Jogamos

Análise: Moonstone Island (PC) reúne boas ideias em torno de um completo simulador de vida

Mesmo usando alguns jogos populares como inspiração, o título da Studio Supersoft possui muita personalidade e cria um universo rico em detalhes.


A popularidade de jogos do gênero simulador de vida aumentou consideravelmente nos últimos anos e um dos grandes responsáveis por isso é o sucesso de Stardew Valley (Multi). O jogo produzido pelo Eric Barone implementou tantas ideias de maneira exemplar, que muitos jogos recentes beberam dessa fonte de diversas maneiras.

Neste contexto, chegamos em Moonstone Island, um simulador de vida que combina o gerenciamento de fazenda com coleta de recursos, captura e batalha de monstros, construção de relacionamentos, crafting, alquimia e algumas outras mecânicas semelhantes ao famoso jogo de Eric. No entanto, a Studio Supersoft conseguiu dar um personalidade própria ao seu jogo e, mesmo vendo muitas características familiares, ele cria uma experiência única.



Um ano longe de casa

Logo no início do jogo somos apresentados ao nosso personagem, um jovem alquimista que está se preparando para passar um ano longe da casa de seus pais para concluir o treinamento de sua função. No tutorial, nosso pai nos ensina o básico sobre como plantar, regar e colher, e alguns detalhes sobre o processo de captura e batalha de criaturas, aqui chamados de espíritos da natureza, semelhante ao que temos na série Pokémon.

Com o conhecimento básico de plantio e nossa criatura parceira ao nosso lado, partimos para a nossa viagem. Vale destacar um detalhe que me incomodou aqui: não há personalização do protagonista em nenhum nível. Não chega a ser um problema que estrague o jogo, mas para um simulador de vida, como ele se propõe a ser, seria muito legal poder modificar nosso personagem da maneira que quisermos.




O mundo em que vivemos é composto por centenas de ilhas flutuantes criadas proceduralmente com biomas, criaturas, itens e segredos únicos espalhados por todas elas. Montado em sua vassoura voadora, nosso personagem viaja durante o dia todo, até o momento que um acidente ocorre e ele cai em uma das ilhas, perdendo todas as suas ferramentas e itens.

Na tentativa de coletar tudo de volta, ele desmaia por conta do cansaço e é resgatado por Ossono, dona da taverna e uma das habitantes da ilha. A moça nos ajuda com a coleta de nossos itens e nos dá a primeira orientação para a construção de um lar e a exploração daquele mundo. 

A ilha é habitada por 11 pessoas, cada uma possuindo uma profissão, habilidades, horários e interesses únicos. Podemos também construir um relacionamento (amoroso ou não) ao dar presentes, conversar, contar piadas e chamar para encontros. A partir dessa introdução, podemos começar a saga de evoluir nossas habilidades de alquimista ao longo do ano.



Sua vida do jeito que preferir 

Desde o primeiro dia temos acesso a praticamente todas as nossas ferramentas, como marreta, machado, foice e regador. Com eles começamos a coletar recursos como pedras, madeira, minérios, plantas e sementes. Com esses materiais, podemos ampliar nossa residência, participar do comércio local e aproveitar do sistema de crafting, construindo coisas como móveis, decorações, cercas e novas ferramentas alquímicas.

Com poucos minutos de jogo começamos a desbloquear muitos outros itens que facilitam a exploração, como o balão que é utilizado para voar entre ilhas, flauta que é usada para teletransporte, além de vara de pescar, cajado mágico, fora o que podemos construir. Ter todos esses elementos à disposição logo de cara é excelente para incentivar a exploração, seja entrando em uma caverna, voando entre as ilhas, capturando monstros, desenvolvendo relacionamentos ou pescando. Há um mundo de possibilidades e mesmo com um sistema de missões para nos orientar, temos a total liberdade de fazer o que quisermos da forma que bem entendermos. 




No entanto, acho que jogadores sem muita experiência podem ficar um pouco perdidos nesse sentido. São tantas ferramentas e mecânicas que pode demorar algumas boas horas até dominar tudo, principalmente porque temos todas a disposição rapidamente. A campanha ocorre ao longo de 112 dias — quatro meses de 28 dias, um para cada estação do ano — e saber que logo ela irá terminar pode trazer a sensação de ter perdido tempo tentando entender o básico.

Assim como Stardew Valley, cada ação consome um pouco da barra de estamina do protagonista, que esvazia rapidamente. Quando ela chega ao fim, nós desmaiamos de cansaço, assim como quando ficamos acordados até às 2 da manhã. Mesmo que seja uma mecânica um pouco chata, há muitos itens coletáveis que recuperam nossa energia e não limitam nossas atividades.




Mesmo com a necessidade de planejar uma rotina e trabalhar com prazos, Moonstone Island é um jogo para sentar e relaxar. Os seus gráficos em pixel art e a trilha sonora animada compõe bem este mundo de magia e mistérios. Os NPCs também são extremamente expressivos e carismáticos, o que cria um interesse em estabelecer laços com todos eles.

A localização para português também é um ponto de destaque, com a utilização de piadas, sotaques e gírias comuns do nosso país. Outro ponto muito legal é a boa utilização do pronome neutro em alguns personagens, o que o torna um jogo muito mais inclusivo e reforça esse ambiente amigável que encontramos desde o começo da aventura.

Um problema que vale ressaltar é que a utilização de controles é um pouco problemática na navegação de alguns menus e quando precisamos colocar itens pequenos como cercas e pontes. Quando precisamos organizar nossa mochila e selecionar itens que estarão à disposição, é quase um pesadelo. Pelo menos nesse quesito, o uso de mouse e teclado é mais indicado pela eficiência e precisão dos movimentos.



Temos que pegar

Um dos diferenciais de Moonstone Island é o seu sistema de captura e batalha. Há uma boa variedade de biomas nas ilhas que visitamos e isso reflete nas criaturas que encontramos. Nas florestas, nós temos criaturas de grama, enquanto na praia temos os aquáticos, e nas cavernas os do tipo terra, por exemplo. Ao todo, são 66 monstros que podemos encontrar, capturar e realizar pesquisas sobre suas características.

As criaturas não são marcantes, tendo algumas designs bem simples e genéricos, mas que no geral compõem bem este mundo. Nosso time pode consistir de até três monstros e a criação de mais deles só é desbloqueada após a construção de um criadouro.




As batalhas ocorrem em turnos, com confrontos de até três contra três. Cada monstrinho possui um baralho que representa seus ataques, e esses podem ser melhorados e ampliados à medida em que eles ganham experiência e aumentam de nível ou encontrando portais especiais espalhados pelas ilhas. Além disso, há um sistema de vantagens de tipo, ou seja, o jogo exige um mínimo de estratégia na construção de time.

Para derrotar um espírito nós precisamos primeiro zerar seu escudo, atributo de cada monstro que o impede de ser atordoado, e depois zerar sua vida. Por não ser um sistema profundo, o combate consegue ser intuitivo e fácil de dominar. No entanto, depois de um tempo ele acaba caindo na mesmice, mesmo que você troque seu time com frequência.




Um mundo carismático e divertido

Antes de começar a jogá-lo, um dos meus receios com Moonstone Island era de ser apenas mais um jogo inspirado em Stardew Valley. No entanto, o título da Studio Supersoft é um excelente exemplo de como se basear em jogos populares e, mesmo assim, criar algo único e marcante. A geração procedural de ilhas garante que cada aventura seja única e as diversas mecânicas de construção, gerenciamento, relacionamento, batalha e exploração auxiliam no desenvolvimento de uma aventura da forma que você bem entender. Apesar de alguns pequenos problemas, é uma recomendação mais do que certa para os jogadores que desejam desfrutar de um ótimo simulador de vida.

Prós

  • A criação de mundo procedural garante que cada aventura seja única;
  • A presença de criaturas para capturar e treinar é interessante e encaixa bem neste mundo;
  • Os gráficos e trilha sonora compõe bem a ambientação relaxante que é proposta;
  • A localização para português está excelente;
  • O jogo te dá a liberdade para progredir da maneira que bem entender.

Contras

  • O uso de controles é um pouco impreciso na hora de colocar alguns itens e navegar pelos menus;
  • Não há personalização do protagonista;
  • As batalhas tendem a ficar um pouco repetitivas.
Moonstone Island — PC — Nota: 9.0
Revisão: Juliana Piombo dos Santos 
Análise feita com cópia digital cedida pela Raw Fury


É engenheiro geólogo, graduando em Engenharia Ambiental, entusiasta de novas tecnologias e apenas mais um mineiro que não vive sem café e pão de queijo. Gosta de aproveitar o tempo apreciando RPGs, relaxando em simuladores de fazenda e curtindo uma boa música em jogos de ritmo.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google