Jogamos

Análise: No Son Of Mine (Multi) é um breve, simplista e intenso jogo de terror e investigação

A proposta é bem modesta e limitada, mas ao mesmo tempo competente no que se propõe.


Num mercado tão competitivo, não é fácil para um game indie ganhar destaque. Para compensar as produções mais enxutas, uma boa estratégia é focar em inovação e polimento. No Son Of Mine é um jogo de terror que tenta seguir essa tática: embora breve e um tanto limitado, ele apresenta boas ideias combinadas a uma proposta que mistura terror e investigação. Pegue sua lanterna e não esqueça da câmera, pois a análise vai começar!

Terror e mistério

O jogo começa mostrando um detetive que está investigando casos de desaparecimento quando, inesperadamente, uma espécie de criatura sombria de olhos vermelhos aparece e o transporta para outro mundo. Esse lugar é uma espécie de hub com acesso a três grandes áreas: uma escola, uma vizinhança de casas e a própria agência de trabalho do policial.
Boa parte do roteiro é contada por desenhos
A questão é que, misturados às características da “vida real”, esses locais também contam com elementos misteriosos e assustadores. Por exemplo, o hub inicial apresenta, sem maiores explicações, dois túmulos ao detetive. No Son Of Mine, lançado em 6 de setembro, então coloca o jogador para explorar os cenários em busca de pistas, costurando os fatos conhecidos com as novas informações obtidas pelo caminho.
Prepare-se para encontrar alguns mistérios
O que torna essa tarefa perigosa é a constante presença da já comentada criatura, que aparece repentinamente pelos cenários atacando o jogador. Obviamente, ela tem relação com o enredo, mas falar mais do que isso seria entrar em terreno de spoilers. Isso é algo ainda mais crítico considerando que o game tem uma duração aproximada de três horas, então deixemos por conta do leitor conhecer melhor a história.
As pistas encontradas pelo caminho ajudam a entender a história
Visualmente o game tem gráficos modestos, mas competentes. Existe uma boa variação de luzes e sombras durante o uso de lanternas e velas, assim como temos ruídos e gritos assustadores interessantes. Não espere uma superprodução – afinal, o jogo em um indie –, mas sim ideias boas e competentes. Inclusive, vale destacar que ele está disponível para PlayStation 5, Xbox Series, PC e Nintendo Switch.

Algumas boas ideias...

Enquanto os elementos de investigação e exploração ocupam um bom pedaço das tarefas em No Son Of Mine, o maior destaque fica por conta do combate. No singular, pois o único “inimigo” enfrentado é a tal criatura sombria: ela pode aparecer de praticamente qualquer lugar e em qualquer momento, atacando e corrompendo o jogador com as suas sombras.
Ambientes escuros e muitos sustos
Após três ataques, é game over. Existem três formas de lidar com a criatura: correr, se esconder ou lutar. Todas elas são medidas temporárias, pois os ataques são constantes até o final do jogo. Enquanto os esconderijos consistem em armários azuis espalhados pelos cenários, os combates são um pouco mais elaborados, fazendo uso do dispositivo chamado CoolBoy 9000.
Se esconder nesses armários azuis é uma das poucas opções para lidar com a criatura
Ele é uma espécie de câmera fotográfica especial, cujo flash é capaz de afetar a criatura e deixá-la momentaneamente fora de ação. O problema é que o dispositivo conta com um sistema de cooldown demorado, tornando cada disparo praticamente a única oportunidade em cada encontro. Para não desperdiçar um “tiro”, é importante estar atento aos sinais de que o inimigo está chegando, como os gemidos dele e o piscar das luzes.
É preciso ter bons reflexos para ter sucesso nas lutas
A maneira mais precisa de encontrar a criatura, no entanto, é uma lente vermelha que modifica a visão do detetive. Com ela, é possível ver o inimigo com nitidez, mas sempre prestando atenção na barra de tempo dela; quando ele acaba, é preciso esperar ela “recarregar” para ser usada novamente. Como é possível perceber, No Son Of Mine mantém o jogador sob constante pressão, exigindo atenção e decisões acertadas para se manter vivo em busca da resolução dos mistérios do jogo.

... mas sem muito mais além disso

Um dos maiores problemas do game é que ele basicamente se resume ao que apresentei até agora. Ou seja, explorar um cenário em busca de pistas em meio aos ataques da criatura sombria. Não existem grandes reviravoltas no enredo ou novidades significativas na jogabilidade: é um game que basicamente é o mesmo do início ao fim.
Atenção, pois cada cantinho pode conter pistas valiosas
Para ser honesto, até existem algumas mecânicas secundárias, como itens que recuperam instantaneamente o flash ou que diminuem a corrupção. Também existe um recurso que torna o tempo mais lento, facilitando a mira ao disparar o CoolBoy 9000. Também é possível melhorar o aparelho e encontrar alguns (leves) desdobramentos da história em itens encontrados pelo caminho. E nada mais.
As bancadas (à esquerda) são a única fonte de melhorias do game
Para piorar, o game não pega na mão do jogador para ensinar detalhes ou auxiliar no cumprimento da campanha. Embora eu goste de desafios, confesso que por várias vezes me vi vasculhando salas a esmo em busca de algo que não sabia o que era. Como não existem mapas nem indicadores claros, quase cheguei ao limite de jogar o controle na parede.
No Son Of Mine oferece uma boa variação nas ambientações

Afinal, é importante lembrar que o inimigo não está nem aí para as dúvidas e continua seus ataques de forma ininterrupta. Conforme a campanha se encaminha para o final, a frequência das aparições aumenta tanto que o CoolBoy 9000 nem tem chance de recarregar; inclusive, alguns ataques são tão repentinos que nem oferecem chance de reação. Realmente é uma pena, pois existe potencial na proposta básica.

Uma das qualidades do game é o constante uso da variação das luzes
Talvez se ele tivesse bebido um pouco de fontes como Fatal Frame: Mask of the Lunar Eclipse, poderia ter se saído melhor. Esse game também é de terror e utiliza uma espécie de câmera especial para derrotar inimigos assustadores. Mesmo tendo seus próprios problemas, ele teve mais sucesso em oferecer mecânica de jogo mais variadas e um história com mais desdobramentos.

Apesar dos pesares!

Somando todas as suas boas e más características, No Son Of Mine termina com o saldo positivo. A atmosfera sombria é competente nos diferentes ambientes que o game explora, assim como a premissa básica do enredo e a jogabilidade. A questão é que a campanha é breve e repleta de explorações tediosas. Como os combates são igualmente repetitivos, temos uma experiência um tanto limitada.
Um bom jogo, mas com potencial para mais
Em outras palavras, embora a jogabilidade básica seja interessante, ela se torna chata rapidamente. Dado que o game é um indie, é louvável ver uma produção robusta e com qualidades importantes. Se o título de hoje for usado como base para uma produção mais caprichada, com certeza teremos um ótimo lançamento. De outra forma, ele é tão somente uma dica interessante para os amantes de terror.

Prós

  • Jogo de terror com proposta interessante e divertida;
  • Atmosfera é simples, mas bem construída;
  • Trabalho visual e de som competentes;
  • Jogabilidade acessível;
  • Mecânicas de jogo funcionam bem.

Contras

  • Campanha relativamente curta e sem grandes atrativos, principalmente para uma revisita;
  • Excesso de exploração a esmo;
  • Mecânicas de jogo se tornam repetitivas com o tempo.
No Son of Mine — PC/PS5/Switch/XSX — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise redigida com cópia digital cedida pela Pleasantly Friendly Games

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google