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Análise: Adore (Multi) combina ação e coleção de monstros em uma aventura divertida, porém limitada

Capture monstros, monte sua equipe e ajude Lukha em sua missão para ressuscitar o deus das criaturas.


Adore
é um jogo indie nacional desenvolvido pela Cadabra Games e publicado pela QUByte Interactive. A aventura se passa em um universo fantástico chamado Gaterdrik, no qual Draknar, o deus das criaturas, foi morto por Ixer, semideus do fim, e a única esperança para a restauração da ordem está em Lukha, um jovem que possui o espírito de Draknar em seu corpo. O game combina ação em tempo real com coleta de monstros de uma maneira interessante, mas tropeça em alguns detalhes que podem deixar os jogadores desanimados.

A maldição de Ixer

No início de tudo, Draknar criou o mundo de Gaterdrik e suas criaturas por meio da Essência Divina, sua fonte de poder. No entanto, Ixer, semideus do fim e também seu filho, resolve atacá-lo para obter o poder da Essência Divina e controlar todo o ciclo da vida, da criação ao fim. Com isso, uma maldição atingiu as criaturas da região, que passaram a se comportar de maneira violenta com os humanos.

Antes de morrer e desaparecer completamente, uma fagulha de poder de Draknar caiu sobre Lukha, um jovem aprendiz de adorador, que agora possui o espírito do deus das criaturas em seu corpo. Cabe ao garoto  descobrir uma forma de ressuscitar Draknar e acabar com os planos de Ixer antes que Gaterdrik seja completamente dominada pela maldição.




O protagonista vive em um vilarejo junto de outros NPCs que irão ajudá-lo em sua aventura: Baldim é um velho que vende artefatos mágicos que dão melhorias a Lukha; Belina é a cozinheira que nos serve refeições a partir dos alimentos que a entregamos; e Maena nos ajuda a melhorar nossas habilidades como adorador das criaturas. Além disso, o vilarejo funciona como um hub para as cinco áreas disponíveis em Gaterdrik, locais em que iremos realizar nossas missões.

Lukha é um aprendiz de adorador e tem a capacidade de capturar criaturas para enfrentar os perigos. Traçando um paralelo simples, é como se ele fosse um treinador Pokémon. Em praticamente todas as missões, iremos explorar Gaterdrik para cumprir diversas missões, como coletar itens, capturar algum monstro ou impedir os planos de Ixer.



Um jogo no seu estilo

Uma das principais características de Adore é seu sistema de captura e combate. Lukha é capaz de levar até quatro monstros e utilizá-los em combate contra as criaturas amaldiçoadas por Ixer. O combate ocorre em tempo real e cada monstro, ao ser invocado, utiliza seu ataque básico automaticamente. Quanto mais um monstro é usado, mais rápido sua barra de especial enche e permite a execução de sua habilidade única.

Para capturar um monstro, precisamos ter em posse uma Partícula de Gaterdrik, que funciona como uma Pokébola. Ao segurar um botão, utilizamos o cajado de Lukha para absorver a essência da criatura e, assim, purificá-la da maldição de Ixer. Para isso, no entanto, Lukha precisa estar perto do monstro, ou seja, vulnerável aos seus ataques, até que o cone de captura esteja preenchido. A dificuldade depende da força do inimigo, sua raridade e a quantidade de vida disponível.




O combate funciona de uma maneira bem simples, porém interessante. Cada criatura de sua equipe fica mapeada em um botão e com um único toque podemos invocá-la e direcionar seu ataque a um inimigo. Após a execução, a criatura volta ao cajado do protagonista de maneira automática. O limitador dessa ação é o vigor de Lukha, que normalmente restringe a duas invocações simultâneas.

A boa quantidade de monstros (39 variedades) e as várias personalizações disponíveis ajudam a dar uma boa diversidade a esse sistema de combate. Cada espécie é única, tanto fisicamente quanto em habilidades. Elas se dividem em quatro classes,  Mystic, Beast, Nature e Arcane,  e seus ataques variam entre físico e mágico.




Além disso, as criaturas  podem aumentar de nível e ganhar pontos de atributos. Eles são distribuídos em diferentes características, como aumento de ataque, velocidade ou cura, por exemplo. A escolha da atribuição é nossa, ou seja, podemos ter dois monstros fisicamente iguais, mas com características de combate diferentes.

Outra mecânica presente consiste na sinergia entre classes. Para cada integrante de nossa party, somos capazes de equipar uma essência que cria uma ligação entre eles durante o combate. Por exemplo: Icy é uma capivara de gelo do tipo Mystic e eu a equipei com uma essência do tipo Beast que aumenta o dano de cada golpe. Sempre que invocar Icy com alguma criatura do tipo Beast, esse boost é ativado. Esse é apenas o exemplo mais básico e as possibilidades são muitas.

Todas essas mecânicas juntas trazem uma profundidade muito interessante ao jogo. Seu combate, a princípio, é bem simples, e essas possibilidades de personalização permitem que cada jogador aplique o seu estilo de jogo. Outro detalhe importante é que algumas missões, principalmente as batalhas contra os chefes, são muito difíceis. Portanto, dominar todos esses sistemas é fundamental para construir uma equipe equilibrada que seja capaz de enfrentar todos os inimigos presentes em Gaterdrik.



Um mundo muito igual

A campanha de Adore é estruturada na forma de missões principais, focadas no desenvolvimento da história, e as secundárias, que nos fornece uma maior variedade de recompensas como dinheiro, comida e artefatos. Não existe uma ordem obrigatória a se seguir, logo, podemos acumular o máximo  possível de itens e melhorias antes de nos arriscarmos a progredir na história.

Uma crítica que tenho às missões consiste na pouca variedade. Os objetivos sempre são “eliminar todas as criaturas amaldiçoadas”, “pegue tal item” ou “derrote um adorador”. No fim das contas, o jogo se resume a derrotar mais e mais monstros em cenários que, mesmo sendo gerados proceduralmente, são sempre muito semelhantes entre si, independente do bioma visitado.




A própria direção de arte não ajuda muito. Os gráficos são simples e charmosos, mas as diferenças entre um bioma e outro são mínimas. No geral, não existe um elemento marcante que caracteriza cada região. Nem mesmo a trilha consegue ser empolgante a ponto de chamar a atenção e se destacar. Uma ou outra música consegue ser interessante, mas, no geral, ela não se sobressai.

Ainda no quesito artístico, vale ressaltar a qualidade e criatividade de todas as criaturas do jogo. Todas elas são marcantes, com visuais únicos e bem detalhados, além de possuírem descrições completas, como uma Pokédex. Isso me fez querer sempre explorar mais e mais de Gaterdrik e procurar as criaturas para completar a minha coleção. Minha favorita é a Tzena, uma coruja roxa do tipo Mystic que ataca com raios e esferas de energia.




Algo que me incomodou bastante durante a exploração foi o posicionamento da câmera. Ela é isométrica e fixa, assim limitando nossa visão da área. Em certas situações, Lukha e os monstros ficam cobertos por árvores e rochas do cenário, sendo exibidas apenas suas silhuetas. Isso faz com que momentos de combate se tornem confusos, principalmente quando precisamos impedir que o protagonista sofra dano.

Por fim, vale dizer também que encontrei alguns bugs relacionados à colisão de monstros com elementos dos cenários e ataques que atravessam paredes. Porém, não é nada que interfira muito na gameplay e é bem possível que seja resolvido em atualizações futuras. 



Um jogo adorável

Adore oferece boas ferramentas aos jogadores interessados em jogos de captura de monstros e gerenciamento de equipes. A boa variedade de monstros com habilidades únicas e o sistema de essência permitem que cada jogador elabore as mais variadas estratégias de combate e se adapte às diferentes missões. No entanto, os cenários repetitivos deixam a desejar e podem incomodar aqueles que gostam de passar o tempo coletando itens e explorando cada canto do mapa. Mesmo sendo um pouco repetitivo, este título possui muita personalidade e vale a pena ser recomendado.

Prós

  • Boa variedade de monstros com designs criativos e habilidades únicas;
  • Muitas ferramentas para personalização de sua equipe;
  • O combate é simples, porém possui diversos sistemas que permitem a criação das mais variadas estratégias.

Contras

  • No geral, os biomas não possuem elementos marcantes, fazendo com que os mapas sejam bem parecidos entre si;
  • O posicionamento da câmera, por vezes, atrapalha a nossa visão do protagonista e dos inimigos;
  • Há alguns bugs com ataques que atravessam paredes e de colisão de monstros com elementos dos cenários.
Adore — PC/PS5/PS4/XSX/XBO/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise feita com cópia digital cedida pela QUByte Interactive


É engenheiro geólogo, graduando em Engenharia Ambiental, entusiasta de novas tecnologias e apenas mais um mineiro que não vive sem café e pão de queijo. Gosta de aproveitar o tempo apreciando RPGs, relaxando em simuladores de fazenda e curtindo uma boa música em jogos de ritmo.
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