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Análise: Touhou: New World (PC/Switch) traz uma experiência de ação confortável em Gensokyo

Novo jogo da Ankake Spa coloca Reimu e Marisa em uma aventura entre mundos.

A série Touhou é uma grande franquia japonesa que foi muito expandida pelos fãs graças a uma política de abertura do criador a obras de outros desenvolvedores. Após Touhou: Scarlet Curiosity, a Ankake Spa decidiu criar mais um RPG de ação dentro do universo.

Touhou: New World coloca o jogador na pele de Reimu Hakurei e Marisa Kirisame. Cada uma contando com sua própria história, as conhecidas personagens da franquia acabam se envolvendo com um misterioso caso de planos diferentes da realidade se cruzando.

Cruzando fronteiras

A história gira em torno de uma misteriosa humana chamada Sumireko, que sonha em conhecer Gensokyo. Um dia, ela acaba encontrando Reimu ou Marisa e indo parar nesse outro mundo.

Agora, as duas protagonistas tentam encontrar uma forma de levá-la de volta para que as coisas voltem ao normal. Porém, conforme elas investigam os detalhes, acabam descobrindo que o caso é muito mais complexo do que pode parecer a princípio.

De forma geral, a trama é bem curiosa, explorando um pouco da natureza do universo Touhou Project. Além de descobrir mais detalhes sobre a forma como a realidade comum e Gensokyo coexistem, podemos aprender mais sobre os diversos grupos sobrenaturais que fazem parte desse outro plano. Tanto novatos quanto veteranos da série devem conseguir aproveitar a narrativa.

Combates com chuvas de balas

Touhou: New World é um RPG de ação com uma estrutura baseada em fases. Cabe ao jogador avançar pelas fases, enfrentando inimigos até alcançar chefes poderosos. As áreas incluem sequências de plataforma, objetos quebráveis, armadilhas para evitar e alguns trechos obrigatórios de batalha.

Além da campanha principal, o jogador pode explorar o mapa-múndi e aceitar tarefas secundárias cuja variedade inclui até mesmo procurar crianças escondidas na área sem se preocupar com batalhas. Embora algumas missões sejam até um pouco maçantes e repetitivas, gostaria de destacar que elas são realmente desafios opcionais, tendo em vista que a dificuldade do jogo é geralmente tranquila, sendo apenas os padrões elaborados dos chefes os momentos de desafio real.

As personagens podem equipar quatro habilidades especiais, sendo uma delas pertencente à categoria mais poderosa de feitiço. Caso o inimigo use ataques físicos, esses golpes serão indicados por uma aura azul e o jogador deve prestar atenção no timing de ativação para realizar uma defesa perfeita, se tornando invulnerável e quase congelando o tempo de tudo ao seu redor.

Já golpes que envolvem chuvas de bala em padrões variados costumam ter uma aura vermelha. A defesa aqui não adianta, protegendo o jogador apenas contra uma bala das várias que estão chegando e não afetando o tempo de nenhuma forma. Nesses casos, o ideal é pular e desviar dos golpes como se estivesse jogando um shoot’em up em estilo bullet hell.


Na prática, o sistema de cooldown para habilidades, defesa e a magia de cura é bem fácil de explorar. O jogador pode reagir a golpes com a defesa perfeita mesmo enquanto está atacando e o mesmo é válido para usar cura durante o período de ativação de um feitiço ou habilidade especial.

Apesar disso, o combate de ação pode ser considerado bem sólido sendo responsivo quando necessário. Vale destacar que mesmo os detalhes que mencionei acima como “problemas” são convenientes para o jogador. O único defeito que pode ser um pouco inconveniente é que em algumas ocasiões os inimigos usam escudos azuis e o uso dessa cor acaba se confundindo com a aura dos golpes físicos.

Um jogo robusto

Além de ganhar experiência derrotando inimigos, o uso das habilidades permite aumentar o nível desses golpes. Concluir as missões também gera esferas que podem ser utilizadas para comprar upgrades para os atributos da personagem, sendo possível até desbloquear mais usos de cura.

Quebrar objetos, abrir tesouros ou derrotar inimigos também pode gerar equipamentos com atributos aleatorizados. Após um ponto avançado da trama, a loja do jogo permite alterar os parâmetros pagando certa quantia de dinheiro, mas não há garantias de melhoria, sendo possível que eles também fiquem piores. Fora isso, o único uso do dinheiro do jogo é para comprar outros equipamentos na loja principal, cujo estoque é majoritariamente composto de armas que o próprio jogador vendeu, tornando esse recurso financeiro pouquíssimo relevante.

Em termos visuais, a obra é adequada, tendo fases 3D bem bonitas e algumas ilustrações 2D de boa qualidade para personagens e raras apresentações do roteiro. Assim como em Scarlet Curiosity, há uma boa variedade de recursos gráficos para configuração no launcher do jogo, o que permite que múltiplos computadores possam aproveitar a aventura. As opções incluem filtros, anti-aliasing, ajustes de reflexão e sombras, resolução, entre outros detalhes.

Embora o jogo seja graficamente agradável, a trilha sonora é o que verdadeiramente merece destaque. As músicas são geralmente baladas eletrônicas cujo ritmo reforça a adrenalina dos combates.

Um RPG de ação dinâmico

Touhou: New World é um bom RPG de ação 3D e vale a pena para fãs da franquia e novatos jogá-lo. Mesmo sem grandes desafios, o combate é confortável e possui boa quantidade de conteúdo.

Prós

  • Combate de ação sólido com padrões de ataque inspirados em padrões de Bullet Hell;
  • Trilha sonora eletrônica dançante que reforça a dose de adrenalina do combate;
  • Curioso enredo sobre realidades que coexistem;
  • Opções gráficas robustas no menu de configuração do launcher;
  • Boa quantidade de conteúdo para ambas as protagonistas e variedade em estruturas de fases.

Contras

  • Dinheiro é um sistema trivial e pouco útil no jogo;
  • O combate raramente oferece desafio e seu sistema de cooldown é facilmente quebrado;
  • Algumas missões são um pouco maçantes;
  • Em algumas ocasiões, escudos azuis se confundem com o timing para se defender de ataques físicos.
Touhou: New World — PC/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela XSEED Games


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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