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Análise: D Life (PC): um jogo arcade único sobre tirar fotos de grupos de pixels em movimentos

Em meio a uma simulação de “formas de vida eletrônicas”, cabe ao jogador tentar obter fotos dentro de padrões específicos.

Descrito pela Mindware como “um novo e empolgante gênero de videogames”, D Life é um jogo arcade sobre tirar fotos de criaturas eletrônicas unicelulares. O conceito é realmente inusitado, oferecendo um estilo próprio dentro dos moldes do formato arcade que valorizam o esforço contínuo do jogador em dominar a gameplay e melhorar suas habilidades ao longo do tempo.

Criaturas em movimento

Imagine que você é um cientista que possui em uma mesa uma cultura de organismos unicelulares que se movimentam em padrões bem diferentes. A estrutura de D Life é como uma simulação de uma placa de Petri, mas cada “organismo eletrônico” é um pixel colorido.

A ideia é baseada no autômato celular Jogo da Vida proposto por John Horton Conway em 1970, que simula a geração de células em padrões que podem ser fixos ou caóticos. D Life então usa o sistema de processadores atuais para fazer esse tipo de “simulação de vida”.

Com essa estrutura em mãos, nosso objetivo é tirar fotos das criaturas de acordo com as missões que o jogo oferece. Em geral, a regra básica é que precisamos cobrir um número específico de cores diferentes. Qualquer coisa acima ou abaixo do valor solicitado é game over. Porém, há uma pequena margem de manobra para os casos em que há apenas uma cor a mais e o erro é pequeno.

 
A missão também pode ter algumas especificações como “precisa ter amarelo” ou “só esse número de criaturas” (eliminando a margem de erro aceitável). Essas definições podem dificultar consideravelmente a missão dependendo da disposição das criaturas na tela.

Precisão e ousadia

Para poder tirar as fotos das criaturas, o jogador deve clicar com o botão esquerdo do mouse e soltá-lo no instante exato que desejar tirar a fotografia. Enquanto o clique está sendo pressionado, a área que será capturada na imagem aumenta e é possível movimentar-se de um lado para o outro caso o jogador queira ajustar sua posição.

A grande dificuldade então se relaciona não apenas à movimentação das criaturas, mas também ao enquadramento da foto. Quanto maior o tamanho da imagem, maior a chance de capturarmos outra cor indesejada que nos fará falhar na missão. Porém, o jogo recompensa essa ousadia com um bônus de pontuação por “Foto Grande”.

Além desse bônus, temos também ganhos por “Mais de 500 criaturas na imagem” e por fazer uma foto com a quantidade precisa solicitada em vez de depender da margem de erro para avançar. Com isso, o jogo recompensa o esforço de aprendizado do jogador e incentiva a tentar ir um pouco mais longe na pontuação.

Em termos dos modos, temos duas opções: Basic e Time Limit. A primeira envolve uma progressão fixa de missões para entender o funcionamento do jogo, já a segunda é muito mais interessante, permitindo que o jogador escolha sua próxima missão entre duas opções.

As missões não apenas se diferenciam pela dificuldade, mas também por multiplicadores de pontuação e modificações no limite de tempo (recuperando-o ou reduzindo-o). É aqui que o jogo oferece o seu verdadeiro desafio e o elemento de decisão é algo bem agradável.

As limitações do formato

Apesar de todos os elementos interessantes que mencionei anteriormente, preciso destacar que a experiência de D Life é bastante limitada. Os dois modos e as variações de desafios não são o suficiente para que o jogo se mantenha fresco por muito tempo e a natureza repetitiva da experiência faz com que ela valha mais a pena em pequenas doses ocasionais.

Também temos apenas um único manual de explicação do seu funcionamento que aparece ao abrir o jogo ou no menu de pause ativado com o botão Esc. A descrição dos modos no menu inicial e o vídeo de apresentação do jogo estão em japonês, assim como o panfleto nas laterais de “arcade” que o jogo utiliza por padrão, sendo apenas possível retirar totalmente a ilustração. Sem saber o que são os modos, a tendência é que o jogador acaba tendo que aprender na base da tentativa e erro.

Vale destacar ainda que o jogo inclui um sistema de controle da movimentação dos organismos, sendo possível criar padrões como se fosse um vento soprando. Esse ajuste foi pensado especialmente para o Nano KONTROL2, um controlador USB-MIDI da KORG. Usando apenas o teclado e mouse do computador mesmo, essa movimentação me pareceu um pouco imprecisa e complicada de mexer, sendo mais indicado experimentá-la no modo Basic, já que ele não tem limite de tempo.

Um título inusitado

D Life é um jogo que resgata os tempos áureos de inovação dos arcades e propõe uma experiência única de gameplay. Sem muita variedade de desafios e modos, o jogo acaba se mostrando limitado e um tanto repetitivo rapidamente, mas isso não tira o charme da proposta, que vale a pena especialmente para quem gosta de títulos que exigem raciocínio rápido e bons reflexos.

Prós

  • Conceito curioso de gameplay sobre tentar encontrar o timing exato para a fotografia de microrganismos digitais;
  • Sistemas de pontuação que valorizam precisão e ousadia;
  • O modo Time Limit adiciona camadas valiosas de desafio e decisão.

Contras

  • A experiência se torna rapidamente repetitiva;
  • Pouca variedade de desafios e modos;
  • Alguns textos explicativos estão apenas em japonês.
D Life — PC — Nota: 7.0

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Mindware


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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