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Análise: Bleak Sword DX (PC/Switch) traz batalhas brutais em arenas no estilo diorama

Alto desafio é a regra no mundo sombrio deste título que acaba sendo punitivo demais pelos motivos errados.


Para sobreviver aos perigos de Bleak Sword DX, a violência é a única resposta. Neste título indie, enfrentamos inúmeros monstros e perigos em arenas compactas que lembram pequenos dioramas. A ação é brutal, exigindo atacar e escapar com precisão para não morrer e dar conta dos desafios. A aventura nos conquista com sua ambientação singular e dificuldade acentuada, mas problemas de balanceamento e de clareza visual tornam a experiência mais punitiva do que deveria.

Enfrentando criaturas em um reino nefasto

O caos no mundo começou quando o filho mais jovem do rei encontrou a Espada da Desolação. A lâmina tinha poder incomparável, mas era amaldiçoada, levando à loucura aqueles que a empunhavam. Com isso, o garoto matou o pai e o irmão, tornando-se o novo monarca. O homem se tornou imortal com os poderes da espada e seu reinado já se estende por mais de 200 anos. O terror impera: sombras e monstros surgiram, e os poucos sobreviventes vivem em desesperança.


Boatos diziam que a única maneira de acabar com a Espada da Desolação é utilizando três pedras mágicas. No entanto, ninguém sabia a localização de tais artefatos. Um dia, isso mudou quando um jovem guerreiro teve uma visão que lhe mostrou onde estão escondidas as três pedras. Com isso, ele parte em uma jornada para tentar encontrar os itens mágicos e dar um fim ao reino de terror e sombras.

Em cada um dos estágios de Bleak Sword, precisamos derrotar todos os monstros que aparecem. O herói conta com uma espada que pode ser usada em cortes rápidos em sequência ou em um poderoso ataque carregado. Investidas dos inimigos podem ser evitadas com o movimento de rolar ou interrompidas ao levantar o escudo momentos antes de o golpe acertar o personagem. Todas as ações consomem parte da barra de fôlego, então é importante agir com consciência para não ficar indefeso.


Ao vencer um combate, recebemos algumas recompensas. A experiência nos permite subir de nível e aumentar a força, a defesa ou a vida do herói. Também é possível encontrar equipamentos que alteram atributos por algumas fases ou itens de cura. Porém, é necessário cuidado: ao morrer, perdemos todos os itens e experiência. Podemos recuperá-los ao completar o estágio no qual fomos derrotados, mas ser abatido mais uma vez faz os espólios sumirem de vez.

Em combates angustiantes

Brutal é uma palavra que resume a experiência de Bleak Sword. Os estágios são bem tensos e difíceis, bastando poucos deslizes para ser derrotado. Confesso que no começo eu tive certa dificuldade, pois simplesmente golpeava os inimigos quando possível e esquivava ao ver algum ataque. Porém, com a introdução constante de novos inimigos e armadilhas, fui forçado a avançar com mais cuidado, e foi nesse momento que o jogo ficou ainda mais interessante.

Cada batalha funciona quase que como um puzzle, nos desafiando a pensar com cuidado a situação da arena: derroto primeiro esse zumbi lento enquanto evito aranhas assassinas ou será que é melhor acabar com aquele grupo de morcegos? Aos poucos, fui aprendendo como lidar com cada situação e fui capaz de fazer muitos movimentos impressionantes — aparar investidas inimigas e contra-atacar, virando completamente o rumo da batalha, é muito recompensador.


O herói não recebe novos movimentos durante a jornada, mas os novos monstros trazem um ar de novidade e perigo constante. Há lobos que nos perseguem implacavelmente, crânios que lançam esferas de energia de longe, vermes que se escondem na terra e atacam de surpresa, guerreiros imensos que desferem golpes que não podem ser aparados, e mais. Os confrontos contra os chefes são ainda mais tensos com monstros imensos com ataques poderosos e complexos.

Um ponto notável é a agilidade da ação: as arenas são diminutas e cada embate dura alguns poucos minutos. Você vai morrer bastante, mas a brevidade de cada fase ameniza a amargura da derrota. Com o avançar da campanha, aparecem estágios mais longos e até mesmo áreas em que enfrentamos monstros enquanto estamos cavalgando.



Sucumbindo à frustração

Bleak Sword é compacto, focando em algumas poucas mecânicas em seus estágios de dificuldade brutal. Porém, o jogo tem vários aspectos que me incomodaram consideravelmente no meu tempo por esse reino maldito.

Talvez o ponto mais irritante é a falta de clareza visual. Os cenários que simulam dioramas pixel art de baixa resolução são interessantes, mas é muito comum os inimigos se misturarem aos elementos dos cenários, pois tudo é preto e branco, tornando-os difíceis de ver. Por causa disso, inúmeras vezes não fui capaz de notar um golpe para aparar na hora certa ou fui derrotado por algo que não consegui ver. Os efeitos visuais, como movimento constante da câmera, brilho e desfoque de profundidade, atrapalham ainda mais — ainda bem que é possível desabilitá-los no menu.


Outra questão negativa é a dificuldade, que é desbalanceada. É muito comum aparecerem picos de dificuldade estranhos com estágios muito mais difíceis que os outros e, logo em seguida, aparece uma fase banal. Algumas dessas arenas foram tão complicadas e injustas que cogitei desistir, mas consegui avançar depois de muito custo e frustração. Para piorar, a mecânica de perder itens e experiência ao morrer só deixam as coisas mais punitivas, principalmente nas áreas mais avançadas de dificuldade acentuada.

Por fim, há uma sensação de repetição por causa da variedade limitada de movimentos e situações. Em suma, utilizamos os mesmos ataques o tempo todo e muitos dos inimigos se repetem no decorrer da campanha, bastando repetir as estratégias para derrotá-los. Os estágios a cavalo e arenas com armadilhas e diferentes formatos tentam amenizar isso, mas não são suficientes. Talvez a inclusão de armas alternativas ou equipamentos mais significativos fosse capaz de ajudar nesse aspecto.



Desbravando mundos miniatura desconcertantes e belos

Sem dúvidas, Bleak Sword chama a atenção com sua ambientação exótica. Cada fase é um pequeno diorama repleto de detalhes e o efeito de profundidade de campo reforça a sensação de estar explorando miniaturas. Os gráficos minimalistas em pixel art têm seu charme e o uso das cores preta, branco e vermelha cria localidades impactantes. Uma trilha sonora soturna e com foco na percussão e em tons graves complementa o tom opressivo da atmosfera.

Lançado inicialmente no serviço Apple Arcade, Bleak Sword chega a mais plataformas em uma versão arrojada. Além do visual melhorado, o jogo conta com conteúdo extra, como uma jornada mais longa, novas opções de dificuldade, modo arena, campanha aleatória e uma modalidade focada nos chefes. O resultado é um pacote bem completo e com muitas opções para aqueles dispostos a vencerem seus desafios.



Brutalmente interessante, apesar de suas falhas

Bleak Sword XD é uma tensa e incomum jornada de ação. O foco está em combates complicados por arenas compactas repletas de perigos e inimigos em que qualquer erro é fatal. Os embates são intensos e difíceis, sendo necessário precisão e observação para sobreviver, e a diversão está justamente em dominar todas as nuances para superar as adversidades.

É clara a intenção em oferecer uma campanha de dificuldade acentuada, mas algumas escolhas deixam as coisas frustrantes, como falta de clareza visual, desafio desbalanceado e variedade limitada de situações. Ao menos, há muito conteúdo para explorar e a ambientação impactante tem seu charme.

Aqueles que gostam de superar atribulações vão apreciar o mundo brutal de Bleak Sword XD, só basta estar preparado para enfrentar também suas arestas e frustrações.

Prós

  • Combates intensos e difíceis focados em poucas mecânicas de precisão;
  • Andamento ágil com embates de curta duração;
  • Boa quantidade de conteúdo espalhada por diferentes modos;
  • Ambientação notável com cenários no estilo diorama, visual impactante e trabalho de som soturno.

Contras

  • Campanha com dificuldade inconsistente;
  • Algumas mecânicas são desnecessariamente punitivas;
  • Elementos dos cenários obscurecem constantemente inimigos e perigos;
  • Muitos dos combates são parecidos demais.
Bleak Sword DX — PC/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Devolver Digital

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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