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Análise: Shinobi Non Grata (PC) é um indie com gameplay afiado como uma katana

Se você tem saudades de jogos de ninjas da década de 1990, prepare-se para uma grata experiência retrô.


Os ninjas foram extremamente populares na década de 1990, graças a filmes e desenhos animados que apresentavam essas figuras míticas conhecidas por suas habilidades místicas e marciais. Naquela época, jogos como Shinobi, Tartarugas Ninja e o clássico Ninja Gaiden eram as principais referências nos videogames, explorando a temática dos notórios guerreiros das sombras japoneses.


Shinobi Non Grata é uma experiência que resgata muito da atmosfera desses jogos icônicos da época, adicionando um toque arcade e oferecendo um desafio altamente satisfatório em termos de gameplay. Agora, vamos analisar por que este título merece, no mínimo, a sua atenção.

Uma contra todos

O ano é 1838, o nono da era Tenpō. Em um período de intensa turbulência no Japão, Genba Kisaragi, líder do clã Oboro Ittō, forma uma aliança com demônios com o objetivo de derrubar o xogunato. Sua campanha de dominação vem ganhando território, deixando apenas uma pessoa corajosa diante das forças do mal: Kaina, uma jovem descendente de uma linhagem de shinobi especializada em combater demônios. Assim começa uma batalha alucinante para libertar o país das garras do mal.

Shinobi Non Grata é um jogo de plataforma 2D de ação com visual retrô, no qual assumimos o papel de Kaina na luta contra a demoníaca aliança do clã Oboro Ittō e os demônios que desejam dominar o Japão. Armada com sua lendária espada Murasame, a shinobi conta também com um arsenal de armas e técnicas ninjas para auxiliá-la em sua missão.


O ataque principal de Kaina é sua fiel lâmina, capaz de aniquilar vários inimigos de uma vez em todas as oito direções, além de poder anular alguns ataques de projéteis. A jovem também pode realizar saltos duplos para alcançar áreas mais altas e realizar rolamentos que conferem um breve momento de invencibilidade para esquivar-se de ataques inimigos.

Ao derrotar inimigos com a espada, fragmentos de alma são deixados para trás e são usados por Kaina como munição para suas outras armas ninjas. Seu arsenal inclui seis armas únicas que a ajudam a atravessar cenários repletos de inimigos que podem surgir de todos os lados.


Os shurikens são lançados em arco, atingindo múltiplos inimigos a cada disparo. Embora sejam a arma mais fraca, possuem velocidade de lançamento rápida e são econômicos em termos de munição. Podem ser disparados em várias direções e em grande quantidade.

A kusarigama, uma foice com corrente, é uma arma versátil tanto para ataque quanto para defesa. Quando utilizada, Kaina gira a foice em um movimento circular, causando dano significativo a curta distância e podendo repelir ataques de projéteis inimigos. É excelente para lidar com múltiplos inimigos que se aproximam ao mesmo tempo.

O canhão de mão é a arma com maior poder de fogo em seu arsenal. Um único tiro pode aniquilar diversos inimigos à frente, porém consome uma quantidade considerável de munição. Ele possui um forte recuo a cada disparo e é recomendado apenas para situações extremas e quando se tem certeza de que o tiro acertará o alvo.

As bombas ninjas são armas poderosas de destruição. Ao serem lançadas, elas podem grudar em superfícies, incluindo inimigos, e explodem após alguns segundos. Elas causam grande dano, mas também oferecem uma janela de tempo para que o inimigo, especialmente um chefe, possa bloquear ou anular o ataque.


O trovão é uma poderosa técnica ninja que convoca um raio que persegue e causa dano ao longo do tempo a qualquer inimigo em seu caminho. É extremamente útil para lidar com vários inimigos simultaneamente, permitindo que Kaina continue lutando em conjunto com o feitiço ou se defendendo sem abrir mão do ataque. No entanto, usar exclusivamente essa técnica consome uma quantidade elevada de munição, o que pode deixar a protagonista sem recursos para as outras armas.

Por fim, a última técnica ninja de Kaina é uma explosão de luz que causa pouco dano, mas afeta tudo na tela. Essa técnica é especialmente útil quando há muitos projéteis no cenário, pois faz com que todos sejam literalmente apagados.

Ação nada ingrata

Com controles altamente responsivos e um gameplay ágil, Shinobi Non Grata oferece uma experiência de ação em plataforma de alta qualidade, no estilo arcade. O objetivo do jogador é atravessar estágios curtos, derrotando inimigos e evitando obstáculos, até chegar ao confronto com o chefe do capítulo. Ao fim do embate, são calculados bônus de pontuação baseados no tempo da fase, combo de ataques bem-sucedidos e vida restante.

A maioria dos chefes são grandes criaturas demoníacas, que colocam à prova nossas habilidades de combate em duelos intensos e cheios de adrenalina. Em alguns casos, é inevitável morrer para eles, já que nem sempre conseguimos aprender os padrões de movimento e ataques do inimigo na primeira tentativa.

Felizmente, Shinobi Non Grata possui um sistema de continues ilimitados, semelhante a ter fichas infinitas em um fliperama. Ao morrer em um chefe, somos levados de volta ao último checkpoint da fase e, como as fases não são longas, em questão de segundos já estamos enfrentando o chefe novamente.

Cada um dos cinco capítulos do jogo conta com quatro chefes, cada um proporcionando batalhas únicas que levam vários minutos para serem concluídas. Uma dica interessante é descobrir qual das armas ninjas do arsenal de Kaina pode oferecer uma vantagem adicional, geralmente causando um dano mais elevado.

Em alguns chefes, descobri que eles possuem uma fraqueza específica contra determinada arma e aproveitei essa vantagem para derrotá-los rapidamente. Outros chefes não têm fraquezas óbvias, então é preciso enfrentá-los com habilidade, fazendo o melhor uso das armas auxiliares e esquivando-se dos ataques enquanto atacamos com a leal Murasame.

A satisfação de derrotar um chefe que apresentou um desafio significativo é imensa e motiva a continuar jogando, explorando as próximas fases e enfrentando chefes cada vez mais desafiadores. O gameplay sólido, com controles responsivos e a visível evolução de nossa habilidade durante o jogo, é o aspecto que mais destaco da experiência de Shinobi Non Grata.

Dos jogos mencionados no início do texto, o que mais se assemelha à proposta aqui é Ninja Gaiden. Se você é fã das antigas aventuras de Ryu Hayabusa, não perca tempo e experimente Shinobi Non Grata. A satisfação em termos de jogabilidade é garantida e ainda há o bônus de uma direção de arte que remete àquela época, propositalmente rústica e “feia”, proporcionando um charme único à experiência em sua totalidade.

Se fosse um Arcade, eu estaria falido

Shinobi Non Grata traz ação e jogabilidade a níveis muito satisfatórios, com desafios emocionantes, controles responsivos e uma atmosfera nostálgica que é um ponto a mais para atrair fãs de experiências com estética retrô. Ninjas nunca saem de moda.

Prós

  • A arte e os sons do jogo favorecem a atmosfera retrô, proporcionando uma experiência imersiva;
  • O gameplay é ágil e os controles são muito responsivos;
  • Alto grau de desafio, especialmente nos confrontos com os chefes.

Contras

  • Relativamente curto, se você não sofrer muitas mortes nos chefes;
  • Baixo fator replay.
Shinobi Non Grata — PC — Nota: 8.0
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela Flyhigh Works

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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