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Análise: Wandering Sword (PC) é um belíssimo RPG baseado nas artes marciais chinesas

Escolha seu estilo de combate e acompanhe o jovem Yuwen Yi em sua jornada de vingança e autoconhecimento.


Inspirado em diversos elementos da cultura chinesa, Wandering Sword é um RPG tático produzido pela The Swordman Studio e publicado pela Spiral Up Games. No controle do jovem espadachim Yuwen Yi, precisamos explorar os mais diversos ambientes e enfrentar as perigosas facções que procuram o controle da região ao mesmo tempo que dominamos as mais variadas artes marciais para combatê-los.

Um mundo em guerra

Após o fim da Dinastia Ning, todas as terras locais passaram a sofrer com inúmeros conflitos internos e externos, o que levou a um enorme banho de sangue em todo o país. Na região de Outer Lands, a gangue Tianlong aproveitou a chance e se aliou aos estrangeiros para aumentar a sua força e influência com objetivo de dominar a região de Central Plains.

Neste contexto, somos apresentados a Yumen Yi e seus amigos, Jiang Cheng e Li Qiuyue. Os três estão responsáveis por fazer a escolta de Qingxu, mestre dos Wudang, por Outer Lands. No caminho, eles acabam no meio do conflito entre duas gangues e são atacados quando tentam escapar. Cheng e Li morrem no local, enquanto Yi fica caído e sofrendo com o efeito de um poderoso veneno.




Um mês se passa e Yi acorda na vila Wutong, em Central Plains. O jovem foi salvo por Qingxu e está sob cuidados de Jiang Yinfeng e sua filha, Jiang Xiaotong. No local, o protagonistq consegue suprimir os efeitos do veneno e recebe um treinamento em artes marciais com Yinfeng. Seu objetivo agora é buscar vingança por conta da morte de seus amigos. 

No meio de todo o processo, Yinfeng morre e sua filha é sequestrada por uma mulher desconhecida. Yi se compromete a salvar a filha de seu antigo mestre e parte para uma jornada por todo o território hostil para acabar de vez com aqueles que o fizeram sofrer.




Wandering Sword possui uma história emocionante baseada em elementos da cultura chinesa, principalmente as artes marciais. Na jornada, visitamos ambientes como montanhas, florestas, cavernas, templos e vilas com arquiteturas e costumes únicos, além de encarar muitos mercenários e animais selvagens.

Os gráficos em HD 2D trazem um enorme nível de imersão graças à direção de arte, sistema de iluminação e jogo de câmera muito bem-feitos. A trilha sonora acentua essa sensação, com músicas instrumentais que acompanham a simplicidade e os perigos na vida dos camponeses.




O game é estruturado na forma de missões primárias, que guiam a história principal, e secundárias, que usamos para obter recursos como dinheiro, armas e novos aliados. No geral, elas envolvem derrotar algum inimigo em específico, coletar informações ou itens. Não há muita variedade nessas tarefas, mas elas não chegam a ser um incômodo durante a campanha.

No entanto, a falta de localização para português atrapalha não só o entendimento da história, como também das missões. Como Wandering Sword é um jogo com muitos diálogos e textos descritivos, a falta de uma tradução para nosso idioma certamente pode atrapalhar na compreensão da aventura se o jogador não tiver tanto conhecimento do inglês.



Planejando todos os seus passos

Um dos grandes destaques de Wandering Sword é o seu combate. Ele possui uma estrutura de RPG tático, com o campo de batalha dividido em um grid, e temos a liberdade de movimentar os integrantes da nossa party dentro de um determinado alcance. Da mesma forma, nossos ataques também possuem alcances diversos.

A dinâmica do combate varia de acordo com as artes marciais que treinamos. Durante o tutorial, temos que escolher entre os estilos com espadas, sabres, armas ocultas, bastões ou mãos livres. No entanto, ao longo da aventura, podemos nos especializar em todas elas à medida que treinamos com novos equipamentos.




Usando as mãos ou espadas, por exemplo, precisamos nos aproximar dos adversários para efetuar o golpe. Da mesma forma, com bastões temos um alcance maior e podemos atingi-los com uma distância maior. Montar uma party com personagens de estilos diferentes é um dos grandes segredos para avançar no jogo, pois conseguimos nos adaptar aos mais diferentes perigos.

Como esperado de um RPG tático, o posicionamento das unidades é um fator fundamental para as batalhas. A movimentação dos guerreiros varia de acordo com a sua mobilidade, característica que pode ser ampliada com uso de pontos ganhos após as batalhas. Atacar os inimigos lateralmente ou por trás nos dão bônus de dano;  no entanto, esse sistema também beneficia os inimigos.

Algo que me incomodou foi a simplicidade do grid. Muitos RPGs táticos utilizam de ambientes com diferentes elevações para criar um sistema de combate mais estratégico, mas Wandering Sword possui apenas terrenos planos, o que deixa algumas batalhas monótonas. 




Para compensar um pouco isso, os desenvolvedores implementaram a possibilidade de modificar o sistemas de combate por turnos por um combate em tempo real, no qual  a ordem das ações são definidas pelo preenchimento de uma barra de ação. No sistema por turnos, podemos planejar nossos movimentos com mais calma e, em alguns casos, até voltar atrás nas decisões. Já em tempo real, o combate é mais dinâmico e difícil, pois não há espaço para pensar e qualquer deslize te leva para uma derrota rápida.

Apesar de eu não ter gostado do combate em tempo real, ele pode ser uma excelente alternativa para quem possui muita experiência em jogos do gênero e busca um jogo mais desafiador. O mais importante, no fim das contas, é que Wandering Sword consegue atender a jogadores com diferentes experiências.



Uma interface poluída e problemática 

Um dos grandes problemas de Wandering Sword é sua interface poluída e confusa. Algo que me incomodou muito foi a poluição visual em locais com grande quantidade de NPCs, com textos de nomes, missões, itens pipocando pela tela. É como se eu estivesse jogando algum MMORPG do início dos anos 2000.

Em combate, esse problema também está presente. Há muita informação espalhada pelos cantos da tela, algumas em forma de ícones, outras em textos com fontes genéricas que se misturam com elementos da interface e dificultam o entendimento de qual botão precisamos apertar.

Esse defeito se torna gritante quando vemos cenários e efeitos visuais lindos se misturando com esse excesso de informações. Talvez jogadores menos exigentes não se incomodem com isso, mas esse é um detalhe que poderia ter sido melhor trabalhado no desenvolvimento.




Por fim, vale destacar os problemas com os controles. Apesar de possuir suporte a eles, o mapeamento dos botões é confuso e, em alguns casos, diferente do que é mostrado em tela. Até o momento em que decidi usar o mouse e teclado, precisei ficar adivinhando qual botão apertar, pois na tela aparecia uma coisa e no controle o comando era outro.

De qualquer forma, o uso de controle não é recomendado. Navegar nos menus dá uma trabalheira mesmo utilizando o mouse, pois todos são confusos e cheios de elementos para interação. O combate também fica mais dinâmico quando utilizamos os periféricos, pois facilita a indicação de movimento e ataque.



Mágico, desafiador e com espaço para melhorias

Wandering Sword chama a atenção devido a  seus belíssimos elementos audiovisuais e seu combate desafiante. Os seus gráficos em HD 2D e sua trilha sonora são um espetáculo, criando uma ambientação única para esta aventura inspirada na cultura chinesa.

Os diferentes estilos de artes marciais criam um combate variado, dinâmico e que dificilmente cai na mesmice, apesar da estrutura do grid não ajudar muito. Para os mais entusiastas, alterar o sistema por turnos para tempo real é uma característica que certamente irá agradar. Caso você tenha um bom conhecimento em inglês, fica a recomendação de um RPG divertido e cativante.

Prós

  • Os gráficos em HD 2D são de tirar o fôlego;
  • A trilha sonora acompanha a qualidade gráfica e cria uma excelente imersão na aventura;
  • Podemos treinar todas as artes marciais disponíveis e criar diferentes estratégias de combate a partir delas;
  • Os sistemas por turno e em tempo real conseguem atender aos jogadores mais casuais e entusiastas do gênero.

Contras

  • Ausência de localização para português;
  • Os terrenos de combate poderiam ter diferentes elevações para dar um nível a mais de estratégia;  
  • Interface muito poluída, com muitos elementos pipocando na tela;
  • Os menus são ruins de navegar;
  • O suporte para controle é problemático devido ao mapeamento de botões.

Wandering Sword — PC — Nota: 8.0

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise feita com cópia digital cedida pela Spiral Up Games


É engenheiro geólogo, graduando em Engenharia Ambiental, entusiasta de novas tecnologias e apenas mais um mineiro que não vive sem café e pão de queijo. Gosta de aproveitar o tempo apreciando RPGs, relaxando em simuladores de fazenda e curtindo uma boa música em jogos de ritmo.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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