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Análise: Ninja or Die: Shadow of the Sun (PC) utiliza poucos botões para trazer uma aventura frenética no Japão da era Edo

Salte indefinidamente para combater o terrível cataclismo que aflige o Japão.


Ninja or Die: Shadow of the Sun
é um roguelite de ação frenética e plataforma 2D ambientado no Japão da era Edo. No controle de um ágil ninja, precisamos superar ambientes recheados de inimigos para chegar até o castelo e descobrir o que está por trás do fim do mundo. 

Um mundo enlouquecido

A destruição da humanidade está próxima. Um terrível cataclismo atingiu o Japão e causou mudanças inesperadas nas pessoas. Você, que antes era apenas um batedor de carteiras, agora é um habilidoso ninja. Ninjas malvados apareceram aos montes, muitos aldeões estão desalojados e o caos na região só aumenta. O mais impressionante é que uma pessoa previu todos esses acontecimentos: sua desaparecida mãe.

Nesse contexto, precisamos utilizar nossas habilidades ninja para superar desafios de plataforma, muitos inimigos e chefes poderosíssimos para chegar ao centro de todo esse evento e descobrir uma forma de voltar tudo ao normal. 




Nossa aventura se passa nos mais variados ambientes, como densas florestas, cavernas escuras, montanhas geladas e o fundo do mar. Os gráficos em pixel art são ricos em detalhes e o uso de cores neon para destacar perigos e objetos relevantes é excelente, principalmente por conta da ação frenética proposta pelo jogo.

Os mundos são estruturados em fases e o seu progresso depende da realização de alguma missão, que pode ser derrotar todos os inimigos, procurar uma chave ou simplesmente encontrar a saída. As fases são compostas por corredores e salas geradas proceduralmente e geralmente são curtas, não levando mais que três minutos para serem concluídas.




Mesmo parecendo repetitivo, Shadow of the Sun apresenta uma característica muito legal: cada mundo possui uma particularidade que modifica a nossa experiência no combate e na exploração. Por exemplo, o topo da montanha possui uma forte ventania que empurra o ninja para uma determinada direção, a caverna escura limita o nosso campo de visão e o vale possui uma forte névoa que esconde muitos perigos.

No entanto, algumas dessas características — como a névoa que citei — interferem de maneira grosseira na jogabilidade: a poluição visual em alguns trechos se torna um empecilho para a progressão do jogo. Por muitas vezes eu precisei me guiar pelo minimapa, pois não conseguia entender nada do que estava acontecendo na minha frente.



O jogo de um só botão, ou quase isso

Shadow of the Sun possui um aspecto muito interessante em seu gameplay: seu combate e sua movimentação funcionam, majoritariamente, com um único botão. Com o análogico, nós direcionamos o arco que indica o percurso do ninja e, apertando um botão, ele pula. É pulando que nos movimentamos, atacamos e esquivamos, e isso traz alguns prós e contras.

O primeiro ponto que vale destacar é a movimentação. Como a única forma de locomoção são os pulos, precisamos direcionar nosso ninja na direção de paredes e plataformas para prosseguir pelos cenários. Com poucos minutos de prática, é possível dominar essa mecânica e a fluidez dos movimentos é muito satisfatória. No entanto, algumas fases exigem uma precisão absurda para realizar saltos em plataformas estreitas. Nesses casos, o jogo se torna frustrante em um nível inimaginável.


 Para enfrentar os inimigos, tudo o que precisamos fazer é saltar em direção a eles. Assim que entramos em contato com eles, infligimos dano. Quanto mais ataques em sequência realizamos, maior o combo e o dano. Logo, ser ágil em seus movimentos é mais do que necessário. Da mesma forma, o pulo também é uma ferramenta de esquiva, pois fornece uma janela de invencibilidade para evadir de kunais, shurikens e armadilhas.

Pressionando o botão de salto por um tempo, o nosso ninja entra em um modo de concentração que expande, deixa o mundo em câmera lenta, expande o alcance do pulo e aumenta o dano do nosso ataque. Em salas com muitos inimigos, utilizar essa mecânica com sabedoria é fundamental para não sofrer dano e morrer precocemente. 




Além dos níveis gerados proceduralmente, o jogo apresenta mais algumas características de roguelite, como a compra permanente de melhorias e a já esperada dificuldade elevada. Portanto, a repetição das fases é uma constante que vai nos acompanhar nas quase cinco horas de jogatina necessárias para finalizá-lo.

Para dar um pouco mais de variedade, Shadow of the Sun possui mais quatro personagens desbloqueáveis que variam alguns atributos, como quantidade de vida, ataque, defesa e velocidade em relação ao ninja original. A mudança no gameplay não é tão significativa, mas é o suficiente para querer trocar os personagens uma vez ou outra.



Esse é o meu jeito ninja!

Ninja or Die: Shadow of the Sun utiliza uma mecânica incomum para criar uma aventura de plataforma e ação única. No entanto, alguns momentos de exploração são frustrantes por conta da necessidade de precisão em plataformas curtas e em fases com excesso de elementos que causam poluição visual. O combate, em contrapartida, é ágil e divertido, criando muitos momentos intensos durante a jogatina. Para quem procura algo diferente dentro do gênero roguelite, vale a recomendação.

Prós

  • Os gráficos em pixel art são bem detalhados e usam bem as cores para chamar a atenção para elementos importantes;
  • Cada mundo possui uma particularidade que modifica seu combate e sua movimentação; 
  • A opção por mapear a movimentação e o combate em apenas um botão trouxe uma dinâmica interessante e única ao jogo.

Contras

  • Algumas fases possuem muitos elementos em tela, o que dificulta a visualização de inimigos e armadilhas;
  • A mecânica de movimentação é péssima em cenários que exigem precisão em plataformas.
Ninja or Die: Shadow of the Sun — PC — Nota: 7.5
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela Marvelous Europe


É engenheiro geólogo, graduando em Engenharia Ambiental, entusiasta de novas tecnologias e apenas mais um mineiro que não vive sem café e pão de queijo. Gosta de aproveitar o tempo apreciando RPGs, relaxando em simuladores de fazenda e curtindo uma boa música em jogos de ritmo.
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