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Análise: Frog Detective: o Mistério Completo (Multi) se joga na bobagem para fazer relaxar e rir

É uma coletânea de contos de comédia em forma de jogos que poderia ser menos econômica na gameplay.


A bem da verdade, Frog Detective: o Mistério Completo é uma grande bobagem. Antes de ser um demérito, essa afirmação é o reconhecimento de que o jogo alcançou seu objetivo principal: ser bobo, leve e engraçado. É como aqueles amigos bem animados e um tanto patetas que fazem piadinhas com tudo e não se levam a sério, mas que as pessoas gostam de ter por perto porque, no fundo, tudo isso vem de uma essência carismática.

O sapo Detetive é o segundo melhor investigador da agência, ficando atrás apenas do Lagostira. O supervisor o convoca para missões em que as coisas não são realmente o que parecem — porque ninguém ali tem muita noção das coisas. Ao todo, são três casos para o jogador solucionar com o sapo, que podem ser acessados em qualquer ordem.



O sapo, a lagosta e a fauna toda

A Ilha Assombrada é a primeira da lista e nos leva a uma pequena ilha com um punhado de personagens assombrados pelos sons estranhos de um fantasma que ninguém encontrou. O pessoal todo, como podemos ver, consiste de animais antropomórficos: tem coala, jacaré e até bicho-preguiça.

A segunda parte é o caso da bruxa invisível que se passa em uma vila remota no meio do Bosque Enfeitiçado. Mais uma vez, temos um único ambiente de proporções pequenas, alguns itens para encontrar e entregar aos interessados até conseguir fechar todos os pedidos e diálogos para solucionar o mistério: quem destruiu a preparação da festa de boas-vindas para a nova moradora, a bruxa invisível? Vai dar zebra vendedora, cervo na piscina e até uma rinoceronte extorquidora.




Com cerca de duas horas, a terceira e última história tem a maior duração e o maior terreno até agora. Não que seja grande, resumindo-se a uma rua de casas enfileiradas, típica do imaginário do faroeste. Mesmo assim, agora você tem um patinete para percorrer o local mais rapidamente.

O caso é chamado A corrupção no Condado das Ferraduras e envolve o roubo de todos os chapéus da cidade e a nomeação de um novo xerife, o forasteiro Tomás Toupeira. Que tal um panda pintor? E uma rata fora da lei? E uma coelha que precisa de uma identidade falsa? Esta parte final faz um fechamento do mistério completo, conectando com o começo de forma a tornar o pacote um todo coeso como foi planejado para ser.

Estamos aqui pelas histórias (e músicas)

Não espere sistemas elaborados em Frog Detective. Cada capítulo formará uma lista mais ou menos direta de itens que serão obtidos conversando e trocando outros itens com os personagens. Ênfase em “conversando”, pois é isso que você mais fará ao longo dessas histórias curtas. Elas funcionam como contos cômicos, breves e fechados, com o único propósito de divertir. Portanto, sem desafios aqui.

Uma novidade entra em cena na segunda história: a agenda. Nela, o Detetive criará registros de cada morador e poderá marcar seus suspeitos. Na verdade, é mais um recurso narrativo para fazer gracinhas e ajudar a manter a lembrança de quem é quem na história, ainda que isso não seja exatamente necessário para a trama de pouco mais de uma hora de duração.

A comédia também vai para o lado físico com a movimentação engraçada dos personagens. Por isso, creio que fazer o jogo com visão em primeira pessoa foi uma oportunidade perdida para criar mais risos com animações hilariantes se pudéssemos ver o sapo enquanto o controlamos.


Sim, tem a questão da lupa, que faz mais sentido nessa perspectiva, mas ela também só é usada para fazer graça, não para mecânicas de interação. Por isso, bastaria alternar da terceira para a primeira pessoa ao usar o item de detetive.

Como extra, O Mistério Completo traz no menu principal um minijogo de patinete inspirado nos clássicos de skate com uma pista para fazer manobras e coletar lupas em busca do high score. Será preciso praticar muito para conseguir bater o recorde do Lagostira e o fato de só ter essa fase não é incentivo o bastante para tentar se aprimorar tanto. Mesmo assim, é uma adição tão inesperada quanto ver o sapo usando um capacete e é divertida enquanto dura.




Um ponto em que Frog Detective acerta sem ressalvas é a trilha musical. Compostas por Dan Golding (de Untitled Goose Game), as faixas de jazz dão um clima noir que soa absurdo quando comparado ao restante do jogo. As faixas se levam a sério com convicção e, em vez de destoar do restante, tornam-se o ponto de equilíbrio para a atmosfera de uma maneira que o jogo não alcançaria se suas músicas seguissem pela mesma galhofa de todo o resto.

O segundo melhor detetive disponível

Frog Detective: O Mistério Completo almeja entreter e fazer rir de forma leve e boba, sem pretensões de surpreender ou desafiar com mecânicas de investigação. O foco está todo na narrativa absurda, realmente engraçada para quem gosta desse tipo de comédia ingênua com personagens excêntricos, que deve agradar especialmente às crianças.

O pacote compila os três casos e traz um minigame de patinete que pode divertir por algum tempo, mas não muito. A novidade da versão de consoles está na localização para português brasileiro, presente em todas as plataformas.



Prós

  • É um pacote de três comédias leves e curtas que não têm medo de usar o ridículo para fazer graça;
  • Algumas animações de personagens são hilárias;
  • A trilha sonora em jazz é muito boa, remetendo ao estilo de mistério noir que é o único contraponto real para a comédia das tramas;
  • Boa localização para o português brasileiro.

Contras

  • A perspectiva em terceira pessoa poderia servir melhor à comédia;
  • Além de ler os diálogos e andar por cenários limitados, não há muito mais a fazer;
  • Seria bom que houvesse algumas mecânicas de investigação para usar a cabeça um pouco.
Frog Detective: O Mistério Completo — PC/PS5/PS4/XSX/XBO/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Worm Club

Admiro videogame como uma mídia de vasto potencial criativo, artístico e humano. Jogo com os filhos pequenos e a esposa; também adoro metroidvanias, souls e jogos que me surpreendam e cativem, uma satisfação que costumo encontrar nos indies.
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