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Análise: Laserpitium (Multi) é apenas um shoot 'em up de nave funcional — E olhe lá

Estilo de arte genérico e jogabilidade básica pontuada por escolhas ruins tornam o game bastante capenga.


Quem não gosta de um bom shoot 'em up? Na vanguarda dos videogames, esses jogos colocam o jogador para controlar naves, carros, super-heróis, entre outras opções, e atirar contra toda sorte de inimigos. Laserpitium é mais um título com essa proposta, mas pouco faz para contribuir ao gênero. Infelizmente, como vamos conferir, ele traz más ideias para a fórmula e torna a sua experiência pouco recomendável.

Um começo pouco agradável

Lançado em 31 de maio de 2023 para todos os consoles da geração atual e anterior, Laserpitium começa falando sobre a sua história: no futuro, um programa de computador é criado e instalado em um planeta distante para gerenciar o bem-estar da população. Ele acaba se rebelando contra seus criadores, cabendo ao jogador embarcar em uma nave para derrotar o “vilão” e salvar o universo.
Ter uma história contada dessa forma é decepcionante
Embora bastante clichê, o problema reside na forma com que o “enredo” é apresentado: por um texto estático e uma cutscene extremamente simplista (esse termo vai se repetir bastante nesta análise) e pouco ilustrativa. Admito que isso não é algo incomum, pois existem muitos jogos bons com histórias ruins por aí. Ainda que isso seja verdade, neste caso esse é apenas um dos vários problemas do game.
Particularmente, achei as naves feias
Outro sério defeito é o estilo geral do jogo, que, além de simplista, tem alguns elementos que são simplesmente feios. As naves, na minha opinião, são o maior exemplo, com designs estranhos e pouco atrativos. Em geral, os inimigos têm aparências melhores, mas ainda assim quase sempre genéricas, tal como os cenários das fases. Temáticas como fábrica, floresta, espaço profundo ou Egito (sim, isso mesmo) têm pouco ou nenhum carisma.
Muitas luzes e efeitos, mas pouco conteúdo
Ao menos a variedade entre as fases — são 10 diferentes no total — e as transições de ambiente dentro de cada uma são aceitáveis. Eu entendo que jogos indie não contam com recursos suntuosos para produções incríveis, mas Laserpitium, mais do que qualquer coisa, tem problemas de falta de criatividade e, em até certo ponto, de bom gosto.

Problemas pra que te quero

Infelizmente, a jogabilidade é mais um problema sério. Embora nada esteja “quebrado” no game, algumas escolhas são, no mínimo, polêmicas. Por exemplo: apesar da nave do jogador ter uma barra de energia dividida em três partes, ser atingido por um míssil, tocar diretamente em um inimigo ou ir em certas partes do cenário causa morte instantânea. Ou seja, uma vida valiosa é perdida nessas situações sem quaisquer alternativas.
É fácil ser atingido de forma pouco intuitiva
Muitas fases trazem naves que se aproximam agressiva ou sorrateiramente, ou cenários que se movimentam ou se transformam rapidamente, elementos que resultam em muitos momentos frustrantes. Além disso, alguns raios dos inimigos tem um efeito luminoso que dificulta a identificação dos seus pontos de contato. Como os comandos se resumem a atirar e se movimentar pela tela (sem escudos, esquivas, etc.), não há opções para reagir adequadamente nessas situações.
Laserpitium oferece cinco níveis de dificuldade diferentes para o jogador escolher, mas confesso que o modo normal já é punitivo o suficiente. Durante as fases, é possível coletar orbes vermelhos que aumentam (de forma discreta) o poder dos tiros, assim como orbes verdes para recuperar a barra de energia. Já as vidas podem ser obtidas ao completar níveis e acumular pontos atirando e/ou coletando itens. Aliás, essas opções, customizáveis no menu principal, são um dos poucos pontos positivos do game.

Trazendo algum alento

O leitor pode estar pensando “Existe mais alguma coisa boa nesse jogo?”. Sim, felizmente, há mais alguns pontos positivos aqui e ali. Para começar, o game é plenamente funcional, rodando suavemente sem nenhum bug ou problema técnico. Confesso que não esperava ver telas de carregamento — é um simples shoot ’em up de nave —, mas ao menos isso não atrapalha demais as partidas.
Os visuais não são tão incríveis para exigir loadings demorados
Enquanto os efeitos sonoros são apenas ok, a trilha é interessante e traz mais dinamismo aos tiroteios. Aliás, Laserpitium é bastante dinâmico no geral e, nas poucas vezes em que tudo funciona bem, oferece desafios com nível de dificuldade apurado. Outro ponto legal é a opção para dois jogadores de forma local. As já comentadas naves estão disponíveis em três formatos, cada uma delas com um tipo único de projétil para atirar.
Ou seja, nada de mudar o tipo de disparo durante as partidas, ou mesmo obter armas ou ataques especiais. Também não temos nenhuma espécie de desbloqueável interessante para incentivar uma fidelidade ao jogo, salvo a possibilidade de obter troféus ou conquistas, que são razoavelmente acessíveis. A questão é ter paciência para encarar o game pelo tempo necessário para isso.

Uma experiência pouco agradável

Mesmo se o maior problema fosse somente a proposta simplista ao extremo, Laserpitium ainda seria uma pedida difícil para quem não é fã ardoroso de shoot ‘em ups de nave. Infelizmente, ele foi além: a apresentação precária, seja na história pífia ou no estilo gráfico genérico, e a jogabilidade ruim, com más ideias por todos os lados, tornam o game ainda pior. Ele é funcional e até tem algumas mínimas qualidades que quiçá, talvez, quem sabe satisfaçam amantes do gênero; para os demais, eu sugiro pesquisar outras opções nas lojas.

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Prós

  • Jogo de nave minimamente funcional e com modo para dois jogadores locais;
  • Boa variedade de fases e inimigos, com batalhas contra chefes eventualmente interessantes;
  • A trilha sonora é agradável.

Contras

  • Estilo geral do game é excessivamente simplista e genérico;
  • Desempenho técnico mediano mesmo com uma produção modestíssima;
  • Jogabilidade não empolga e muitas vezes pune o jogador de forma injusta;
  • Fator replay é praticamente zero.
Laserpitium — PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 4.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Raquel Nascimento   
Análise redigida com cópia digital cedida pela Eastasiasoft

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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