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Análise: Go Mecha Ball (PC/XSX) traz tiro e dinamismo em um vertiginoso roguelike de ação

Acerte tudo que aparece pelo caminho enquanto tenta sobreviver neste caótico título indie.


Em Go Mecha Ball, gatinhos usam robôs que se transformam em esferas para explorar uma dimensão paralela repleta de perigos. Este título indie aposta em ritmo acelerado para criar uma frenética experiência de tiro e ação com conceitos inspirados em pinball. As ideias são únicas e bem executadas, mas variedade reduzida de situações atrapalham o jogo a longo prazo.

Atirando e esbarrando para vencer

O objetivo de cada partida de Go Mecha Ball é simples: destruir todos os inimigos dos estágios para poder prosseguir. Para atacar, o mecha usa primariamente armas de fogo, e os controles usam o intuitivo esquema de alavancas duplas, ou seja, uma para mover o personagem e outra para mirar. A máquina carrega até dois armamentos, sendo possível alternar entre eles com o toque de um botão.

O grande diferencial do jogo é a habilidade de se transformar em uma esfera para deslizar rapidamente pelos cenários, algo essencial para esquivar de perigos, pois o mecha se move de forma lenta. Com a velocidade dessa forma, conseguimos usar rampas e outros objetos como impulso para alcançar locais altos ou distantes. A movimentação lembra uma bolinha de pinball levemente descontrolada, então é importante tomar cuidado para não se colocar em situações complicadas.


A forma de bolinha é também uma maneira de atacar. Durante a transformação, podemos ativar uma investida capaz de infligir muito dano ao acertar inimigos. Além disso, golpear oponentes no momento certo interrompe os seus ataques e gera munição para as armas. O golpe tem um curto tempo de carregamento, então é essencial utilizá-lo com consciência para aproveitar as oportunidades.

Conforme avançamos, melhoramos o mecha com armas, habilidades passivas e técnicas especiais. O jogo utiliza conceitos de roguelike, ou seja, cada partida oferece opções distintas de melhorias e morrer significa perder todos os itens coletados e recomeçar desde o início. De qualquer maneira, as possibilidades se expandem aos poucos com desbloqueáveis diversos, como armas, melhorias e personagens.

Imerso no frenesi divertido do tiroteio

Fiquei impressionado com o conceito principal de Go Mecha Ball, que mistura tiro com duas alavancas e o caos do pinball. Gostei, em especial, da facilidade de alternar entre andar lentamente atirando e mover velozmente no formato de esfera. No começo achei complicado intercalar as ações, mas rapidamente dominei os comandos e já estava fazendo combos ao destruir os inimigos em sequência.


Interromper os inimigos com a investida da bola traz uma dinâmica única às partidas. Na maior parte das vezes, somente atirar não é suficiente para dar conta das ondas de robôs violentos, então é imprescindível se mover constantemente e rolar na direção dos oponentes. Como a ofensiva no formato de esfera não pode ser usada continuamente e esta é a única maneira de recuperar a munição, fui forçado a prestar atenção para ativar o golpe na hora certa. É um pouco difícil por causa da natureza caótica da ação, mas é recompensador dar conta de tudo.

Uma boa variedade de inimigos deixam os estágios bem interessantes. Há todo tipo de oponente, como bolas gigantes que não podem ser interrompidas, criaturas pequenas que fogem rapidamente, uma torreta que só recebe dano na parte de trás, máquinas que lançam mísseis de longe e muito mais. Os confrontos contra os chefes seguem a mesma linha com batalhas com andamentos próprios. Adaptabilidade e improvisação são essenciais para sobreviver a tantos ataques diferentes e me diverti tentando montar estratégias.



Imprevisibilidade e caos que atrapalham

É aparente a influência do pinball em Go Mecha Ball: os estágios têm rampas, túneis, trampolins e painéis de aceleração que lançam a bolinha em alta velocidade. Isso traz um aspecto de imprevisibilidade e caos às partidas, pois às vezes esses elementos arremessam o mecha e os inimigos de maneiras curiosas.

Porém, apesar do dinamismo, isso se torna uma chateação no calor do combate: é irritante tentar acertar um inimigo com uma investida, errar e acabar sendo lançado em um buraco. Além disso, o controle aéreo é desajeitado, atrapalhando alcançar locais altos ou distantes — é necessário utilizar os elementos dos cenários, pois não há ação de pulo. Quando as coisas ficam mais intensas, a falta de precisão dificulta a sobrevivência.


O caos também se estende ao visual. A visão isométrica é agradável, mas a câmera muito próxima dificulta ver com clareza a localização dos inimigos. Faltou também um pouco de contraste visual: às vezes os oponentes acabam se mesclando com elementos do cenário, o que me fez muitas vezes receber dano sem entender direito o motivo. Com o tempo me acostumei e consegui contornar esses problemas, mas um maior cuidado nesses aspectos deixariam a experiência mais prazerosa.

Como roguelike, o jogo ousa pouco. A estrutura das partidas é fixa com estágios e situações bem parecidas entre si. Já as habilidades passivas são básicas, como aumentar dano de armas ou aumentar a chance de encontrar itens de cura, falhando em oferecer combinações malucas ou sinergias que são comuns em outros títulos do gênero. A situação melhora um pouco conforme desbloqueamos mais conteúdo, mas não são bastantes para trazer diversidade o suficiente. O jogo é divertido, mas torço para que mais variedade de conteúdo seja incluída no futuro.



Uma investida interessante e ágil

Go Mecha Ball empolga com sua mistura curiosa de tiro com conceitos inspirados em pinball. O grande destaque está na ação acelerada que exige alternar entre robô e esfera para atacar, interromper oponentes, desviar de perigos e alcançar locais distantes. A diversidade de habilidades, inimigos e chefes traz complexidade às partidas, exigindo adaptabilidade e improvisação constantes.

Apesar de inventivo, o título apresenta alguns problemas. A ação inspirada em pinball às vezes é tão imprecisa que atrapalha o andamento; o contraste visual reduzido dificulta identificar perigos nos momentos mais frenéticos; e, como roguelike, o jogo oferece conteúdo simples demais que traz sensação de repetição a médio prazo.

Em suma, Go Mecha Ball oferece uma experiência arcade divertida e única, apesar de haver espaço para enriquecer suas ideias.

Prós

  • Conceito criativo centrado em um mecha que se transforma em uma esfera para se locomover e atacar;
  • Ritmo frenético, com batalhas ágeis e intensas;
  • Boa quantidade de conteúdo para desbloquear e explorar.

Contras

  • Os controles carecem de precisão em momentos mais frenéticos;
  • Caos visual dificulta identificar com clareza inimigos e obstáculos;
  • Apesar das características de roguelike, as partidas são parecidas demais.
Go Mecha Ball — PC/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Super Rare Originals

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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