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Análise: Ember Knights (PC/Switch) é um roguelite que entrega uma experiência divertida e frenética

Este jogo traz um combate hack and slash muito dinâmico e variado.


Desenvolvido pela Doom Turtle e publicado pela Twin Sails Interactive, Ember Knights é um roguelite de ação, com combate no estilo hack and slash, bem tradicional e que foca em fazer o básico bem-feito. Sua principal virtude é a grande quantidade de armas e habilidades, que dão uma enorme variedade ao combate. No entanto, a sensação de repetição, tão comum ao gênero, também persiste por aqui.

Um universo em colapso

A história de Ember Knights começa quando um poderoso feiticeiro chamado Praxis ataca o mundo de Nexus para roubar o poder da Ember, uma árvore mística com folhas de fogo azul, e desestabilizar o universo. O objetivo do vilão é destruir todos os Mundos Primordiais para assim acabar com o Arquiteto, o deus daquele universo, e remodelar a realidade da forma que desejar.




Após o ataque, Esper, o Guardião do Nexus, usou o resto da energia disponível na Ember para invocar os Cavaleiros Ember, poderosos guerreiros criados a partir do fogo da árvore, que são os únicos capazes de combater o terrível vilão. Controlando um dos heróis, precisamos nos aventurar nos cinco Mundos Primordiais para impedir a continuidade do plano de Praxis e restabelecer o equilíbrio do Nexus.

Os cinco mundos que visitamos possuem características únicas: na Floresta Scogg, caminhamos por uma vegetação densa e enfrentamos inimigos peçonhentos; a Cidadela Inabalável é um antigo quartel militar congelado cheio de guerreiros e magos; a Remanestânia é uma antiga cidade abandonada infestada de inimigos sombrios; a Industrânia é um ambiente industrial infestado de robôs; e Netherra, um lugar no meio do vazio do Nexus dominado pelo poder sombrio de Praxis.




Nesse sentido, vale destacar a qualidade gráfica do jogo. Os cenários em pixel art são belíssimos e bastante detalhados, assim como os inimigos, todos bem animados e criativos. A trilha sonora também ajuda a compor a aventura, acompanhando o ritmo frenético das batalhas e ajudando a manter a atenção do jogador.

Para progredir em cada um dos mundos, precisamos limpar ambientes cheios de inimigos em um combate hack and slash frenético para liberar a entrada para a próxima sala. Como recompensa, podemos coletar habilidades, relíquias, dinheiro ou Ember para incrementar as habilidades do nosso cavaleiro.



Muito elementos para variar o combate

Por ser um roguelite de ação, minha principal preocupação era saber se Ember Knights entregaria conteúdo o suficiente para se manter interessante por um longo período. Felizmente, foram necessárias apenas algumas horas para perceber que eu não precisaria me incomodar com isso.

A estrutura dos mundos, como foi explicado, é bem simples, mas tende a ser repetitiva graças à dificuldade inicial do jogo. Até conseguirmos comprar algumas melhorias para nosso cavaleiro, vamos repetir os primeiros mundos de maneira incansável. Um elemento que intensifica isso é a pouca variedade de salas, o que torna algumas partidas estruturalmente semelhantes.




Nosso herói de fogo pode ser equipado com um dos seis tipos de arma: espada, arco e flecha, cajado, martelo, foice e lâmina. Cada um dos equipamentos aplica uma dinâmica diferente de combate. Por exemplo, a espada exige proximidade com os inimigos, o cajado fortalece nossas magias e o arco permite ataques a distância.  Além disso, cada armamento possui uma pequena árvore de habilidades em que podemos equipar até três atributos para modificar seu estilo.

Além das armas, outro elemento importante são as habilidades. Em cada partida, podemos equipar duas dentre as 17 disponíveis e elas aparecem aleatoriamente em determinadas salas ou em lojas presentes em cada mundo. Elas são as mais variadas possíveis, como raios, bombas, terremotos, magias, entre outras.




As relíquias são outros itens que modificam a dinâmica do combate. Elas fornecem efeitos passivos, como aumento de ataque, de cura ou a capacidade de envenenar, queimar e paralisar os inimigos. As 86 relíquias disponíveis permitem que cada jogador modifique o seu jogo da maneira que bem entender.

Com esses elementos, as possibilidades de jogo são quase infinitas. Minha combinação favorita era usar o arco e flecha — que possui um acerto crítico acima da média — e equipar relíquias que me dão cura a cada acerto crítico e ao mesmo tempo envenenam e queimam os inimigos. A agilidade do arco também me permitia atacar e esquivar com maior facilidade e possibilitava que eu ficasse longe do perigo, principalmente em salas com muitos inimigos.




Um ponto interessante é que tanto as armas quanto as relíquias e habilidades vão sendo desbloqueadas aos poucos. Dessa forma, foi possível experimentar diferentes ideias de jogo até encontrar a que melhor me agradasse. Ao ter um leque tão variado, é certo que todos os jogadores vão encontrar o seu estilo de combate favorito. 

Por fim, vale destacar a diversidade de chefes e subchefes disponíveis. Com exceção de Netherra, cada mundo possui uma dupla de bosses com quatro variantes cada, totalizando 32 desafios para enfrentar. Mesmo que visualmente não tenha tanta diferença, cada variante possui uma dinâmica de combate diferente, dando mais complexidade ao jogo.



Uma dificuldade um pouco além do necessário

Como é de praxe em jogos desse estilo, a repetição é uma característica que está presente em alguns aspectos. Mesmo que a grande diversidade de armas e habilidades amenizem isso, há um detalhe que, a meu ver, agrava um pouco esse aspecto: para enfrentar a forma final de Praxis, precisamos completar uma partida aumentando a dificuldade do jogo de uma forma muito agressiva.

Antes de iniciar a campanha, o jogo fornece uma lista de modificadores para aplicarmos a nós e aos inimigos. Por exemplo, os inimigos podem estar mais fortes, causando mais dano e com barras de vida maior, e mais numerosos em cada sala, ou podemos limitar a quantidade de relíquias que podemos equipar e diminuir nossa capacidade de cura. Precisamos equipar 15 modificadores para conseguir o final verdadeiro.

Dessa forma, Ember Knights se torna um jogo maçante, principalmente para quem pretende jogar sozinho. Leva um bom tempo até você conseguir se adaptar à nova dificuldade e as partidas podem se tornar frustrantes em vez de divertidas. Acredito que esse modo seja mais adequado para jogar o multiplayer, mas, para isso, você precisará ter amigos que também possuam o jogo ou ter a sorte de encontrar alguma sala pública aberta.



Uma ótima opção para os fãs do gênero 

Apesar de não ser inovador, Ember Knights impressiona por fazer o básico do gênero de maneira bem-feita. A grande quantidade de elementos para variar o combate permite que os jogadores elaborem as mais variadas estratégias de combate e ajuda a evitar que o jogo se torne muito repetitivo. No entanto, essa sensação ainda persiste pela pouca variedade de salas em cada mundo e pelo aumento de dificuldade na parte final do jogo. Apesar disso, Ember Knights entrega uma aventura muito divertida e desafiante, sendo uma recomendação certa para quem procura uma nova opção de roguelite. 

Prós

  • A quantidade de armas, habilidades e relíquias torna cada partida única e possibilita que os jogadores elaborem as mais variadas estratégias de combate;
  • As variantes dos chefes deixam o jogo mais desafiante;
  • Os gráficos em pixel art são belíssimos e os mundos possuem características únicas.

Contras

  • Pouca variedade de salas em cada mundo;
  • É muito difícil encontrar uma sala aberta no modo multiplayer;
  • O aumento de dificuldade na última parte do jogo é exagerado e pode afastar jogadores no modo singleplayer.
Ember Knights — PC/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise feita com cópia digital cedida pela Twin Sails Interactive


É engenheiro geólogo, graduando em Engenharia Ambiental, entusiasta de novas tecnologias e apenas mais um mineiro que não vive sem café e pão de queijo. Gosta de aproveitar o tempo apreciando RPGs, relaxando em simuladores de fazenda e curtindo uma boa música em jogos de ritmo.
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