Araní: o que pode ter acontecido com o jogo brasileiro

Jogo indie brasileiro chamou a atenção quando anunciado, mas sumiu do radar.

Não é incomum na indústria de games um jogo promissor ser anunciado e depois desaparecer. Isso acontece tanto entre os jogos triplo-A como no cenário independente. Qualquer gamer pode puxar de cabeça uma lista de jogos que chamaram a sua atenção, mas que hoje em dia já não há mais notícias a respeito.


Como exemplo, podemos citar o caso de Agent, um projeto da Rockstar anunciado como exclusivo de PS3, mas que, até hoje, com o PS5 já no mercado, não foi lançado e muito menos cancelado oficialmente pela empresa. 

Temos também Beyond Good and Evil 2, título da Ubisoft prometido há mais de uma década e que até teve aparições nos anúncios dos anos recentes, mas que mais uma vez desapareceu. Metroid Prime 4 é outro jogo aguardado ansiosamente pelos fãs desde o anúncio, em 2019, e até se esperava alguma atualização sobre ele na Nintendo Direct dessa semana, o que não aconteceu.
Fãs aguardam novidades concretas sobre esses games.
Trazendo a situação para terras brasileiras, temos o game que é o foco deste texto: Araní. Anunciado em 2018 para Xbox One, PS4 e PC, o jogador assumiria o papel de Araní, indígena guerreira que dá nome à produção. 

A guerreira nativa faria parte da Tribo do Sol e seria levada em uma jornada de autoconhecimento e lutas para salvar seu povo de um antigo poder mitológico. Além do apelo visual, que, pelo trailer, aparentava ser excelente para a época, outro diferencial apontado pelos desenvolvedores era o combate hack & slash, ao estilo de franquias consagradas como Devil May Cry e God of War.


A atenção alcançada pelo projeto foi tanta que o estúdio Diorama Digital, responsável pelo game, arrecadou quase 1 milhão de reais da Ancine (Agência Nacional do Cinema) para desenvolver o jogo, sendo um dos poucos games brasileiros a conseguir recursos dessa forma.

O estúdio é conhecido pelos trabalhos de apoio em outros jogos, como Returnal (Multi), Just Cause 4 (Multi), Overwatch (Multi), Breach (PC), Override: Mech City Brawl (Multi), Dolmen (Multi), e Horizon Chase 2 (Multi), esses três últimos sendo outras produções brasileiras.
Alguns jogos com envolvimento do Diorama Digital | Foto: Facebook
Apesar de tudo isso, já não se tem mais novidade alguma a respeito do jogo há um bom tempo. Atualmente, o site do projeto está fora do ar; na página da Diorama no Facebook, a última aparição do jogo foi em um mosaico de 2020 mostrando os outros trabalhos com participação do estúdio; e a última publicação no Twitter de Araní é datada de junho de 2019. 

Em uma entrevista de junho de 2021, o cofundador e diretor de arte do estúdio, Everaldo Neto, afirmou que o silêncio a respeito de Araní se dava por causa das publishers que estão disputando o jogo. Além disso, que o tempo de silêncio entre 2019 e 2021 foi usado para pré-produção, pesquisa e estudo das mitologias, e que o jogo já teria iniciado a captura de movimentos.
Everaldo Neto, cofundador e diretor de arte do estúdio Diorama Digital | Foto: Twitter
Araní foi uma grande promessa da indústria nacional de games, surgindo em um momento em que as desenvolvedoras brasileiras começaram a chamar a atenção dentro e fora do país. Atualmente, não se sabe qual a situação do jogo, se ele será lançado para as plataformas da geração passada ou somente para as atuais.

Porém, assim como há casos de jogos que são anunciados e desaparecem por completo em seguida, há também aqueles que mesmo após um sumiço de anos, são de fato lançados, como Duke Nukem Forever (Multi) e The Last Guardian (PS4). E isso nos deixa a pergunta: em qual desses casos Araní vai se encaixar? Quem sabe tenhamos a resposta no BIG Festival deste ano, no qual a Diorama Digital já confirmou presença.

Revisão: Raquel Nascimento


Jornalista e aficcionado por jogos e quadrinhos. Aproveita a profissão para falar do que gosta. Atualmente, é redator aqui no GameBlast e colaborador no Mapingua Nerd.
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