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Análise: Tamayura Mirai (PC): conhecendo a magia do interior

Encarne um jovem feiticeiro que precisa manter a harmonia de uma cidadezinha japonesa.

Desenvolvida pela Azurite (Shinsou Noise), Tamayura Mirai é uma visual novel que foi premiada no Moe Game Award, um evento de premiação japonês focado em valorizar os títulos do gênero. O título foi uma das várias licenças que a Shiravune anunciou este ano, tendo sido lançado no PC em 11 de maio. Ambientada em uma cidadezinha japonesa do interior, a obra brinca com o conceito de magia e a convivência harmoniosa entre humanos e espíritos.

Feitiços em prol da harmonia

Na trama, acompanhamos um feiticeiro chamado Mutsuki Yohane. O rapaz vive na cidadezinha de Fukano, um lugar marcado pela sua natureza exuberante, e, com isso, uma íntima relação com o mundo místico dos espíritos. Cabe ao personagem, então, ser uma espécie de ponte entre humanos e as criaturas sobrenaturais que habitam a região, mediando vários conflitos para garantir que todos vivam de forma harmoniosa.

Durante a história, vemos como o rapaz lida com situações como conflitos entre espíritos ou até coisas mais simples, como ajudar uma garota a descobrir a causa de uma condição misteriosa que entortou sua boca. Porém, isso não significa que ele é o tipo de pessoa que faria realmente qualquer coisa que pedissem, tendo como prioridade sempre garantir que a sua ação mantenha a paz e a tranquilidade em Fukano.

No entanto, nem só de complicações sobrenaturais vive o jovem Mutsuki. Fukano é uma região geralmente tranquila, então a obra também possui um pouco do tom slice-of-life, mostrando como o personagem se relaciona com algumas belas garotas.

Quatro belas garotas

A primeira opção de romance em Tamayura Mirai é Yukina Kamikake, uma garota que retorna a Fukano junto com uma amiga para recuperar algo que elas perderam na infância. A personagem é uma tsundere, sendo inicialmente bastante hostil com o protagonista, utilizando argumentos que fazem bastante sentido. Curiosamente, embora tente agir como se fosse uma pessoa bem madura, ela é bem fraca quando o assunto é experiência amorosa e, se o assunto é algo mais picante, a língua dela dá um nó de pura vergonha.

Já Midari Suishouseki é uma súcubo cujo nome original é Miranda Lust. Curiosamente, ela é muito tímida e tem medo de se envolver com rapazes por saber que a sua natureza demanda extrair a essência de vida deles através de relações sexuais. Muito fofa e gentil, ela odeia a ideia de machucar os outros por conta de algo fora do seu controle. A personagem trabalha como assistente do protagonista, que a salvou no passado, e nutre um sentimento forte por ele, embora tente deixá-lo trancado a sete chaves.

Outra garota principal é Hanako Nekotengu, um espírito da água que cuida do banheiro feminino da escola em que Mutsuki estuda. A personagem é uma excelente informante, sempre estando por dentro do que acontece no mundo humano e no dos espíritos. Ela usa uma roupa de empregada e pode até parecer fofa em uma primeira olhada, mas não dá para baixar a guarda perto dela.

Por fim, Shiro Kohaku é uma espécie de irmã mais velha para o protagonista. Embora ela tenha a aparência de uma garota mais nova, ela odeia ser tratada como baixinha e quer demonstrar suas competências sempre que possível. A personagem conhece muitos detalhes sobre o mundo espiritual e sua relação com Mutsuki é um ponto importante da história, sendo a sua rota uma espécie de final verdadeiro.

Um mundo fofo e curioso

Em termos gerais, a trama consegue brincar muito bem com a perspectiva de um mundo no qual a magia e os espíritos coexistem com os humanos. É interessante ver os problemas com os quais o protagonista precisa lidar e como eles trazem um aprendizado para ele sobre a natureza de se relacionar com o outro, algo que também se torna um pouco importante das rotas individuais.

Há alguns pontos que mereciam mais desenvolvimento e clareza. Em particular, considero que a rota da Midari poderia ter ganhado mais detalhes, pois a personagem tem uma perspectiva tão humana de pecado, mesmo convivendo com outras súcubos, e sua rota acaba fazendo uma espécie de tease de um evento muito importante que não é mostrado no jogo, dando a sensação de contenção de gastos. Com isso, a estrutura fica um pouco artificial, mas ainda suficiente para dar uma conclusão adequada para as rotas.

Outro detalhe que pode ser um pouco negativo é a atuação de alguns personagens secundários. Os exageros teatrais são uma escolha de design interessante para representar algumas criaturas sobrenaturais, mas acabam dando a sensação de falsidade que pode enfraquecer momentos da trama para alguns jogadores.

Apesar disso, vale destacar que a obra tem personagens muito carismáticas graças a seus traços de personalidade e fofura, sendo bem agradável conhecê-las melhor ao longo do jogo. Além disso, a sua expressividade é ampliada imensamente pelas pequenas animações utilizadas durante os diálogos para refletir mais a fundo o estado de espírito delas.

Por fim, a obra possui um patch opcional para o conteúdo sexual disponível na Johren. Como usual das obras da Shiravune, o corte da versão do Steam é significativo, removendo, neste caso, duas rotas inteiras (a da Hanako e a da Shiro). Por conta disso, não vale a pena jogar sem ele, mas ainda são preservados detalhes suficientes da trama das outras partes para a experiência não ser tão incompleta quanto um Kuroinu Redux, por exemplo.

Uma viagem refrescante para um interior místico

Tamayura Mirai oferece uma boa experiência que combina slice-of-life com uma trama sobrenatural curiosa e envolvente. Embora alguns detalhes poderiam ser mais desenvolvidos, é uma fácil recomendação para quem se interessa por experiências relaxantes, mas que ainda assim oferecem uma lore que chama a atenção.

Prós

  • Ambientação curiosa que brinca com a perspectiva de um mundo de magia e espíritos;
  • Personagens fofas com personalidades carismáticas;
  • Pequenas animações ajudam a dar vida e expressividade aos personagens;

Contras

  • Alguns detalhes da trama mereciam mais desenvolvimento;
  • A atuação de alguns personagens secundários é um pouco artificial;
  • Edição do Steam sem patch corta as rotas da Hanako e da Shiro.

Tamayura Mirai — PC — Nota: 8.0

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Shiravune


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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