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Análise: Astral Ascent (Multi) traz feitiços e ação impressionante em um ágil roguelite

Customize e combine magias neste título indie que preza pela velocidade e fluidez.


Para fugir de uma prisão interplanetária em Astral Ascent, um grupo de heróis precisa enfrentar oponentes e perigos formidáveis. Este roguelike de ação 2D foca em ritmo frenético e muitos feitiços customizáveis para criar partidas ágeis e variadas, com introdução constante de novidades como incentivo para continuar jogando. Ele pode não ser o representante mais original do gênero, porém um universo bem-construído e visual elaborado com esmero tornam a experiência envolvente.

Enfrentando os zodíacos para tentar acabar com um ser maligno

O caos se espalhou pela galáxia quando um general chamado The Master começou a atacar os planetas com seu vasto exército de criaturas nefastas. Com certa facilidade, o ser maligno sobrepujou inúmeros povos. Por puro capricho, ele capturou indivíduos que considerava notáveis e os prendeu em prisões por todo o universo, exibindo-os como se fossem troféus. Esses locais são guardados pelos Zodiacs, guerreiros com poderes sobrenaturais — até hoje, ninguém conseguiu escapar por causa deles.

Mesmo nesta situação sombria, ainda há aqueles que se opõem a The Master. Uma delas é Ayla, uma guerreira que recebe a difícil tarefa de acabar com o tirano. Para isso, ela se infiltra em Garden, a principal prisão astral do universo. Mas para conseguir chegar até The Master, ela primeiro precisará passar pelos Zodiacs, o que se revela uma tarefa muito complicada. Por sorte, ela conta com o apoio de outros guerreiros e prisioneiros do local, que, juntos, vão se esforçar para acabar com essa era de tirania.


As partidas de Astral Ascent são estruturadas em aventuras de ação e plataforma 2D com foco no combate. Além de atacar e esquivar, os heróis têm à disposição quatro feitiços, que consomem pontos de magia para serem lançados. Sempre começamos a partida com as técnicas iniciais de cada personagem, mas, pelo caminho, podemos trocá-las livremente. Um detalhe curioso é que não escolhemos diretamente qual dos quatro feitiços usar, simplesmente o próximo da fila será lançado ao apertar o botão correspondente.

No decorrer da partida, fortalecemos os heróis de diversas maneiras. Pedras especiais aumentam suas características básicas, como defesa ou velocidade de ataque. Já os itens chamados Gambits podem ser encaixados nos feitiços, alterando-os com habilidades diversas, como infligir queimadura ou lançar projéteis adicionais. Por fim, os equipamentos do tipo Aura provêm vantagens passivas poderosas.


Os campos de Garden estão repletos de perigos e monstros implacáveis, então bastam alguns deslizes para sermos derrotados. Mas The Master é orgulhoso e não quer perder seus troféus, então em vez de morrer ao serem abatidos, os heróis são transportados para o centro da prisão. Na vila, podemos utilizar recursos obtidos nas tentativas para liberar recursos e vantagens, como novas magias e melhorias permanentes de atributos. Com isso, aos poucos, a vitória fica mais possível.

Customizando feitiços em partidas vertiginosas

O que mais me chamou a atenção em Astral Ascent foi o seu ritmo acelerado e com combates ágeis e variados. Atacar e usar técnicas especiais são ações descomplicadas, principalmente por causa dos comandos simples: combos básicos são desferidos ao segurar um botão, já as magias são ativadas em sequência, o que permite nos concentrar em atacar e esquivar com rapidez. Pode parecer um sistema limitado, mas a boa variedade de tipos de feitiços possibilita montar combos e estratégias diferentes.


Um ponto notável é que cada herói oferece um estilo distinto, com direito a características exclusivas. Ayla ataca rapidamente com suas facas e sua habilidade especial a teletransporta para as costas do inimigo para desferir um golpe poderoso; Kiran se especializa em combate corpo a corpo, sendo capaz de aparar praticamente qualquer tipo de perigo; Octave ataca de longe com uma pistola e drones, mas é frágil; por fim, a geomancer Calie lança cristais elementais que podem ser chamados de volta para ativar efeitos especiais.

Em adição ao estilo único dos personagens, temos um sistema robusto de magias. Fiquei impressionado com a variedade de poderes: lanças de gelo, relâmpagos explosivos, cortes que lançam inimigos no ar, bumerangues de energia, e muito mais. Há muito espaço para customização por meio dos Gambits e das Auras, fazendo com que cada partida seja única. E há uma sensação constante de novidade com feitiços e melhorias que são desbloqueados aos poucos entre as partidas. Particularmente, me diverti muito tentando criar combinações poderosas de habilidades.


Dominar essas nuances é essencial, pois como é de praxe de roguelites, a aventura tem dificuldade acentuada. Os inimigos são muito agressivos e com ataques únicos, o que deixa as coisas bem complicadas ao enfrentar grupos. Já os chefes são um dos maiores destaques com seus padrões de ataque elaborados e poderosos. Além disso, é notável como cada mestre oferece um combate único, sempre exigindo observação e destreza para sair vitorioso.

Um detalhe importante é que o título pode ser aproveitado em dupla no multiplayer cooperativo para até dois participantes. Com dois heróis, as possibilidades de sequências e combinações aumentam, tornando as partidas ainda mais frenéticas. É uma pena que essa opção esteja disponível somente localmente; um modo online seria mais flexível.



Em um universo de conteúdo interessante, apesar de algumas limitações

Como roguelite, Astral Ascent é um pouco conservador. As partidas são estruturadas em salas com eventos diversos, como combate, exploração, lojas ou localidades especiais. A meu ver, esse é o ponto fraco do jogo, pois a diversidade de áreas e eventos é bem reduzida.


A maioria dos estágios é bem linear e com mapas simples e parecidos demais. Os heróis atravessam diferentes áreas temáticas, porém elas são mecanicamente idênticas, salvo algumas pouquíssimas armadilhas exclusivas. É fato que o foco está no combate, mas um pouco de diversidade nesse aspecto não seria ruim. Ao menos há um elemento de risco e recompensa: quanto maior a dificuldade da sala escolhida, maiores serão os prêmios, o que nos incentiva a ir por caminhos perigosos.

Para compensar isso, o título oferece inúmeros sistemas e conteúdos para explorar. Praticamente toda vez que voltamos para a vila, alguma coisa é desbloqueada, como novos ataques, missões opcionais ou até mesmo visuais alternativos para os heróis. As coisas ficam mais interessantes depois que concluímos uma partida pela primeira vez, pois aparecem opções para modificar e aumentar a complexidade das tentativas futuras. Por meio disso, inimigos e chefes recebem novos ataques, o que nos força a melhorar e ser mais criativos — gostei demais de enfrentar os desafios mais avançados.
    


Na beleza de um deslumbrante cárcere astral

A aventura de Astral Ascent pode se passar em uma prisão, mas não é um local desolado, pelo contrário. O seu universo de fantasia é vibrante e repleto de localidades exuberantes, como florestas, desertos, enseadas e ruínas antigas. Os gráficos em pixel art são belamente desenhados e os personagens e inimigos esbanjam estilo com sua movimentação elaborada. A trilha sonora complementa essa ambientação com composições orquestrais adequadas, mas que são um pouco sem personalidade.


Um problema comum neste tipo de aventura 2D é a bagunça visual durante os momentos mais frenéticos. Este jogo não está livre disso, mas ele traz algumas opções interessantes para mitigar o caos visual. Boa parte dos ataques dos inimigos, em especial os dos chefes, contam com marcações em vermelho, o que ajuda bastante na hora de esquivar. Além disso, é possível ativar um contorno colorido nos personagens, aumentando um pouco a clareza. Não é perfeito, mas já ajuda bastante.

Por fim, fiquei impressionado com o cuidado investido na construção do mundo. A maior parte dos diálogos é dublada, o que reforça a personalidade e carisma dos personagens. Além disso, a história se desenrola aos poucos, com novas informações sobre os aliados e oponentes sendo liberadas aos poucos. O resultado é um universo convidativo e que dá vontade de explorar.



Magia e ação em uma ótima jornada

Astral Ascent oferece uma experiência roguelite envolvente e dinâmica. A ação 2D nos envolve com a diversidade de personagens com estilos de luta únicos e com o sistema robusto de magias, que proporcionam partidas frenéticas e estratégicas. Além disso, há muito conteúdo para explorar, com direito a modificadores para deixar as partidas mais complicadas.

Apesar de ter ação elaborada, o jogo apresenta algumas limitações. A variedade de salas e eventos durante as partidas é reduzida, tornando-se um ponto fraco notável e que pode resultar em repetição. Ao menos há um mundo cativante para explorar com belos visuais em pixel art e personagens carismáticos, cuja personalidade é reforçada pela dublagem.

No mais, Astral Ascent é um roguelite de ação sólido, ágil e envolvente. Faltou um pouco de ousadia, porém o resultado final é de qualidade.

Prós

  • Ação 2D precisa e de ritmo acelerado;
  • Grande diversidade de habilidades, poderes e personagens possibilita inúmeras estratégias;
  • Ótimas lutas contra chefes;
  • Extensa quantidade de conteúdo, que é liberada aos poucos;
  • Atmosfera envolvente com ótimo visual, construção de mundo e dublagem.

Contras

  • Pequena variedade de salas e eventos;
  • Biomas parecidos demais entre si;
  • Confusão visual atrapalha em alguns momentos.
Astral Ascent — PC/PS4/PS5/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pelo Hibernian Workshop

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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