Jogamos

Análise: Song of Nunu: A League of Legends Story (PC/Switch) traz uma jornada gélida e cativante pelas terras de Freljord

Focando na imersão e na contemplação aliadas à narrativa, temos mais um bom jogo da Riot Forge.

Dando sequência às obras baseadas no universo de League of Legends, a desenvolvedora Tequila Works (responsável por RiME) foi encarregada de trazer uma aventura às terras de Freljord, em Song of Nunu: A League of Legends Story. Focando na história de um menino em busca de sua mãe desaparecida, acompanhado de seu amigo yeti, temos uma jornada simples, mas que consegue emocionar.

Em busca do Coração do Azul

Nunu, um membro da tribo Notai de Freljord, fica sozinho após a invasão de saqueadores desconhecidos à sua caravana nômade, separando-o de sua mãe, Layka.

No decorrer de sua jornada, Nunu cruza o caminho do último yeti, uma espécie de criatura mágica de bom coração que, no passado, foi dizimada após uma guerra milenar. Batizado como Willump, o simpático monstro começa a desenvolver uma forte amizade com o jovem, enxergando nele um potencial maior do que aparenta.

Song of Nunu trata da busca do jovem Notai por sua mãe, tendo como única dica os enigmáticos sonhos em que Layka sugere que ele vá até a Montanha Alada, em busca de um artefato chamado Coração do Azul, que o levará ao aguardado reencontro. Munidos da flauta mágica Scançãolibur e da força natural de Willump, a dupla passará pelos perigos de Freljord enquanto Nunu entende mais sobre a região e conhece figuras conhecidas de League of Legends.

Para auxiliar aqueles que não estão familiarizados com o universo de Runeterra, o jogo apresenta um glossário que desbloqueia novas informações gradualmente à medida que se avança na história. Os detalhes aprofundam animais, ambientes, personagens e elementos mágicos, ilustrados por simpáticos desenhos.

Conhecendo a gélida região

Guiada pela narrativa, a jornada é linear e se concentra na exploração de Freljord, que inclui escaladas, saltos por plataformas, resolução de quebra-cabeças e confrontos ocasionais. Os ambientes variam, abrangendo cavernas, estruturas de gelo, campos nevados e o lar vulcânico de um deus ferreiro. Apesar das limitações de biomas devido à natureza da região, cada local visitado oferece peculiaridades únicas, como vegetação e arquitetura.

As ferramentas fornecidas aos jogadores ajudam a superar os desafios. Nunu se destaca como um habilidoso arremessador de bolas de neve, essenciais para a resolução de quebra-cabeças que envolvem detonações de sementes explosivas (os pinstouros), balanços de pêndulos e ativação de mecanismos. Quando a dupla precisa atravessar lagos ou subir cachoeiras, uma bola de neve mágica pode criar plataformas seguras e congelar quedas d’água, permitindo escaladas mais altas.

Em outros quebra-cabeças, a flauta mágica Scançãolibur é a chave da solução. Para ativar certas estruturas, controlar alguns seres e ajudar o yeti a manipular Gelo Verdadeiro — a substância mais poderosa de Freljord —, é necessário tocar sequências de notas musicais, semelhantes ao uso da ocarina em The Legend of Zelda: Ocarina of Time (N64).

Em momentos de ação, Willump é quem enfrenta os desafios. O combate é simples, com ataques leves e fortes que podem ser combinados em sequências de botões para criar combos. Além disso, as bolas de neve imobilizam inimigos e há um recurso de esquiva. Não há um sistema de aprimoramentos para variar as lutas, e nem são apresentados tantos oponentes diferentes durante todo o jogo. A quantidade de batalhas a serem enfrentadas é bem modesta, provando que definitivamente não era o foco da desenvolvedora.

Um detalhe divertido são as animações de finalização dos inimigos. Ao esgotar a barra de vida de um monstro, é possível realizar um movimento especial cinematográfico. Um dos mais legais, na minha opinião, é quando Nunu, desmontado de Willump, aponta para cima e o oponente vê a criatura sorridente caindo sobre ele.

O controle dos dois personagens se diferencia unicamente pelo peso de cada um. Os momentos de plataforma com Willump exigem maior preparação antes de cada salto, enquanto Nunu consegue alcançar lugares distantes com mais facilidade. Não é possível escolher com quem jogar a qualquer momento, já que as situações em que é necessário controlar o garoto a pé são guiadas pela história.

Para variar o ritmo da aventura, há alguns poucos eventos, como descidas em ladeiras com obstáculos e guerras de bola de neve entre a dupla. Toda a aventura é extremamente fácil, sendo as quedas em precipícios o principal fator de mortes.

Imersão e contemplação

A jornada é imersiva, graças à bela direção de arte, que adota um estilo visual cartunesco. Os ambientes exibem cores vibrantes e vida, desde as folhas de árvores balançando nas constantes ventanias em campos abertos, até a vegetação peculiar em cavernas e grutas.

A modelagem dos personagens merece destaque. Em cenas mais elaboradas, as expressões faciais e animações transmitem de maneira eficaz a narrativa, destacando-se nas expressões de Willump e, curiosamente, nas “orelhas” do gorro de Nunu, que reagem de acordo com suas emoções. Durante os momentos de travessia, o carismático yeti possui algumas interações adoráveis, como se coçar em uma parede ou sentar-se após situações cansativas.

O jogo apresenta um primoroso trabalho de localização e dublagem, como é típico nas produções da Riot Games. E é importante mencionar que essa é a última vez que ouviremos a icônica voz de Antônio Moreno como Braum, já que o dublador faleceu em novembro de 2022.

A trilha sonora dinâmica, focada em temas tribais e épicos, contribui para a imersão, já que o poder da música está diretamente relacionado à jogabilidade. Como recompensa pela exploração, há algumas canções cantadas ocultas ao longo da campanha, bem como murais que detalham a história e alguns poros — criaturas absurdamente fofas — escondidos.

No entanto, a parte sonora tem um problema de mixagem, em que a música e o som do ambiente tendem a abafar a voz na configuração padrão. Recomenda-se a customização dos volumes pelo menu para uma experiência sonora mais equilibrada.

Uma simpática aventura

Apesar da simplicidade e da linearidade da campanha, Song of Nunu: A League of Legends Story acerta na ambientação e no enredo, principalmente devido aos seus personagens cativantes. A amizade entre os protagonistas é apresentada de forma encantadora, instigando a curiosidade da mesma forma que o enérgico menino é atraído por aventuras ao longo de todo o jogo.

Prós:

  • Bela direção de arte, carregada de cores vibrantes e ambientações interessantes;
  • Enredo cativante, especialmente pelos personagens;
  • Trabalho fenomenal de dublagem em português;
  • Puzzles bem idealizados, mesmo que sejam básicos.

Contra:

  • Sistema de combate pouco diversificado;
  • Alguns problemas de mixagem de som;
  • Controlar Willump em sessões de plataforma é um tanto complicado.
Song of Nunu: A League of Legends Story — PC/Switch — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PC

Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela Riot Forge

Estudante de enfermagem de 24 anos, está nesse mundo dos joguinhos desde criança. Fã de games com vibe mais arcade e arqueólogo de velharias, mas não abandona experiências mais atuais. Acompanha a mídia de podcasts, dublagem e ouvinte assíduo de VGM. Pode ser encontrado como @AlecFull e semelhantes por aí.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google