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Análise: Protodroid DeLTA (Multi) é uma referência que não esconde sua personalidade

Encare hordas de robôs e plataformas traiçoeiras para trazer a paz de volta a uma terra futurística.

Muitos jogos já apareceram inspirados em Mega Man na sua fase 2D, mas Protodroid DeLTA vai além e mescla um pouco de cada parte do bombardeiro azul, indo da série X até Legends. Essa amálgama cai muito bem em um título que entrega uma mistura de ação e plataforma de forma competente.

Mega Woman

Construída pela Dra. Shelton, DeLTA é uma protodroide que seria usada de exemplo para mostrar o quanto a tecnologia e a inteligência artificial poderiam beneficiar um mundo em reconstrução. O plano de paz é interrompido após invadirem o laboratório da doutora e isso obrigá-la a ativar o protocolo de combate de DeLTA.

Agora DeLTA se tornou um instrumento de defesa para lidar com as constantes ameaças robóticas que começaram a surgir. Para isso, DeLTA conta com um canhão e uma lâmina de energia. Sim, isso claramente é uma referência ao X-Buster e ao Z-Saber de Mega Man e Zero, respectivamente, mas as menções não param por aí. 

A ação se desenrola em ambientes 3D futuristas, repletos de inimigos, plataformas e armadilhas. Ao todo são quatro áreas, divididas em cinco partes: três seções de plataforma, um subchefe e um chefe final.

DeLTA possui disparos normais e um carregado, que, além de ser mais poderoso, ajuda a quebrar escudos. A jogabilidade é o padrão de um título do gênero, mas aqui temos uma leve falha na hora de usar o canhão. 

Como temos que apertar repetidamente para atirar sem parar, várias vezes os comandos assimilam disparos carregados, e isso nos faz desperdiçar esses projéteis mais fortes, o que consequentemente drena nossa barra de munição à toa.

Fora esse detalhe com o armamento, os saltos e ataques com a espada respondem prontamente, o que é vital para jogos que unem ação e plataforma, sem contar que ainda podemos adquirir novas habilidades ao derrotar os chefes e ao pegar rotas alternativas que nos levam a hubs de atualização. Já sacaram com o que isso se parece, né?

E aí entra outro leve defeito do jogo: as habilidades não ganham destaque. Com exceção do dash aéreo, uma vez que você aprende a lidar com os padrões de inimigos e movimentos das plataformas, nem o pulo duplo é muito necessário. As novas armas dadas pelos chefes também não têm oportunidade de brilhar, já que se trata apenas de projéteis levemente modificados e que não te dão aquela motivação para largar o canhão normal.

Nem mesmo as batalhas contra os chefes dão brecha para utilizarmos os novos armamentos. Tudo pode ser resolvido apenas com o canhão básico. Por mais que eles tenham padrões de ataque bem parecidos, seria interessante explorar algum tipo de fraqueza em momentos oportunos.

Por fim, agora mais uma oportunidade desperdiçada do que defeito, Protodroid DeLTA não aproveita seus colecionáveis. Cada rota possui um total de 10 cubos púrpuras colecionáveis, que desbloqueiam uma nova armadura, todas elas inspiradas em designs de — pasmem — Mega Man.

Podemos vestir trajes baseados em Mega Man X, Zero, Axl, Vile, Sigma e a Ultimate Armor. Uma pena que tudo isso seja apenas cosmético, não alterando nenhuma propriedade da protagonista. Ainda assim, não deixa de ser uma maneira única de homenagear o clássico.

O desafio dentro do desafio

No que diz respeito ao level design, Protodroid DeLTA transita constantemente entre ideias muito boas e elementos genéricos, a começar pela ambientação.

As cinco áreas carregam o mesmo aspecto futurista, mudando a paleta de cores e o padrão de plataformas. Ou seja, há elementos que são característicos de cada uma e essa é uma ótima sacada, pois, assim que o jogador vir aquela determinada tonalidade no local, já estará ciente das armadilhas que pode esperar, mas elas sempre terão algo para dificultar a vida de DeLTA, e isso é ótimo.

Se já não bastassem as rotas em si, cada uma delas conta com portais que te transportam para um lugar alternativo. Essas rotas extras guardam no final um item que aumentará a barra de vida ou a de munição, mas alcançá-los não será fácil, pois esses trajetos misturam tudo o que o jogador já viu, com diferentes velocidades.

Entretanto, não se pode dizer o mesmo dos inimigos. Os diversos robôs que aparecem para atazanar nossa vida são sempre os mesmos, não acompanhando a variação de cada fase. Há apenas um ou outro que pertence a uma área específica, mas essa variedade poderial ser maior, sem sombra de dúvidas. Ter o mesmo tipo de ameaça toda hora torna o desafio de combate previsível.

Já na parte sonora, o game faz um excelente trabalho tanto nas músicas quanto nas cutscenes, que possuem dublagem dos diálogos em inglês. Por mais que a história em si não seja tão cativante, ter vozes ajuda a dar mais personalidade para cada personagem envolvido na trama.

As trilhas de cada uma das fases funcionam muito bem com o ritmo do jogo, seja na hora em que a tela está cheia de inimigos, seja durante uma sequência longa de saltos e armadilhas. Não será difícil se empolgar ao ouvi-las — garanto a vocês por experiência própria.

Ao mestre com carinho

Protodroid DeLTA não esconde o fato de ter se baseado totalmente em Mega Man, mas isso não quer dizer que ele seja preguiçoso. As boas sequências de desafios oferecidas o tornam ideal para quem estava com saudades do gênero.

Prós

  • O level design de cada área é projetado para testar as habilidades do jogador;
  • Trilha sonora combina perfeitamente com as fases;
  • Dublagem das cenas ajuda a melhorar o apelo da narrativa;
  • Armaduras inspiradas nos personagens da franquia Mega Man.

Contras

  • As habilidades não têm momentos que priorizem a sua utilização;
  • As batalhas contra os chefes têm padrões bem parecidos;
  • Atirar consecutivamente faz com que o jogo entenda diversas vezes que estamos utilizando o disparo carregado;
  • Poderia ter explorado melhor a troca de armaduras, para além do aspecto visual;
  • Baixa variedade de robôs inimigos.
Protodroid DeLTA — PC/PS4/Switch/XBO — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela Humble Bundle

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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