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Análise: Lost in Play (Multi) nos faz lembrar sobre o lado bom de ser criança

Ajude dois irmãos a voltarem para casa em uma aventura que esbanja carisma e criatividade.

O encanto de ser criança reside no simples fato de que qualquer brincadeira pode se transformar em uma grande aventura. Lost in Play explora essa premissa, convidando-nos a uma jornada mágica por um mundo criado pela imaginação de dois irmãos que se perderam no meio de suas brincadeiras e agora precisam encontrar o caminho de volta para casa.

Inicialmente lançado para PC via Steam e Switch em agosto de 2022, neste mês de julho o jogo chega aos dispositivos Android e iOS, mantendo a mesma qualidade e magia que o consagraram como uma opção excepcional para aqueles que apreciam uma narrativa descontraída, divertida e com gameplay extremamente agradável. A seguir, vamos conferir mais detalhes sobre esta mágica aventura.

Pegando o rumo de casa

Lost in Play apresenta os adoráveis Toto e Gal, um casal de irmãos cheios de energia e imaginação. Os dois aparentam ser crianças comuns desfrutando de mais um dia juntos.


Após mais uma de suas brincadeiras repletas de travessuras, os irmãos se perdem e precisam encontrar o caminho de volta para casa antes do anoitecer. A jornada deles nos levará a cenários fantásticos, nos quais encontraremos personagens carismáticos dispostos a ajudá-los em sua missão.

Lost in Play possui uma jogabilidade baseada nos point and click tão queridos das décadas de 1980 e 1990. Ao clicar em algum ponto do cenário, os irmãos se movem para lá. Além disso, ao interagir com diferentes elementos na tela, os irmãos realizam ações relacionadas a estes que resultam em algum tipo de reação.

A dinâmica do jogo consiste em resolver puzzles engenhosos e criativos, perfeitamente integrados com as cenas em que Toto e Gal se encontram. Em certo momento, devemos ajudar um grupo de sapos a retirar uma espada da pedra; em outro, precisamos recuperar quatro patinhos de borracha para negociar com um duende; e, em um terceiro momento, temos que coletar peças para construir uma máquina voadora, além de várias outras situações.

Para cumprir essas tarefas, devemos fazer com que os irmãos interajam com diferentes elementos no cenário, a fim de obter itens que os ajudarão a resolver os desafios que surgem em seu caminho. Por exemplo, precisamos encontrar uma ferramenta para acionar uma máquina ou distrair um urso para permitir que outro personagem escape de suas presas famintas.

Em todos os casos, praticamente, as pistas para a resolução destas situações estão ocultas em algum elemento do cenário. Seja o gestual de um personagem, migalhas de comida ou mesmo o plano de fundo de uma paisagem. A resposta para muitas das charadas está sempre "debaixo do seu nariz". Basta ter atenção para encontrá-la e saber onde usar.


Além dessas situações, também há alguns minigames que fazem parte da rotina dos irmãos, testando nossa inteligência em busca de soluções que nos permitirão progredir na narrativa do jogo.

Imaginativo e criativo

O que chama a atenção é que todas essas situações são fruto da imaginação dos dois. Isso nos leva a refletir sobre como esses acontecimentos se passam no mundo real pelo ponto de vista dos irmãos, e é aí que reside a magia de Lost in Play. Mesmo sabendo que é tudo faz de conta, estamos tão imersos quanto eles nessa mágica jornada de volta para casa.

A direção de arte é primorosa, acompanhada por uma trilha sonora cativante, fazendo-nos sentir como se estivéssemos em um verdadeiro desenho animado. As animações e interpretações dos personagens são espetaculares. Apesar do suporte para vários idiomas nos menus, a língua dos personagens é fictícia, servindo apenas para identificarmos quem está falando e proporcionar um aspecto mais lúdico à apresentação, e criando uma barreira para esse idioma inexistente.


As dinâmicas de interação nos cenários através de puzzles e mini games são muito criativas e engenhosas. Diferentemente de outros jogos do gênero, aqui a qualidade dessas atividades é um dos pontos altos da experiência, evitando desafios monótonos e repetitivos.

Mesmo após várias horas de jogo, resolver enigmas e vencer os mini jogos não se torna cansativo, pois sempre há alguma novidade ou abordagem diferente para realizar as tarefas. Todas as atividades são bastante originais e nos estimulam a continuar até encontrarmos o próximo desafio, seguindo assim até o fim do jogo.

Mesmo nas situações mais complexas, aparentemente sem soluções óbvias, podemos contar com uma ajuda bem-vinda. O ícone da lâmpada é uma ferramenta poderosa para solucionar qualquer problema, especialmente quando estamos travados mentalmente e não sabemos o que fazer.

Entretanto, as dicas fornecidas por essa função são bem diretas e óbvias, o que pode não ser tão interessante para quem busca desafiar um pouco mais o raciocínio para resolver as charadas do jogo. Mesmo com alguns puzzles terem sido um pouco mais “pesados” para eu resolver, graças a esta função pude finalizar alguns deles. Use essa ferramenta com sabedoria para não estragar a experiência de solucionar tudo por conta própria.

A versão Mobile do jogo mantém a mesma qualidade das versões originais lançadas no ano passado, tanto em termos de gráficos quanto de performance. Publicada pela Snapbreak Games, essa versão tem uma vantagem que apenas a versão para PC possui, que é experimentar os quatro primeiros capítulos antes de adquirir a versão completa, oferecendo a oportunidade de conhecer um ótimo jogo que talvez tenha passado despercebido no ano anterior.


Outra vantagem é a praticidade de poder carregar um jogo de tamanha qualidade no bolso, permitindo que seja jogado a qualquer momento, seja durante um trajeto de ônibus para o trabalho ou durante o intervalo do almoço. Embora o Switch também seja portátil, convenhamos, o celular é ainda mais prático nesse sentido.

Sendo assim, a versão Mobile do game pode ser a mais interessante atualmente, visto que ela não deixa nada a desejar se comparada às demais. Deixo o convite para você experimentar o jogo assim que puder.

Gostoso como brincadeira de criança

Lost in Play é uma experiência que abraça todos os jogadores para uma aventura que esbanja carisma, criatividade, diversão e acessibilidade. O lançamento para dispositivos móveis expande a oferta deste que é um dos jogos mais aconchegantes e prazerosos que tive a oportunidade de experimentar em 2023. Uma ótima recomendação para todas as idades e perfis de jogadores.

Prós

  • A arte do jogo esbanja capricho e originalidade;
  • Uma narrativa lúdica, divertida, acessível e acolhedora;
  • Puzzles e mini games criativos, engenhosos e, por vezes, com um nível de desafio excelente;
  • Possibilidade de experimentar o jogo antes de comprar a versão completa nas versões para PC e Mobile;
  • A versão Mobile é a mais barata;

Contras

  • A ferramenta de dicas dá respostas muito óbvias, diminuindo bastante o desafio da resolução dos puzzles por conta própria;
  • Sem opção de desativar a vibração do celular na versão Mobile.
Lost in Play — PC/Switch/Android/iOS — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Android
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela Snapbreak Games

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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