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Análise: Disney Speedstorm (Multi) traz todo o universo mágico da Disney para as pistas

Mickey, Mulan, Bela e mais um monte de convidados são colocados em karts envenenados para saber quem é o melhor piloto da casa.

Apesar de já fazer algumas décadas, os personagens da Disney não estão tão distantes assim dos jogos de corrida. A casa do rato mais famoso do mundo já teve Walt Disney World Quest: Magical Racing Tour (2000); Mickey’s Speedway USA (2000); Toy Story Racer (2001); e alguns títulos da franquia Carros, protagonizados por Relâmpago McQueen e sua turma. Contudo, nunca houve uma oportunidade para juntar personagens de mais de uma animação… pelo menos até agora.

Disney Speedstorm estava em acesso antecipado desde abril e agora, em setembro, finalmente teve o lançamento da sua versão free-to-play. A proposta dele é ser um jogo de corrida que traz o melhor das referências de diversos universos criados pela Disney, de maneira gratuita. Entretanto, quem estiver começando agora pode ficar um pouco para trás em relação aos pilotos que estavam nesse grid desde o começo.

Montando o grid

Nestes cinco meses que esteve em early access, a Gameloft, estúdio responsável pelo desenvolvimento do jogo, implementou diversas mudanças e melhorias com base na opinião do público, coletada por meio das mídias sociais e formulários. Ao todo foram três temporadas exclusivas de quem comprou os “Passes de Fundador”, sendo a quarta e mais recente a escolhida para iniciar os trabalhos para o público geral.

Qualquer pessoa que baixar Disney Speedstorm agora terá logo de cara o trio Mickey, Donald e Pateta. Para liberar os demais integrantes do elenco, é necessário reunir dez fragmentos do piloto desejado, que são conseguidos por baús de recompensas aleatórias, eventos, ou gastando as fichas do jogo, que são obtidas em disputas online, aumentando o nível da coleção, ou gastando dinheiro de verdade.

Os corredores possuem três raridades: comum (azul), raro (roxo) e épico (amarelo), e acumular os fragmentos faz com que eles ganhem estrelas, podendo atingir até cinco. Quanto mais estrelas, mais podemos subir o nível deles com itens ganhos nos eventos diários, sendo 50 o nível máximo que um piloto pode atingir. Além disso, eles são divididos em quatro categorias: Apressadinhos, Brigões, Defensores e Trapaceiros.

Todo esse sistema faz com que o começo do jogo seja bem lento, mas ainda assim ele dá bons recursos para que os pilotos iniciais possam ser upados de maneira rápida até a segunda estrela. Quem quiser gastar dinheiro comprando fichas, poderá escolher entre algumas opções de pacotes que fazem o desbloqueio inicial de outros membros, mas apenas para a primeira estrela.

Também é possível jogar a temporada atual, com o tema do Aladdin, de maneira gratuita, e desbloquear itens dela sem problema algum. Mas, mais uma vez, quem optar por comprar o Passe de Ouro ganhará mais prêmios fazendo a mesma sequência de eventos semanais.

As próximas duas temporadas já foram definidas e terão como tema Frozen e A Pequena Sereia, além de outros pilotos das séries que já estão no jogo. Até o momento em que finalizei esta análise, Disney Speedstorm conta com 37 pilotos, de diversas franquias. São os seguintes:

Mickey e seus Amigos
  • Mickey Mouse
  • Pato Donald
  • Pateta
  • Mickey do Barco a Vapor
  • Bafo do Barco a Vapor
  • Minnie Mouse
  • Margarida
A Bela e a Fera
  • Bela
  • Fera
  • Gaston
Mulan
  • Mulan
  • Shang
Hércules
  • Hércules
  • Megara
  • Hades
Mogli (O Livro da Selva)
  • Mogli
  • Balu
Piratas do Caribe
  • Jack Sparrow
  • Elizabeth Swann
Walt Disney World
  • Figment
Monstros S.A.
  • Sully
  • Mike Wazowski
  • Celia Mae
  • Randall
Toy Story
  • Woody
  • Buzz Lightyear
  • Jessie
  • Betty (Bo Beep)
Lilo e Stitch
  • Lilo
  • Stitch
  • Jumba
  • Capitão Gantu
  • Angel
Aladdin
  • Aladdin
  • Jasmine
  • Gênio
  • Jafar
Ter quase 40 pilotos de produções tão famosas é sempre bom — eu mesmo tenho meus favoritos e são os que uso com mais frequência —, mas isso também colocou o pessoal que começou a jogar agora em uma desvantagem muito grande, que nem o dinheiro pode resolver.

Os eventos diários e de temporada requerem alguns corredores de séries específicas em determinados momentos e, dependendo da dificuldade proposta, é recomendável que eles já estejam com duas ou três estrelas, com média de nível entre 25 e 35. 

Para mim, que jogo desde o começo, e tenho todos à disposição com duas estrelas no mínimo, é fácil. Para os iniciantes, mesmo com toda a habilidade que possuem, terão que se contentar com várias corridas medianas e com resultados modestos.


Outro infortúnio está no material de evolução dos personagens. As estrelas só sobem com o acúmulo de fragmentos, então não há conflito, mas isso não acontece com o nível, pois personagens de uma mesma série e uma mesma classe dividem alguns dos mesmos materiais.

Um exemplo: Bela, que é da classe Apressadinho, partilha de alguns dos mesmos itens de Mickey e Jasmine, que são da mesma classe, e Fera e Gaston, que são do mesmo longa. Nesse quesito a Gameloft deu uma bola fora, pois assim que Disney Speedstorm foi lançado, havia uma variedade maior de itens, o que tornava mais fácil subir os níveis. Agora, com tudo mais “universal” entre os pilotos, ficou mais difícil adquirir recursos, pois eles vêm em menor quantidade e quando os temos, há a necessidade de ponderar quem priorizar.

Um pouco de cada universo

Independente da mídia, o charme e a mística da Disney sempre pesam em tudo que carrega seu nome e Speedstorm consegue se aproveitar muito bem disso. Com exceção das pistas originais do jogo, que são baseadas no mundo de umas criaturinhas chamadas Arbee e são apenas trajetos ovais completamente ignoráveis, tudo carrega uma montanha de referência às suas produções de origem.

Cada grupo tem sua pista, que contém diferentes trajetos. É muito divertido correr pela ala Oeste do Castelo da Fera em meio a um jantar dançante, nas ruas de Agrabah, a Muralha da China, o quarto do Andy e até mesmo em torno do navio Pérola Negra durante o ataque do Kraken. 

Já os pilotos fazem questão de carregar em seus macacões números que fazem referências ao seu ano de estreia nas telinhas, ou nas telonas, e cores dos seus trajes, que vão desde os mais comuns até aqueles utilizados nos momentos de clímax. Além disso, além dos poderes comuns, cada um possui uma habilidade única, própria de seu legado. Mulan, por exemplo, solta um rojão, em alusão ao momento do longa em que ela causa uma avalanche para dispersar os hunos; outro dos meus favoritos é Hércules, que ganha uma ajudinha do seu pégaso para ultrapassar os adversários.

A trilha sonora traz remixes de diversas canções famosas, só que com alguns trechos em inglês — não que isso seja um problema. Nesse quesito, eu me peguei cantando as músicas até dos filmes dos quais eu não sou fã, como Somente o Necessário e Confie em Mim, de Mogli. Posso mencionar muitas outras, como Um Mundo Ideal (Aladdin), Sentimentos São (A Bela e a Fera), Homem Ser (Mulan) ou De Zero a Herói (Hércules). É simplesmente inevitável não se deixar levar enquanto corre.

O único ponto que perde um pouco da característica é a customização dos karts. Podemos selecionar a cor da carenagem, modelo de roda, de aerofólio e a placa. Personagens da mesma franquia têm veículos estruturalmente iguais, mudando apenas alguns tons de cores e levemente o modelo das rodas e aerofólio. Mesmo com a pintura única de cada um, que demora muito para liberar por ser uma recompensa aleatória do baú multiplayer, seria muito mais interessante se o visual do carro acompanhasse o perfil do seu dono de maneira mais única e característica.

Segurando a ponta

Com tudo isso envolvido, Disney Speedstorm consegue ser bom no principal, que é correr? A resposta é um sonoro sim. Tirando a peculiaridade dos atributos de cada classe, os comandos são bem simples e priorizam a diversão acima de tudo. Basicamente temos que acelerar, derrapar para ganhar turbo, soltar os poderes (que podem ser simples ou carregados) e usar o analógico direito para dar uma fechada em algum rival, como se fosse uma investida.

Para ajudar quem tem algum tipo de limitação física, ou até mesmo jogadores de idade mais nova que não se dão bem com os controles, é possível utilizar o piloto automático e a direção assistida, escolhendo apenas qual rota o carro irá seguir. Isso torna o jogo bastante inclusivo, mas sem deixar de lado o desafio proposto pelas dificuldades mais altas ou disputas online.

Quanto aos modos de jogo, além dos diversos eventos para serem concluídos por uma pessoa, o multiplayer traz propostas bem generosas, mas com ressalvas. Os donos de PlayStation 5, Xbox Series X/S e PC podem ter até mais três participantes com eles no modo tela dividida. Já quem tem Switch, PS4 e Xbox One só consegue ter dois corredores no mesmo console.

No mais, é possível fazer corridas reguladas, tanto de maneira local quanto online, nas quais todos os pilotos têm o mesmo nível e todo o elenco está disponível, independentemente de o usuário já ter liberado ou não. É algo que ajuda a conhecer todo o elenco, sem precisar passar longas horas tentando desbloquear cada corredor individualmente.

Com o lançamento oficial do modelo gratuito, um dos maiores problemas das provas ranqueadas foi resolvido, que era o fato de não encontrarmos outros participantes para a corrida e o grid ser preenchido com bots, e isso influenciava muito nos pontos ganhos e perdidos após cada prova. 

Somado ao crossplay, presente desde o início do acesso antecipado, tudo se torna bem mais divertido e dinâmico. Sem exagero nenhum, ganhei mais de 500 corridas durante todo esse período, e só tive problemas de conexão três vezes. É um saldo bastante positivo

O ponto fraco a respeito da pilotagem fica por conta do desbalanceamento dos poderes no meio da corrida. Cada habilidade pode ser disparada de maneira simples ou carregada, mas ainda assim, enquanto alguns são assustadoramente fortes e apelões, outros são ridiculamente fracos.

Um dos casos mais tristes é o de Mogli, da classe Apressadinho. Seu poder próprio se baseia em mandar uma alcateia de lobos atacar quem está à sua frente, seja de maneira simples ou carregada. Quando ele está em primeiro, vira um verdadeiro alvo fácil, pois é praticamente impossível de se defender e tem determinadas corridas em que você só dispara seu poder apenas uma vez, e tem outras em que eu já utilizei a habilidade única do meu personagem seis vezes. Parece loucura, mas isso acontece com bastante frequência.

Quando esse desbalanceamento é combinado com corredores que são extremamente fortes e têm poderes que agem na pista toda, tanto à frente quanto para trás, como Stitch, Jessie, Bela e Jumba, triunfar se torna impossível. Isso vale tanto para o online quanto para disputas de eventos contra a CPU. Ainda assim, vale a pena conhecer cada um deles e aprender suas fraquezas e qualidades. Melhor ainda quando pode ser feito com a ajuda de um amigo e sem gastar nada.

Pise fundo e acelere sem compromisso

Por mais que as microtransações criem um abismo entre jogadores, Disney Speedstorm é um jogo de corrida bastante decente. Ter personagens tão ilustres e carismáticos com seus universos inseridos em cada corrida, em conjunto com eventos diários, semanais e temáticos, consegue disfarçar um pouco o grinding necessário para se obter todo mundo.  Além disso, não deixa de ser uma ótima opção gratuita para aproveitar com os amigos, seja cada um na sua casa ou no mesmo local.

Prós

  • Pode ser baixado em qualquer plataforma gratuitamente;
  • Diversos eventos diários, semanais e temáticos para obter fragmentos de pilotos e itens;
  • A pilotagem é ótima e há recursos de inclusão, como aceleração automática e direção assistida;
  • Muitas referências às franquias da Disney nas pistas, trajes dos pilotos, músicas e poderes únicos;
  • Online estável e com crossplay;
  • Grande elenco com nomes famosos da Disney;
  • Os modos multijogador permitem o uso de todos os personagens sem precisar desbloqueá-los.

Contras

  • O começo do jogo com as tarefas iniciais é bastante lento;
  • As microtransações desempenham um papel muito grande na evolução do jogador, mesmo sem serem vitais;
  • Alguns personagens têm poderes que não são úteis quando estão em primeiro lugar;
  • Há um desbalanceamento na distribuição de poderes em cada corrida;
  • Customização dos karts não é tão interessante, mesmo apostando nas mesmas referências que o restante do conjunto;
  • PS4, XBO e Switch só suportam dois jogadores no multiplayer local.
Disney Speedstorm — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versões utilizadas para análise: PS4 e PS5
Revisor: Vitor Tibério
Análise feita com cópia digital cedida pela Gameloft

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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