da comunidade, mas também da capacidade da Pocketpair, Inc. em responder efetivamente aos desafios técnicos e implementar melhorias significativas.


O jogo, claramente inspirado em elementos dos populares jogos Pokémon, destaca-se por sua originalidade ao incorporar características únicas, como o uso prático de habilidades das criaturas na sobrevivência cotidiana. O desafio de explorar um mundo repleto de Pals e aprimorar constantemente a base cria uma dinâmica envolvente, proporcionando aos jogadores uma sensação de crescimento natural ao longo da jornada.


Apesar das preocupações quanto à semelhança com Pokémon, é intrigante observar como Palworld pode evoluir e se distinguir, especialmente considerando o comprometimento da equipe de desenvolvimento em responder às expectativas da comunidade e em redefinir o jogo ao longo do tempo.

Com um olhar otimista para o futuro, é possível antever um jogo que não apenas mantém sua base de jogadores entusiasmada, mas que também se estabelece como um título relevante e duradouro no cenário dos jogos de sobrevivência em mundo aberto. Resta-nos, como jogadores e entusiastas, observar atentamente como Palworld evoluirá, esperando que a premissa inicial seja totalmente realizada com o tempo e dedicação da equipe de desenvolvimento. Que venham mais Pals!

Palworld está disponível em Acesso Antecipado para PC, Xbox Series X|S e Xbox One. Também está disponível no catálogo do serviço de assinatura Xbox Game Pass.

Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Texto de impressões produzido com cópia adquirida pelo redator.

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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