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Análise: PowerWash Simulator (Multi) — Limpe até o fundo do mar com uma lavadora de alta pressão

Nenhuma sujeira estará a salvo com um equipamento de alta potência e nossa determinação em deixar qualquer local impecável.

Limpar a casa é uma obrigação para todos, mas em alguns casos ela consegue ser um hobby e até uma diversão. Meu pai vivia tirando o final de semana para lavar cada detalhe do carro dele com o som no último volume.

Lançado primeiramente para Xbox e Switch, PowerWash Simulator chegou este ano ao PlayStation. Ele nos dá uma lavadora de alta pressão e proporciona a experiência de higienizarmos desde veículos até grandes construções — e o melhor: sem gastar a nossa água de fato.

Tchau preguiça, tchau sujeira

A jogabilidade de PowerWash Simulator tem um esquema baseado em FPS: usamos um gatilho para disparar o jato d’água e o outro serve para alternar entre a dispersão vertical ou horizontal do jato. A principal mudança de alcance está nos bocais, com cada cor representando um tipo de dispersão: quanto mais concentrado, maior a força e menor a área coberta; quanto mais abrangente, o alcance é maior, mas a força diminui consideravelmente.

Também podemos utilizar diversos tipos de sabão específicos para limpar diversas superfícies, como plástico, metal, madeira e vidro. O uso deles acelera absurdamente a eliminação da sujeira, mas seu uso é limitado, então é bom deixá-los para momentos nos quais usar apenas água seria demorado demais.

E, assim como um FPS tem diversos tipos de armas, PowerWash também conta com diferentes tipos de lavadoras. À medida que progredimos pelos cenários, ganhamos estrelas, o que possibilita a compra de novos equipamentos.

Ao todo, são 38 trabalhos a ser realizados, que vão de carrinhos de golfe e motos até pistas de skate e o posto do corpo de bombeiros local. A criatividade dos locais é enorme e bem bacana, e há também os desafios extras, que consistem em limpar lugares ainda mais inusitados, como uma estação espacial, um satélite e até mesmo o carro de exploração enviado para Marte. 

Além disso, em alguns casos, como no de construções altas, é possível contar com acessórios. Temos à nossa disposição um banquinho, uma escada e, dependendo da situação, um andaime, que são ideais para lavar janelas elevadas, chaminés e alcançar o teto. Me empenhei sem culpa nenhuma por horas lavando um parquinho de bairro, do escorregador às partes coloridas do piso. Não nego que ver os jatos de água removendo toda a sujeira é algo bastante satisfatório, e isso ajudou a prender minha atenção.

Infelizmente, se você é um jogador que não curte tarefas muito repetitivas, PowerWash Simulator vai te desinteressar porque a mecânica dele é literalmente essa: começa a fase, limpa tudo, ganha estrelas, vai para a próxima, repita. Também sou obrigado a admitir que alguns estágios se mostraram extremamente cansativos, demorando cerca de 1 hora para ser finalizados.

Cito como exemplo a pista de skate, que está totalmente coberta de lama, dos halfpipes e banquinhos às paredes e o chão. Como a sujeira nessa fase é mais pesada, não dá para limpar com os jatos mais abrangentes e o estoque de sabão é escasso, então levei um bom tempo explorando cada canto do lugar.

Com isso, também exponho outro problema: o critério de limpeza. Cada tarefa está dividida em partes, que podem ser vistas no menu principal. Um carro, por exemplo, tem indicativos de limpeza para as janelas, portas, faróis, capô e por aí vai. Assim que limpamos 100% uma parte, ela pisca e aparece uma notificação, mas há uma variante de acordo com o objeto, o que pode causar algumas confusões.

A limpeza de paredes é um exemplo disso. Em diversas ocasiões, elas precisaram ser lavadas nos mínimos detalhes, e qualquer canto que ficasse com uma sujeira sequer era considerado para a conclusão. Contudo, em outras tantas, o 100% vinha enquanto eu ainda estava finalizando uma parte. 

Essa disparidade pode ser bem frustrante, principalmente nas fases de casas altas, que exigem a revisitação de cada pedaço só para achar o que sobrou da sujeira. Mesmo a opção de deixar em evidência o que precisa ser limpo não ajuda muito nesses casos.

Se serve de consolo, a conclusão de cada trabalho o libera no jogo livre. Temos que limpar tudo de novo, mas a graça é usar sabão infinito, o que reduz consideravelmente o tempo que leva para concluir cada tarefa e ajuda a juntar uma graninha rápida. Também não é necessário concluir tudo de uma vez: podemos começar uma tarefa e, se ela ficar cansativa, passar para outra e retomar a anterior quando bem quisermos, sem pressa alguma.

Além da Carreira e do Jogo Livre, há os Trabalhos Bônus, que consistem em mais estágios para juntar uma grana extra em localidades mais pitorescas, e os desafios, que replicam o mesmo estilo de jogabilidade, mas impõem alguns limites, como uma determinada quantidade de água para finalizar uma missão ou a típica corrida contra o relógio

Limpando seus ídolos

Se as localidades encontradas na versão base do jogo já são uma amostra da criatividade promovida em PowerWash Simulator, os DLCs vão além. No momento, existem dois pacotes gratuitos, com cinco fases cada, e um pago, com seis fases e novos troféus, do qual também recebi um código para análise. Os temas deles são: Tomb Raider, Final Fantasy 7 e Bob Esponja. Exótico, não?

Tomb Raider e FF7, aqui chamado de Midgar Special, são os pacotes gratuitos, e adicionam 10 trabalhos bem pitorescos. Temos o prazer de tirar a sujeira da mansão Croft, do percurso de obstáculos, do jardim-labirinto, do jipe da Lara e até da sua famigerada sala de tesouros no primeiro. Já os fãs de Midgar podem limpar os veículos Hardy Daytona e Shinra Hauler, a exposição de Energia Mako, o Scorpion Sentinel, o Airbuster e o bar Seventh Heaven.


Nesses trabalhos extras, o andamento é o mesmo do material base e estão disponíveis os mesmos acessórios, desde os tipos variados de sabão até a escada e o andaime.

O pacote do Bob Esponja não vai muito além disso, mas tem alguns gracejos interessantes. As seis fases adicionam 10 troféus à lista e temos que higienizar locais icônicos, como as casas de Bob Esponja, Patrick e Lula Molusco; um ônibus marítimo; os restaurantes Siri Cascudo e Balde de Lixo; o Carro Hambúrguer do Bob; o esconderijo secreto do Homem-Sereia e o Barco Invisível.

Além da graça controversa de usarmos uma lavadora debaixo d’água, algo típico do desenho, tanto nosso instrumento de trabalho quanto a escada, o andaime e o banquinho foram modificados ao estilo do desenho. É uma bobagem chamativa, principalmente pelo fato dos dois outros pacotes não terem isso.

No mais, por mais que seja apenas uma replicação do que acontece tradicionalmente no modo Carreira de PowerWash Simulator, foi muito bacana terem recriado lugares famosos dos games e desenhos. Isso expande consideravelmente a diversão porque, convenhamos, limpar a casa do Bob Esponja ou a Mansão da Lara Croft é bem mais interessante que um parque de diversões qualquer ou uma fonte abandonada.

Um silêncio ensurdecedor

Deixei para falar por último do aspecto visual e sonoro, pois há um problema generalizado, que se estende da versão base e fica pior nos DLCs. Primeiro, falando do visual, que é a parte boa, é muito legal ver os detalhes de cada construção e veículo.

As fases com carros e motos são mais simples, pois eles ficam ali parados enquanto limpamos tudo rapidamente, mas dou destaque para alguns deles que são bem bacanas, como o carro antigo e o caminhão de bombeiros; já as construções têm um ótimo nível de detalhes, seja pelas cores vibrantes dos parques e brinquedos ou pelo número de itens nas casas.

Estendo os elogios aos DLCs, pois é ótima a sensação de explorar livremente locais dos quais antes só tínhamos uma visão mais limitada, tanto por questões dos gráficos da época quanto pela jogabilidade do título.

Só que o áudio… bem, ele não existe. Simples assim. Quem já usou uma lavadora de alta pressão sabe a barulheira que ela faz. Agora, some isso aos estágios longos e contínuos e à inexistência de qualquer música de fundo. Temos a sensação de que nossos ouvidos irão explodir a qualquer momento, principalmente para quem joga com fones.

Acima eu falei que me diverti por horas, e não menti. Mas deixei essa parte da análise para explicar como fiz isso sem entrar em desespero com o barulho da lavadora. Foi preciso colocar músicas e podcasts para tocar enquanto eu jogava, assim a experiência realmente vira um passatempo. 

Inclusive, tirar o volume total do jogo é algo 100% aceitável, pois tirando o ruído do aparelho, só temos os alertas sonoros de conclusão das partes limpas, que também têm um indicativo visual, então não são tão necessários assim.

E por que o problema piora nos DLCs? Poxa, quem não ia querer fazer a limpeza da Fenda do Biquíni ou dos locais de Midgar com os temas do Bob Esponja ou de Final Fantasy 7? Essa foi uma grande chance desperdiçada e que infelizmente vai voltar a se repetir caso mais algum conteúdo famoso seja lançado.

É um trabalho sujo, mas alguém tem que fazê-lo

PowerWash Simulator consegue sim ser interessante e até intrigante, com a proposta de limparmos diversos lugares, e é algo para ser jogado sem urgência de conclusão. Os visuais mostram um surpreendente capricho ao retratar lugares cheios de detalhes, mas a inexistência de um apoio musical para quebrar a irritação do som da lavadora e a repetitividade de objetivos afetam bruscamente a experiência proporcionada.

Prós

  • Contando com os DLCs, são mais de 50 fases bastante criativas e bem detalhadas;
  • Jogabilidade simples e sem rodeios;
  • Não exige urgência do jogador para completar os trabalhos;
  • O modo Jogo Livre oferece recursos ilimitados;
  • DLCs gratuitos;
  • O Pacote do Bob Esponja adiciona troféus e itens temáticos;
  • Não gasta água de verdade.

Contras

  • Altamente repetitivo, pois o objetivo é sempre o mesmo;
  • Algumas fases são extremamente longas;
  • Inexistência de uma trilha sonora de fundo para dissipar a irritação do som constante da lavadora;
  • Há imprecisão do mostrador de sujeira ao indicar quando limpamos tudo de uma das partes.
PowerWash Simulator — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Square Enix

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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